O coronel da Força Aérea Brasileira (FAB) Mauro Rogério foi punido com quatro dias de detenção por ter divulgado manifestação política em vídeos nas redes sociais, em setembro. O procedimento foi aberto contra ele pelo Comando da Aeronáutica e, depois de julgamento de recurso, o comandante da força, Nivaldo Rossato, confirmou a punição. O coronel cumpriu os quatro dias de prisão na semana passada, numa unidade militar em Brasília.
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Num vídeo, o coronel se apresenta como presidente de um movimento independente, "Brasil Futuro", e que as opiniões expressas ali são de cunho pessoal e não dele como oficial da FAB. No outro, ele faz uma explanação de quase sete minutos sobre o cenário político.
Dentre outras coisas, afirma que as pessoas pedem opinião dele sobre palavras do general Hamilton Mourão - na época feitas numa loja da Maçonaria - e diz que não iria se esquivar e que "quem está na chuva é para se molhar". O coronel Rogério não foi punido por endossar declarações do general, mas por opiniões que ele mesmo emitiu, na condição de presidente desse movimento.
Com base em fatos divulgados pela imprensa, o coronel fala do risco de uma conflagração no país e faz uma crítica genérica aos políticos. Para ele, o país vive uma crise ética e moral na política. O militar cita a possibilidade de uma “intervenção cívica” se a crise das instituições brasileiras se agravar.
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E diz ainda no vídeo que é muita ingenuidade achar que os militares vão "ficar de braços cruzados" se ocorrer uma "conflagração" no país. Acrescentou que os militares estão "longe de serem enfeites". Mas não fala em intervenção militar.
O Comando da Aeronáutica confirmou à Gazeta Povo a punição ao coronel pelo descumprimento do Regulamento Disciplinar da Aeronáutica, que proíbe manifestação pública de militares a respeito de assuntos políticos.
"A legislação também considera transgressão disciplinar causar polêmica sobre assuntos militares ou políticos, utilizando meios de comunicação, e deixar de cumprir o previsto em regulamentos e atos emanados de autoridade competente", informou a Aeronáutica.
A FAB também informou que, assim que tomou conhecimento do vídeo, o Comando da Aeronáutica abriu processo administrativo e que o coronel Mauro Rogério teve direito à defesa e contraditório. E o puniu.
"Ao final do processo, o militar da Aeronáutica foi punido administrativamente. Por fim, o Comando da Aeronáutica reitera que não cabem manifestações individuais públicas de seus integrantes, por serem contrárias às normas vigentes e aos preceitos fundamentais das Forças Armadas: a disciplina e a hierarquia", conclui a manifestação da Aeronáutica.
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