O ex-ministro Ciro Gomes lançou nesta quinta-feira (8), no Dia Internacional da Mulher, sua pré-candidatura à Presidência da República pelo PDT. A escolha da data foi uma espécie de desagravo às mulheres brasileiras para reparar uma declaração infeliz de Ciro em 2002 sobre a sua então mulher, a atriz Patrícia Pillar.
À época candidato a presidente, ele disse que a importância dela na campanha era o fato de dormir com ele. Esse foi considerado um dos motivos para a derrocada das suas intenções de votos na campanha daquele ano. O comentário marcou sua trajetória política, a ponto do pré-candidato dizer agora que tomará mais cuidado com as palavras na campanha de 2018. “Talvez possa ter sido o maior erro que cometi na vida”, reconheceu.
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Em discurso, o presidente do PDT, Carlos Lupi, saiu em defesa do pré-candidato. “O Ciro é um homem profundamente elegante”, declarou. Acompanhado de familiares e de seu irmão, o ex-governador Cid Gomes, no evento em Brasília, Ciro disse que aceita a tarefa de representar o PDT na disputa presidencial e que quer ser candidato de “todos os brasileiros que tenham preocupação com o destino da pátria”.
Após reunião da Executiva Nacional do PDT, Ciro participou de um evento com mulheres do partido. Em seu discurso, disse que foi educado para “respeitar as mulheres”, que seus governos empoderaram as mulheres “quando não era moda”, mas que a sociedade precisa aprender a não fazer piadas de cunho machista. O ex-ministro disse que, se eleito, trabalhará para enfrentar as desigualdades, incluindo a de gênero.
“Pago preço por ter apoiado Lula por 16 anos”
Ciro Gomes relacionou seu futuro eleitoral à candidatura de Lula e disse que vê “crescer nas costas uma responsabilidade muito grande” depois de ter ajudado o ex-presidente petista “por 16 anos”. “Eu ajudo o Lula há 16 anos, pago um certo preço, uma certa agressividade facistoide que está na internet fala assim: ‘ajudou a roubar, ajudou a não sei o quê e tal.’ Eu não respondo.”
Segundo Ciro, a situação eleitoral no Brasil se divide em cinco projetos políticos: o seu e o de Lula, no campo da centro-esquerda, o de Marina Silva (Rede), isolada, e os de Jair Bolsonaro (PSL) e de Geraldo Alckmin (PSDB) à direita. Nessa lógica, a candidatura de Lula estaria “tamponando sua evolução”. “Bolsonaro [está] tamponando a evolução do candidato real dessa direita ‘civilizada’ do Brasil, que é o Alckmin. Problema deles.”
“Mas eu vejo no momento essas cinco candidaturas. O Bolsonaro tamponando o Alckmin, o Lula tamponando a minha evolução e, na medida em que um ou outro não esteja no processo, eu e o Alckmin dividiremos a disputa no segundo turno.”
Ele negou que tenha feito críticas ao ex-presidente – como o próprio Lula disse em entrevista à Folha de S.Paulo – e afirmou que fez “talvez alguma avaliação ao PT que possa ser chamada de crítica” ao dizer que o partido não apoia ninguém e prefere lançar candidatura no campo nacional.
Suas prioridades na campanha, diz, serão formas de superar a miséria e a apresentação de um desenho de reformas fiscal, previdenciária e tributária. Segundo ele, haverá um plano de reindustrialização, além de um programa para a educação – vitrine de sua gestão no Ceará.
Ciro Gomes tem 60 anos, foi prefeito de Fortaleza, governou o Ceará e foi ministro do governo Lula. Carlos Lupi disse que a candidatura de Ciro é irreversível. “Estive com o presidente Lula segunda-feira (5)”, disse Lupi. “É meu amigo pessoal, acho que foi nesse processo profundamente injustiçado, me machuca vê-lo sofrendo, mas acho que construíram uma situação que é irreversível.”
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