Aconteceu nesta quinta-feira, dia 4 de outubro, o Debate na Globo para presidente, no Rio de Janeiro. Participaram do debate na emissora os presidenciáveis Ciro Gomes (PDT), Fernando Haddad (PT), Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede), Alvaro Dias (Podemos), Henrique Meirelles (MDB) e Guilherme Boulos (Psol) . Jair Bolsonaro (PSL) não compareceu por recomendação médica.
Durante o Debate, a Gazeta do Povo acompanha o programa na emissora carioca ao vivo e em Tempo Real. Após o encontro apresentamos o quadro Quem Ganhou e Quem Perdeu o Debate na Rede Globo: o Pós-Debate traz uma avaliação realizada ao vivo por jornalistas e colunistas da Gazeta do Povo. Ao final da análise da nossa equipe, publicamos um texto com a opinião de cada jornalista.
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Quem ganhou?
Madeleine Lascko, Editora do Blog A Protagonista
Ciro Gomes conseguiu se consolidar como candidato alternativo às polarizações, uma via de construção, capaz de agregar. Não entrou em embates pesados com seus adversários e, mesmo quando bateu em Bolsonaro, deu a ele o benefício da dúvida.
Bolsonaro utilizou a estratégia aprendida por Lula a duras penas na campanha de 1989 é utilizada por todos os presidentes vencedores desde então: quanto menos debate, melhor. FHC, Lula e Dilma fugiram de debates como o vampiro da cruz - e hoje ninguém mais se lembra porque estão lá em um ou outro no YouTube. Nos casos em que o candidato, quando calado, é um poeta, menos é mais. Melhor não ser contrariado. Bolsonaro na Record ainda fez surgir mais um vitorioso no debate: Edir Macedo, que celebra cada embate com a Globo.
Meirelles foi muito bem no pito chamando Bolsonaro à responsabilidade, mas trata-se de estratégia de Ciro Gomes, que o colocou no assunto. Haddad foi bem na descompostura que aplicou em Álvaro Dias e Marina ao colocar Haddad na parede e mostrar o PT incapaz de autocrítica. Boulos marcou um golaço para suas bases falando da ditadura quase entre lágrimas, mas sai da campanha sem aumentar a base, o que, imagina-se, era o objetivo inicial da candidatura.
Flávia Pierry, correspondente em Brasília
Ciro: O candidato que está em terceiro lugar nas pesquisas soube aproveitar o que já tem de melhor: o jeito bonachão. Foi o que mais pegou carona nas dobradinhas, com Marina e depois com Meirelles, para bater em Bolsonaro. Ele também foi o que mais criticou o candidato do PSL.
Fernando Martins, do Blog A Protagonista
Ciro Gomes vai bem como o “candidato da terceira via”. É firme em suas colocações e mostra que entende de assuntos variados. Hoje tentou conquistar votos do Nordeste e soube aproveitar da grande abrangência de um debate na TV Globo. Também é verdade dizer que Bolsonaro ganha em não ter vindo ao debate. Para qualquer pessoa isso soaria absurdo, mas não quando o perfil é de Bolsonaro. As pancadas que tomou não farão seu eleitor fiel mover um milímetro. Ainda conseguiu exposição na emissora concorrente, praticamente no mesmo horário.
Sérgio de Deus, Editor de República
Líder com folga nas pesquisas de intenção de voto a três dias da eleição, Jair Bolsonaro não precisava estar no debate da Globo. O veto dos médicos à sua participação na sabatina acabou sendo providencial. O candidato conseguiu a “desculpa perfeita” para faltar. Com isso, escapou do confronto direto com seus adversários, poupando energia para um eventual segundo turno, quando a disputa promete ser mais acirrada. Foi atacado, sim, mas nada que abale a posição favorável em que se encontra. Acabou ganhando o debate Globo mesmo estando ausente. E ainda ganhou visibilidade aparecendo em entrevista na Record no mesmo horário da sabatina.
Renan Barsosa, Editor de Ethos
Perdeu Fernando Haddad. Não perdeu nenhum voto no debate, porque não cometeu nenhum erro grave e, por isso, continue no páreo para o segundo turno com Bolsonaro. No entanto, as pesquisas de intenção de voto recentes mostram que Haddad está estagnado – talvez porque o processo de transferência de votos de Lula tenha se encerrado. Com isso, já deveria estar tentando sair do piso de votos do PT, mas nada no discurso apresentado no debate de hoje indica isso.
Giorgio Dal Molin, Editor de República
Ciro estava um pouco mais aceso do que em outros debates. Aproveitou para dizer que foi ao Debate do SBT (dia 26 de setembro) com uma sonda, após fazer uma cauterização de urgência na próstata. Não dá exatamente para dizer que ganhou o debate, mas entre aqueles da chapa Alcirina (Alckmin, Ciro e Marina), foi o que se saiu melhor. Marina não costuma ir mal em debates, mas dessa vez não foi além do que já disse em outras participações. E Jair Bolsonaro também: não apareceu, não perdeu votos, deu entrevista para a Record e não precisou de direito de resposta.
Quem perdeu
Madeleine Lascko, Editora do Blog A Protagonista
O perdedor - o único - foi Álvaro Dias, numa performance tio em final de formatura. Ninguém entendeu direito, todo mundo riu - até o Bonner - e parou no momento em que bateu de frente com um petista. Deu impressão de que jogou a toalha.
Flávia Pierry, correspondente em Brasília
Haddad: Ficou apagado, se perdeu em números e questões técnicas, não pareceu simpático, quase não sorriu. E o pior: não cedeu em um milímetro para assumir qualquer erro do PT, nem mesmo quando Marina Silva questionou-o sobre o tema. Para quem está em segundo lugar nas pesquisas, Haddad mostra que precisa aprimorar muito seu discurso – e pode não ter mais tempo.
Fernando Martins, do Blog A Protagonista
Alvaro Dias passou dos limites esta noite. Totalmente fora do contexto e atrapalhado, parece ter se preocupado mais em ser descolado e engraçado que eficiente. Outro que parece ter vindo ao Rio de Janeiro pelo turismo foi Geraldo Alckmin. Ele tem ‘desaparecido’ desde o debate na RecordTV. Hoje até começou bem, mas derreteu.
Sérgio de Deus, Editor de República
Afinal, que bicho mordeu Alvaro Dias (Podemos)? Atrapalhado, reativo, perdido em alguns momentos, ele virou piada no principal debate da televisão aberta, arrancando risos de todos – de Bonner aos telespectadores. Passou a imagem de “jogou a toalha” e queria apenas “aparecer”. Logo de cara, tentou culpar a Globo, mesmo que indiretamente, pelo mau desempenho nas pesquisas de intenção de voto (ele não foi convidado para entrevista na bancada do Jornal Nacional). A culpa não é da emissora. A tentativa de se vender como o candidato da indignação contra os escândalos de corrupção, convenhamos, não colou. Deixou o programa mais leve com suas intervenções erráticas. Mas, com certeza, não era esse o desempenho que sua equipe e eleitores esperavam. Ao fim do programa, a piada era uma só: Alvaro foi o Cabo Daciolo do debate da Globo.
Renan Barsosa, Editor de Ethos
Perdeu Fernando Haddad. Não perdeu nenhum voto no debate, porque não cometeu nenhum erro grave e, por isso, continue no páreo para o segundo turno com Bolsonaro. No entanto, as pesquisas de intenção de voto recentes mostram que Haddad está estagnado – talvez porque o processo de transferência de votos de Lula tenha se encerrado. Com isso, já deveria estar tentando sair do piso de votos do PT, mas nada no discurso apresentado no debate de hoje indica isso.
Giorgio Dal Molin, Editor de República
Os dois mais à esquerda e Alvaro Dias. Haddad fez esperadas dobradinhas com Guilherme Boulos, mas não bateu no peito nem chamou outros para o confronto. Permanece aquele jeitão morno, mais preocupado em não perder votos do que ganhar. O máximo que fez foi ficar nervoso com Alvaro Dias, ao dizer que o candidato do Podemos não tem respeito e brinca com coisa séria. Aliás, Alvaro Dias fez muitas vezes palhaçadas, tomando frente à ausência de Cabo Daciolo, excluído do debate. Boulos, ao final, perdeu a chance de ficar quieto atacando a produção agrícola brasileira, falando que é o Brasil que carrega o agronegócio nas costas, e não o contrário. Se é que ele tinha algum voto no campo, perdeu.
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