| Foto: Débora Álvares/Gazeta do Povo

“Joaquim Barbosa, o ministro?”. Essa era a pergunta de comerciantes e de quem passava pela rua de Brasília em que fica a sede nacional do PSB. O movimento “normal” foi substituído por um burburinho, bandeiras amarelas e vermelhas, militantes e apoiadores, nesta quinta-feira (19).

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Perto das 14 horas, enquanto o caminhão vendendo abacaxis passava pela rua anunciando ofertas – “e aceita cartão!” –, alguns caciques do PSB já estavam reunidos com o presidente da legenda Carlos Siqueira, no segundo andar do prédio na esquina da 304 Norte. Entre eles os governadores Márcio França (SP), Rodrigo Rollemberg (DF), Paulo Câmara (PE) e Ricardo Coutinho (PB).

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A reunião foi convocada ao longo da semana para discutir as eleições deste ano. Mas, especialmente, para “apresentar” o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa a dirigentes do partido. Boa parte não sabe muito dele além da atuação como advogado e magistrado.

Barbosa é cotado para representar o PSB na disputa à Presidência da República. Mas nem ele, nem a própria legenda, admitem que a candidatura sairá, de fato, do campo das ideias. “É cedo”, repete Siqueira.

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O ex-ministro chegou pouco depois das 14h30. Foi aplaudido por integrantes do movimento negro do PSB. Mas não parou para falar com eles. Trocou apenas uma frase completa com a imprensa. Mas já deu a dica: não falará muito.

Pesquisas de intenção de voto divulgadas nessa semana deram um ânimo novo aos correligionários e apoiadores que só conhecem o Joaquim Barbosa ministro, advogado, polêmico, relator do mensalão. Ele aparece com 9% a 10% das intenções de voto no último Datafolha, divulgado no domingo (15). “Olha... para quem não frequenta ambientes públicos, órgãos públicos, quem não dá entrevista, quem leva uma vida pacata, está muito bom né”, afirmou ele ao chegar.

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Na última pesquisa antes de morrer, em agosto de 2014 – esta realizada pelo instituto Sensus – o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos aparecia com 9,2% das intenções de voto. Esses números são vistos no partido como uma vantagem do ex-ministro. “Todos o conhecem. Já é uma dificuldade a menos para uma campanha”, é a avaliação geral.

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Nem tudo são flores

Mas outros fatores precisam ser enfrentados e podem dar tanto trabalho quanto. A interação interna no partido é uma delas. A capacidade de articulação política, outra. Há quem chegue a mencionar a ex-presidente Dilma Rousseff, que sofreu um processo de impeachment em 2016, após ver sua base aliada e apoios políticos derreterem.

Entre dirigentes, há quem defenda que o PSB não lance um nome cabeça de chapa, mas se alie a alguma outra candidatura. O governador de São Paulo, Márcio França, é um deles e vem trabalhando por uma aliança com o PSDB, que deve lançar Geraldo Alckmin. “No meu ponto de vista, a opção do Alckmin é a opção mais madura que existe para o Brasil”, disse.

Ao fim do encontro, cercado pela imprensa, Barbosa deu uma entrevista de menos de três minutos. Disse ter “dificuldades pessoais” para confirmar a sua candidatura. Questionado, disse que a família “não apoia”. Negou que já tenha tomado qualquer decisão, mas soltou um “ainda não sou candidato”.

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No fim das contas, a decisão deve ser tomada só lá para o fim de julho. Termina em 15 de agosto o prazo da Justiça Eleitoral para registro de candidaturas. Até lá, o PSB vai atuar em diversas frentes. Além da interna, a externa. Os 10% são um bom indicativo, mas a legenda acredita que a imagem de Barbosa pode trazer ainda mais votos. E alianças partidárias. Conversas. A política em sua plenitude. Ainda uma aversão do ex-ministro.

Metodologia da última pesquisa Datafolha

A pesquisa Datafolha, que foi feita entre os dias 11 e 13 de abril teve como base 4.194 entrevistas em 227 municípios. A margem de erro é de 2 pontos porcentuais para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada no TSE sob número BR-08510/2018.