Ele era o vice dos sonhos de Jair Bolsonaro, mas acabou impedido por uma questões partidária. O general Augusto Heleno Ribeiro Pereira estava filiado ao PRP, que não tinha interesse em apoiar o presidenciável do PSL e se coligou com Alvaro Dias. Heleno abandonou a legenda e ajudou Bolsonaro a escrever seu plano de governo.
“Fabricaram uma história de que eu teria recusado ser vice da chapa de Bolsonaro. Isso é uma calúnia, eu jamais disse isso. Desde o primeiro momento eu encarava como uma missão a ser cumprida”, destacou Heleno na convenção de lançamento da candidatura do presidenciável, em julho deste ano.
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O desejo da dobradinha Bolsonaro-Heleno era tanto que, durante entrevista do presidenciável ao Jornal Nacional na semana passada, o candidato se confundiu duas vezes ao mencionar nome do “vice oficial”, general Mourão, pelo de Heleno. É o que a psicanálise chamaria de ato falho: uma ação inconsciente que reflete o que o interlocutor realmente gostaria.
Não à toa, Augusto Heleno é o general em quem Bolsonaro mais confia. Pessoas próximas do núcleo dizem que é uma “relação de pai e filho”. Uma coisa é certa: ele será um dos ministros de Bolsonaro, caso eleito, assumindo o Ministério da Defesa. Experiência na área ele tem de sobra.
Quem é o General Heleno?
Nascido em Curitiba, em 1947, foi o primeiro comandante brasileiro da Força de Paz das Nações Unidas no Haiti, entre 2004 e 2005, que tinha um efetivo de 6.250 homens. Também foi comandante militar da Amazônia entre 2007 e 2009, mas teria saído por atritos com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Hoje general da reserva, Heleno iniciou a carreira como cadete em 1964 – ano em que teve início o regime militar no Brasil.Na década seguinte começaram os laços com Bolsonaro. Eles se conheceram nos anos 1970 na Academia Militar das Agulhas Negras, em Rezende (RJ). À época, o presidenciável era cadete e o futuro ministro treinava a equipe de pentatlo.
Nos anos 1980, Heleno ganhou status de oficial. O candidato do PSL, de rebelde – Bolsonaro foi preso por escrever um artigo para a revista Veja dizendo que os salários dos militares eram baixos e investigado por planejar detonar bombas em unidades do Exército. Nada disso, porém, foi provado.
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Foi nessa década, inclusive, que ocorreu o distanciamento da política e das Forças Armadas, como lembra o próprio general Heleno:
“Toda minha vida de oficial foi após o regime militar (encerrado em 1985). As Forças Armadas meio que se vacinaram contra essa participação política. E nós somos responsáveis, eu que passei meu tempo todo a minha fase de comandante pós-regime militar tive a perfeita noção que estava fora [desse meio]”, garantiu Heleno em entrevista ao programa Band Eleições, dia 8 de outubro.
Resistência
Até há pouco tempo, o militar realmente resistia em entrar para a política. “Fui instado a fazer isso (se filiar). Não tinha nada planejado”, disse à Gazeta do Povo em junho, quando inclusive era cotado a disputar uma cadeira ao Senado. Contudo, nem entre os militares ele é uma unanimidade por “falar o que vem à cabeça”.
Frases polêmicas, não faltam. O militar foi ouvido por autoridades antes da intervenção militar do Rio de Janeiro e disse que “bandido com fuzil na mão tem que ser fuzilado”. Na convenção do PSL, chamou a ex-presidente Dilma Rousseff de terrorista e afirmou no evento que foi “uma burrice sem tamanho” ela ter comparecido ao Foro de São Paulo em Cuba:
“Será que ainda tem gente que em suas faculdades mentais está pregando democracia? A democracia cubana? A democracia venezuelana? Não acredito que as pessoas com mínimo discernimento continuem a acreditar nessa balela”. Também um crítico do chamado Centrão: “É a materialização da impunidade”.
Agora, como ele mesmo costuma dizer, fica no aguardo da próxima missão. Se Bolsonaro vencer o pleito, claro.