Com a dificuldade de Ciro Gomes de se viabilizar como uma “terceira via” na disputa presidencial, dirigentes e parlamentares do PDT começaram a avaliar requisitos para um eventual apoio do partido em um segundo turno à candidatura de Fernando Haddad, do PT.
A sigla ainda acredita em um crescimento do presidenciável pedetista na reta final da campanha eleitoral, mas integrantes do partido reconhecem, em caráter reservado, dificuldades dele conseguir ultrapassar em apenas dez dias o substituto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A avaliação da cúpula da legenda é de que a união dos dois partidos de esquerda é natural no segundo turno, mas que é necessário, pelo menos em um primeiro momento, adotar uma postura que imunize a legenda de críticas.
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A ideia defendida é de que o PDT faça um anúncio de um apoio sem a imposição de condicionantes, como, por exemplo, a ocupação de cargos ministeriais em um eventual governo. A estratégia é tentar blindar a sigla de acusações de que ela atua por interesses fisiológicos.
O mesmo expediente foi adotado por Marina Silva em 2014, quando ela anunciou apoio a Aécio Neves, do PSDB, e disse que não estava fazendo “acordo ou aliança para governar”. No passado, Ciro já chamou o MDB de “monstro fisiológico”.
Apesar de não querer impor condições, integrantes da legenda esperam que os petistas façam acenos concretos em busca de um apoio, como por exemplo, a incorporação de promessas feitas pelo candidato do PDT, como o “SPCCiro”, programa de renegociação da dívida de cidadãos inadimplentes.
Eles também defendem, mas consideram improvável de que seja feito, um pedido público de desculpas dos petistas por terem atuado para isolar Ciro na disputa eleitoral. Sob orientação de Lula, o PT fechou acordos regionais com o PSB, evitando que ele anunciasse apoio ao PDT.
Resistência
Apesar da disposição do partido em apoiar Haddad, um acordo ainda enfrenta resistências entre alguns integrantes da sigla. Em conversas reservadas, a candidata a vice-presidente de Ciro, senadora Kátia Abreu (TO), tem dito que, em um segundo turno entre Haddad e Bolsonaro, pretende ficar neutra.
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O próprio Ciro disse, na semana passada, que “nem a pau” avalia apoiar a candidatura do petista em um eventual segundo turno, o que causou preocupação entre alguns aliados do ex-prefeito de São Paulo, que passaram a considerar maneiras de quebrar uma resistência.
Uma hipótese que tem sido avaliada, por exemplo, é de que Ciro ocupe um posto de conselheiro na campanha petista e que, caso Haddad seja eleito, receba um convite para assumir um cargo ministerial na futura gestão.
Apesar dos dois partidos estarem em conversas, com o objetivo de não fechar portas, o PT ainda não considera ser o momento de discutir um acordo com Ciro. O receio é de que uma abordagem prematura pode ser interpretada como um desrespeito à candidatura do pedetista.
A ideia é esperar o resultado de pesquisa Datafolha, que será divulgada nesta sexta-feira (28). Caso Ciro não apresente sinais de crescimento, os petistas avaliam procurar o entorno do candidato para tratar de um acordo para o segundo turno.