A formação de alianças nas eleições fazem parte de uma complexa matemática, longe de considerar afinidades. O que vale são números. Com 27 estados, a conta precisa relevar não apenas o impacto nacional, mas composições estaduais. Sempre significativas, por vezes são determinantes.
O caso mais representativo dessa eleição é o acordo selado entre o PT e o PSB, num conjunto de decisões que atingiram Pernambuco, Minas Gerais e a disputa nacional.
De dentro da cadeia, o ex-presidente Lula liderou uma negociação silenciosa. Conseguiu que o PSB se mantivesse neutro no cenário nacional. Mas, para isso, aceitou retirar a candidatura de Marília Arraes (PT) ao governo de Pernambuco. Em contrapartida, o PSB desistiu de Márcio Lacerda em Minas.
Com essa costura, que deixou muitos insatisfeitos pelo caminho, o PT evitou que o PSB se coligasse a Ciro Gomes (PDT) e, assim, enfraquecesse seu projeto presidencial.
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Em outra frente, São Paulo, o maior colégio eleitoral brasileiro, também teve papel importante no resultado nacional. Mas dessa vez, o foco é o PSDB.
A formalização de Rodrigo Garcia (DEM) como vice na chapa do tucano João Doria ao governo paulista foi colocada como uma das exigências do Democratas para seguir com Geraldo Alckmin na disputa presidencial. No fim, o DEM – junto com o PP, PRB, SD e PR – fortaleceu Alckmin e o deixou, disparado, com os maiores tempo de televisão e fundo eleitoral entre os concorrentes.
No caso de Jair Bolsonaro (PSL), acordos regionais o impediram de fechar chapa com o PRP, do general Augusto Heleno, que chegou a ser anunciado como vice do capitão da reserva. A direção nacional do PRP, que não havia sido consultada com antecedência, vetou o acerto assim que ficou sabendo dele. O PRP na Bahia, por exemplo, apoia o PT. E, no Rio de Janeiro, a legenda é comandada pelo ex-governador Anthony Garotinho.
O deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidenciável que vai disputar o Senado pelo Rio, também dificultou uma aliança nacional com o PR. Ele não queria se aliar com esse partido para não ter de dividir tempo e recursos. Nesse caso, no entanto, o que mais pesou para impedir uma chapa PSL-PR foi a desistência do senador Magno Malta (PR-ES) de ser vice de Bolsonaro.
No fim das contas, o tamanho do estado, sua relevância nacional e regional e as possibilidades de vitória influenciam, nas duas mãos, tanto nos acordos locais quanto nos nacionais. Contam, porém, acima de todas as coisas, os interesses de quem dá a palavra final para as coligações.
Excentricidades
Apesar de alguns estados serem mais relevantes para as estratégias partidárias, as peculiaridades regionais tendem a prevalecer, mesmo que, a partir de um olhar nacional pareçam excêntricas.
Ceará – O presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB), vai tentar a reeleição na chapa de Camilo Santana (PT), ao lado do irmão de Ciro Gomes, Cid (PDT).
Alagoas – O PT formalizou no fim de julho apoio à reeleição de Renan Filho ao governo do estado, e de Renan Calheiros ao Senado.
Amazonas – PT e PSB seguem juntos e devem incorporar nos próximos dias o PCdoB, com apoio à reeleição da senadora Vanessa Grazziotin.
Pará – Paulo Rocha tentará o governo pelo PT apoiado pelo PCdoB. Contudo, o PSB e o PDT seguirão com o candidato do DEM, Márcio Miranda.
Santa Catarina – MDB e PSDB, que têm chapas nacionais adversárias, se coligaram para lançar o emedebista Mauro Mariani ao governo e o tucano Napoleão Bernardes como vice. O PR também está na aliança.
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