O pedetista Ciro Gomes viveu uma semana decisiva para suas pretensões nesta eleição. Tido como um dos candidatos mais forte e aparentemente imbatível no segundo turno, Ciro viu suas expectativas de chegar na disputa final reduzidas no levantamento do Ibope*, que aferiu 11% dos votos para ele. Mas a pesquisa Datafolha**, desta quinta-feira (20), mostra que o ex-governador do Ceará manteve os 13% de intenção de votos, o que o mantém no páreo.
As pesquisas são um retrato do momento atual. Jair Bolsonaro (PSL) parece garantido no segundo turno. E, nos dois cenários, Ciro está perdendo o duelo particular contra Fernando Haddad (PT) para ver quem fica com a outra vaga.
Até semana passada, Ciro vinha segurando Haddad. Cinco dias atrás, os dois estavam empatados, com 13% das intenções de votos cada, no levantamento do Datafolha***. Nesse caso, a pesquisa mostrava o candidato do PDT estabilizado e Haddad em ascensão.
Esse cenário foi confirmado pelo Ibope divulgado na terça-feira (18): Ciro apareceu com 11% e Haddad subiu para 19%. No limite da margem de erro, de dois pontos, Ciro pode estar com 13% e Haddad com 17%. Ou, em outro limite, Ciro com 9% e Haddad com 21%. Qualquer cenário não é bom para o ex-governador do Ceará.
Já os dados do Datafolha dão uma sobrevida ao pedetista. Nas últimas três pesquisas desse instituto ele manteve seus 13%. O adversário Haddad cresceu sete pontos, e saiu dos 9% para 16%. Como a margem de erro é de dois pontos, num desses cenários Ciro empata e até pode ultrapassar o petista, se considerarmos Ciro com 15% (seu teto máximo) e Haddad com 14% (seu mínimo).
Essa pesquisa deu ânimo aos apoiadores de Ciro, que continua como o único candidato que vence todos os demais no segundo turno. Essa será a aposta de sua campanha. Vai pedir voto útil e propagandear ser o que vence Bolsonaro com maior folga.
De olho no dia da eleição
Restam 18 dias até a eleição. E, na velocidade que os fatos têm se dado nesta primeira quinzena de setembro, há tempo para tudo. Até para uma reação de Ciro a essa altura. As pesquisas acabam sendo termômetros que atingem as campanhas. Se os números são ruins, desmobilizam seguidores e baixam o moral da tropa. Se bons, motivam.
Ciro Gomes tem vivido altos e baixos nessa peleja. Quase teve a seu lado a coligação latifundiária que hoje está com Geraldo Alckmin (PSDB). O Centrão iria apoiá-lo, mas mudou de ideia. Foi um balde de água fria no lançamento de sua candidatura, porque o "não" de PP, PR e companhia ao pedetista se deu na véspera da convenção do partido. O desânimo dos correligionários levou o presidente da legenda, Carlos Luppi, a discursar que estava faltando "Brizola na veia" de seu pessoal.
Dias atrás, porém, a candidatura de Ciro ensaiou uma reação. O temperamento forte aparentemente sob controle e sua boa atuação em entrevistas e debates o trouxeram de volta ao centro da disputa. As pesquisas o apontavam como o único imbatível no segundo turno.
Mas aí deu-se o crescimento de Haddad, ungido como o candidato de Lula. E Ciro deu um pequeno escorregão ao ofender um jornalista ligado a Romero Jucá em Roraima, mas não foi essa a razão do pessimismo que abateu seu grupo.
O pedetista passou parte dessa semana a responder sobre o desempenho do petista: se vai apoiá-lo no segundo turno, entre outros questionamentos. Ciro disse ainda ser cedo, chamou Haddad de inexperiente e arrogante e condenou a dependência do oponente em relação a Lula. Mas isso foi antes dos dados do Datafolha, que devolveu otimismo ao velho partido de Brizola.
*Pesquisa realizada pelo Ibope de 16 a 19 de setembro, com 2.506 entrevistados. Contratada por: Rede Globo e O Estado de São Paulo. Registro no TSE: BR-09678/2018. Margem de erro: 2 pontos percentuais. Confiança: 95%.
** Pesquisa realizada pelo Datafolha de 18 a 19 de setembro, com 8.596 entrevistados. Contratada por: Rede Globo e Folha de S.Paulo. Registro no TSE: BR-06919/2018. Margem de erro: 2 pontos percentuais. Confiança: 95%.
*** Pesquisa realizada pelo Datafolha de 13 a 14 de setembro com 2.820 entrevistados. Contratada por: Rede Globo e Folha de S.Paulo. Registro no TSE: BR-05596/2018. Margem de erro: 2 pontos percentuais. Confiança: 95%.