Bolsonaro e seu filho Eduardo, no conselho de ética da Câmara| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom /Agencia Brasil

Há pouco menos de dois anos, o deputado Jair Bolsonaro – antes do PP, hoje do PSL – fazia sua quarta tentativa de chegar à Presidência da Câmara. Em 2 de fevereiro de 2017, ele obteve míseros quatro votos para o cargo. Acabou sendo eleito Rodrigo Maia, do DEM, o atual presidente da Casa. Nas três disputas anteriores (2011 e duas vezes em 2005), Bolsonaro totalizou apenas 11 votos. Numa dessas, não obteve nem um voto sequer. Ao todo, o capitão da reserva somou 15 votos nas quatro disputas.

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Mais recente, no ano passado, quando vieram à tona acusações do Ministério Público de organização criminosa e obstrução de Justiça contra o Presidência da República Michel Temer, Bolsonaro foi questionado pela Gazeta do Povo

Foi perguntado se estaria disposto a concorrer ao cargo de presidente da República, em caso de aceitação da denúncia e a obrigatória saída de Temer do cargo. Rodrigo Maia, presidente da Câmara e terceiro na sucessão, assumiria por um período e haveria eleição indireta pelo Congresso Nacional para escolho do novo presidente. Bolsonaro respondeu que não. 

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 "Aqui ninguém gosta de mim. Vou ter meia dúzia de votos. E olhe lá. É mais fácil ganhar lá fora (na eleição direta)", disse Bolsonaro à época. 

Bolsonaro tinha atuação solitária na Câmara

A relação de Bolsonaro com seus pares sempre foi assim, distante. Ele teve uma atuação meio solitária na Câmara. Era de poucos amigos na Casa, exceto os parlamentares ligados à bancada da bala. Nem no PP, partido ao qual foi filiado durante 11 anos, de 2005 a 2016, tinha afinidades. Nunca era visto de conversas no plenário ou no cafezinho dos deputados. Aparecia no momento de votar e permanecia boa parte do tempo em seu gabinete. 

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Bolsonaro disputou a presidência da Câmara muito mais para marcar presença do que para vencer o pleito. Sabia que não tinha chance. Mas, por ser candidato, ganhava espaço para discursar e dava suas estocadas no PT.

Tudo mudou neste ano

Tudo mudou com o favoritismo para chegar ao Planalto. O partido de Bolsonaro elegeu uma bancada de 52 deputados, a segunda maior da Casa – número que ainda deve crescer por causa da cláusula de barreira. Bolsonaro mesmo estimava, no máximo, 25 eleitos. 

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Ele também tem, agora, dezenas de aliados em outros partidos e o apoio de setores ruralistas e evangélicos no Congresso.  E, se eleito, diz ter uma base mínima de parlamentares – entre 150 a 200 deputados – para tentar aprovar projetos de interesses de seu  governo, caso eleito.

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"Ele era mais próximo de nós, a bancada da bala. Suas candidaturas a presidente da Câmara sempre foram mais de protesto. Era um anti-candidato. Sabia que teria pouquíssimos votos. Nossa próprio grupo, esse da segurança pública, da bala, elegeu agora 80 deputados. Éramos uns 30. Tudo no rastro do Bolsonaro", afirma o deputado Alberto Fraga (DEM-DF), um parlamentar amigo de longa data do presidenciável. 

"Poucas pessoas acreditavam nele. Ele era do chamado baixo clero da Câmara, o que não o impediu de construir pilares concretos e chegar a essa situação de hoje. Nos últimos dois anos, as pessoas mudaram seus conceitos sobre ele ", disse o deputado Delegado Waldir, reeleito deputado federal pelo PSL mais votado de Goiás.