A pesquisa Datafolha para presidente da República divulgada nesta sexta-feira (14) mostra que o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) começou a herdar os votos do padrinho político Lula, que está preso e impedido de disputar a eleição. No primeiro levantamento do Datafolha realizado depois da oficialização da candidatura de Haddad, o petista subiu para o segundo lugar nas intenções de voto, atrás de Jair Bolsonaro (PSL) e numericamente empatado com Ciro Gomes (PDT).
Haddad foi o candidato com a maior variação nas intenções de voto desde agosto. No levantamento divulgado em 22 de agosto, o petista tinha 4% das intenções de voto. No dia 10, subiu para 9% e agora passou para 13%. A variação é de 9 pontos percentuais em menos de um mês. Vale lembrar que o candidato só foi oficializado pelo PT como candidato a presidente na última terça-feira (11), substituindo o ex-presidente Lula, que está preso em Curitiba e foi barrado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com base na Lei da Ficha Limpa.
Simulação de segundo turno
O candidato do PT também melhorou seu desempenho em um eventual segundo turno com Bolsonaro, que hoje lidera as pesquisas. No Datafolha dessa sexta, o capitão da reserva aparece com 26% das intenções de voto – uma variação de 4 pontos em relação à pesquisa de agosto, quando pontuava 22%.
Em agosto, Haddad perdia a simulação do segundo turno com Bolsonaro, por 38% a 29%. No levantamento do dia 10 de setembro e no dessa sexta, a situação já é de empate técnico entre os dois. No Datafolha mais recente, Bolsonaro faria 41% dos votos no segundo turno e Haddad, 40%.
Após oficializar a candidatura, nessa semana, o ex-prefeito de São Paulo agora começa a colher os votos de Lula, que está fora da disputa. No ato que oficializou a candidatura de Haddad em Curitiba, o ex-presidente enviou uma carta que foi lida aos militantes em frente à Superintendência da Polícia Federal pedindo que quem votaria nele, que vote em Haddad.
Assim como viu suas intenções de voto aumentarem desde agosto, Haddad também vê sua rejeição crescer. Em agosto, 21% dos eleitores diziam não votar nele de jeito nenhum. O índice passou para 22% no levantamento de 10 de setembro e para 26% na pesquisa divulgada nessa sexta.
Bolsonaro mantem tendência de alta
Quem também viu as intenções de voto oscilar para cima foi Jair Bolsonaro. A variação das intenções de voto no capitão da reserva foi de 4 pontos percentuais desde a pesquisa de agosto, quando ele tinha 22%. No dia 10 de setembro, Bolsonaro pontuou 24% e agora, 26%.
A alta já era esperada. Especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo apontavam a tendência de alta nas intenções de voto em Bolsonaro por causa da comoção causada pela facada no candidato enquanto ele fazia campanha em Juiz de Fora (MG), na semana passada.
O Datafolha mostra, porém, que só 2% dos eleitores afirmam que mudaram de voto por causa do atentado. Ainda que, segundo os eleitores, o ataque não tenha participação na decisão do voto, ele comoveu a maior parte deles (72%). Do total dos entrevistados, 39% disseram ter se sentido muito comovidos com o ataque e 33% ficaram um pouco comovidos, ao passo que 26% afirmaram que não foram tocados pelo episódio e 2% não souberam responder. A comoção alcança índices mais altos entre os mais velhos (80%) e entre os eleitores de Bolsonaro (88%).
O candidato do PSL também melhorou seu desempenho em alguns cenários do segundo turno. Antes, o capitão da reserva perdia para Marina Silva (Rede) e Geraldo Alckmin (PSDB) no segundo turno. Agora, ele empata na margem de erro com os dois nas simulações.
Em compensação, Bolsonaro viu seu desempenho piorar em relação a Ciro Gomes (PDT) e Haddad. Ele ganhava do petista em agosto, agora os dois estão empatados. Já com Ciro, Bolsonaro empatava em agosto, mas nos levantamentos de setembro passou a perder para o pedetista nas simulações de segundo turno.
Ciro e Alckmin estacionam
Enquanto Haddad e Bolsonaro melhoraram o desempenho no Datafolha, Ciro e Alckmin viram suas candidaturas estacionarem. Ciro ainda vence Bolsonaro em um eventual segundo turno, mas antes precisa passar do primeiro turno.
Em agosto, Ciro e Bolsonaro estavam empatados na simulação de segundo turno entre os dois. Ciro tinha 38% dos votos e Bolsonaro, 35%. Na pesquisa do dia 10, Ciro ampliou a diferença. Ele ganhava de Bolsonaro com 45% das intenções de voto – o capitão tinha 35%. Agora, manteve os 45% e Bolsonaro tem 38% no segundo turno. Ciro também não viu uma melhora nas suas intenções de voto do dia 10 para cá. Em agosto, estava com 10% das intenções de voto. No dia 10, passou para 13%. O resultado empolgou aliados do pedetista, mas Ciro acabou estacionando na pesquisa dessa sexta, com os mesmos 13%.
Alckmin também empacou. A situação do tucano, porém, é mais dramática. Ele estava com 9% no levantamento em agosto. O índice é o mesmo no levantamento dessa sexta. No dia 10, ele havia oscilado apenas um ponto, chegando a 10%. Mesmo com o maior tempo de TV para fazer campanha e com um acordo com os partidos do centrão, o ele não consegue emplacar sua candidatura.
Candidatura de Marina desidrata a olhos vistos
Enquanto Haddad viu suas intenções de voto oscilarem 9 pontos percentuais para cima desde agosto, Marina viu uma oscilação negativa de 8 pontos. Ela tinha 16% das intenções de voto em agosto e estava consolidada no segundo lugar, na frente de Ciro e Alckmin.
Marina chegou a 11% no levantamento do dia 10 de setembro e, agora tem 8%. A candidata da Rede fica de fora do pelotão do segundo turno e acabou sendo ultrapassada por Haddad, que tem 13%. Ela empata na margem de erro com Alckmin (9%), mas não consegue alcançar Ciro (13%) e o candidato petista.
Metodologias das pesquisas citadas
O Datafolha divulgado nessa sexta-feira (14) entrevistou 2.820 eleitores de 197 municípios entre quinta-feira (13) e sexta-feira (14). O primeiro turno das eleições está marcado para 7 de outubro. A margem de erro máxima é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, para o total da amostra. O nível de confiança é de 95%. Levantamento registrado no Tribunal Superior Eleitoral com o número BR 05596/2018. Os contratantes da pesquisa foram Folha de S.Paulo e TV Globo.
O Datafolha divulgado em 10 de setembro foi realizada com 2.804 entrevistas presenciais em 197 municípios, realizada no dia 10 de setembro de 2018. A margem de erro máxima é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. O nível de confiança de 95%; A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o número BR 02376/2018. Contratantes: Folha de S.Paulo e TV Globo.
O Datafolha de agosto foi realizado com 8.433 eleitores feita em 313 municípios entre os dias 20 e 21 de agosto de 2018. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%. Levantamento registrado na Justiça Eleitoral sob o protocolo BR 04023/2018.
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