Entrevista de Fernando Haddad ao Jornal Nacional aconteceu três semanas depois das sabatinas com os demais presidenciáveis.| Foto: LULA MARQUES/AGPT

Desde que Marina Silva foi entrevistada pelo JN, no dia 30 de agosto, nesta sexta-feira, dia 14 de setembro, foi é a vez de Fernando Haddad: a entrevista no Jornal Nacional com os apresentadores Willian Bonner e Renata Vasconcelos aconteceu três semanas depois das sabatinas com os demais presidenciáveis, após a impugnação da candidatura de Lula, o que levou Haddad (até então vice) a se tornar o cabeça de chapa do Partido dos Trabalhadores (PT).

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No início, Haddad tentou utilizar a popularidade de Lula e fez questão de ‘dar boa noite’ para o ex-presidente, para tentar colar sua imagem ao ex-candidato petista.

Corrupção nos governos do PT

Renata começou a sabatina ao perguntar sobre os escândalos de corrupção que envolvem o PT e questionou por que não houve uma autocrítica do partido até o momento. A resposta de Haddad foi sobre o fortalecimento político que o partido teria gerado:

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“Há dois governos possíveis, um governo que fortalece o combate, a Polícia Federal e o Ministério Público. E há governos que enfraquecem as instituições. E a corrupção na Petrobras, segundo vários delatores, remonta à Ditadura Militar. O governo precisa existir sem proteger amigos”.

Segundo o candidato, os governos do PT foram os que mais fortaleceram as entidades de combate à corrupção. Na sequência, Bonner tentou perguntar sobre o encontro de Lula com o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, preso pela Operação Lava Jato.

“O presidente escolhe o presidente da empresa, os membros do conselho, com participação da iniciativa privada, mas é difícil ver cada diretoria. E a Dilma [Rousseff] afastou Renato Duque quando ela tomou posse do conselho da Petrobras. Não quero dizer que não houve falhas”, afirmou Haddad, dizendo ainda que atualmente há ex-presos soltos e ‘corruptores confesso gozando da liberdade e patrimônio’.

Prefeitura de São Paulo

Na sabatina, o presidenciável tentou explicar as denúncias abertas pelo Ministério Público em São Paulo, quando foi acusado em delação premiada pelo dono da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa, e pelo doleiro Alberto Youssef de caixa dois na campanha para a prefeitura.

“A[s empreiteiras] OTC e Odebrech tiveram as obras suspensas por mim no Túnel Roberto Marinho por indícios de superfaturamento. Essas empresas resolveram me retaliar e foram ao MP tentar me acusar de uma despesa de campanha. E esses promotores resolveram colocar abrir expediente menos de 30 dias antes da eleição. Eles tiveram três anos para me chamar para conversar”, respondeu.

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Haddad garantiu ainda que “foram três esquemas desbaratados em sua gestão na prefeitura no primeiro ano [de administração]”. Nesse momento, Renata aproveitou o gancho para citar a indicação de Lula para nomes desconhecidos, relembrando o apelido de “postes de Lula”, citando o próprio Haddad para prefeitura de São Paulo, que na tentativa de reeleição perdeu no primeiro turno.

“Saí como o ministro [da educação] melhor avaliado do governo Lula. Foi por isso que ele me indicou”, disse sem responder por que perdeu a reeleição. Após a insistência dos apresentadores, ele disse: “Em 2016, o clima que se criou de anti-petismo no Brasil. Aconteceu uma indução ao erro”.

Bonner retomou o tema da administração paulista, como a fila da saúde e a não contratação de guardas civis, ao dizer que foram prometidos dois mil, sendo 600 contratados. Haddad disse que o apresentador tem números errados e falou que cumpriu mais de 50% das metas estabelecidas. “E o PIB do Brasil em 2015 caiu 8%, mesmo assim entreguei a cidade com R$ 5 bilhões em caixa e com grau de investimento”, respondeu.

Menor vitimismo

O candidato tentou reduzir um pouco o discurso de ‘vitimismo’ e perseguição do PT perante o judiciário, ao afirmar que personagens ligados distintos partidos foram condenados, e não apenas o PT. Neste sentido, Bonner perguntou:

“No STJ (Superior Tribunal de Justiça), das 33 cadeiras, 28 indicadas por Lula ou Dilma. Dos 141 desembargadores, 91 foram por Lula ou Dilma. Dos 27 integrantes do TRF4, 22 foram por Lula ou Dilma. Houve conspiração no judiciário?”

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“Lula jamais indicou pensando em como os magistrados iam agir. Isso não significa que o judiciário possa errar”, rebateu Haddad.

Bonner perguntou, então, se há conspiração e o candidato disse que, pessoalmente, considera erros e não conspirações.

Governo Dilma foi culpa do PSDB

Na sabatina, Haddad tentou a todo custo defender os 12 anos de governos do PT na gestão federal, inclusive a presidente Dilma. Renata lembrou que ela deixou a administração com 11 milhões de desempregados e o país em crise econômica. Na resposta, Haddad culpou a oposição:

“Olha, tenho várias razões para imaginar que o PSDB não vai sabotar o próximo governo”, esquivou-se, citando o ex-presidente do partido tucano, Tasso Jereissati: “Ontem mesmo ele assumiu erros, como questionar a eleição de 2014, apoiar Temer e, antes, Aécio Neves”.

Para o presidenciável, houve mais influência ‘por sabotagens do PSDB’ do que pela gestão do PT no governo nacional. “Vocês se lembram que foram 12 anos de liberdade. Universidade para todos. Era transposição do São Francisco. Geramos 12 milhões de empregos em 12 anos. Foram 12 anos de liberdade. A partir do momento que oposição questionou as eleições, veio a crise , começaram os problemas”, concluiu direcionando-se ao público.

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