Mais um militar e oficial da reserva decidiu ingressar na política e disputar um cargo nas eleições deste ano. O coronel da Força Aérea Brasileira (FAB) Mauro Rogério se filiou ao PTB na última quinta-feira (22), sob as bênçãos do presidente da legenda, Roberto Jefferson, e irá disputar uma vaga para deputado federal pelo Distrito Federal.
O coronel teve uma relação delicada com seus superiores. No ano passado, ele ficou quatro dias preso por ter emitido opinião política em suas redes sociais.E foi punido pelo comando da Aeronáutica com quatro dias de prisão.
Coronel da FAB disse que é ingenuidade achar que os militares vão "ficar de braços cruzados"
Mauro Rogério preside o movimento "Brasil Futuro". Na época, ele divulgou dois vídeos. Num deles, de sete minutos de duração, tratou do cenário político e fez citações ao general Hamilton Mourão, hoje na reserva, e que tem uma posição conhecida sobre a necessidade de uma intervenção militar em caso de crise política no país. O coronel Rogério não foi punido por endossar declarações do general, mas pelas opiniões que ele mesmo emitiu, na condição de presidente desse movimento.
Nos seus vídeos, ele fala do risco de uma conflagração no país, que para ele vive uma crise ética e moral na política. O militar cita a possibilidade de uma intervenção cívica se a crise das instituições brasileiras se agravar. E disse ainda no vídeo que é muita ingenuidade achar que os militares vão "ficar de braços cruzados" se ocorrer uma "conflagração" no país. E acrescentou ainda que os militares estão "longe de serem enfeites". Mas não fala em intervenção militar.
Assista a um dos vídeos do coronel da FAB Mauro Rogério
Agora na reserva, o coronel afirmou que está feliz por "existir enquanto pessoa política" e poder "opinar livremente" sobre os assuntos da atualidade.
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Novo filiado do PTB apoia Bolsonaro para a Presidência
O coronel é simpatizante da candidatura de Jair Bolsonaro a presidente e acredita ter uma missão dentro do PTB, que é aproximar a legenda do presidenciável do PSL. Ele argumenta que Bolsonaro tem que procurar mais o centro e deixar certo radicalismo de lado.
"Se o PTB decidir apoiar Bolsonaro, vai juntar a fome com a vontade de comer. Minha presença lá dentro pode facilitar essa aproximação. E a relação entre Bolsonaro e Roberto Jefferson é muito boa. Me considero ideologicamente um cara de centro. E ainda tem muita água para rolar", disse o militar.
Mauro Rogério avalia ainda que o atual momento da política brasileira desperta os militares para disputarem eleições. Ele afirma que antes de 1964 os militares tinham participação mais ativa, que diminui muito depois do fim da ditadura (1985).
"Após a abertura, e com o fim do regime, os militares se anularam para a política. Criou-se uma cultura de não participação. O militar é um cidadão comum. Testemunhamos calados nos governos de FHC, de Lula e de Dilma; uma degradação de valores. Os militares devem ser estimulados a disputarem eleições. É inequivocamente um pessoal qualificado, ainda que não tenha experiência no meio político-eleitoral. Nem todos tem a expertise do Bolsonaro", disse o coronel, que não disputará sua primeira eleição. Ele se candidatou a deputado federal em 2010, pelo PMDB, mas obteve pouco mais de 5 mil votos.
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Para ele, os militares candidatos terão dificuldade em se eleger. "Nos falta pragmatismo eleitoral. E tem outro fator: o tempo de campanha, de apenas 45 dias, é muito pouco para nos apresentarmos. Não dá tempo para ficarmos conhecidos."