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| Foto: Mauro Pimentel/AFP

Com a desistência do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa (PSB) de lançar candidatura à Presidência nas eleições deste ano a maior beneficiada deve ser a pré-candidata Marina Silva (Rede). Essa é a análise do diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino. “Pela saída de Barbosa, não por uma migração de votos, mas pela divisão dos seus 10%, é possível que Marina Silva seja a maior beneficiada”, afirmou Paulino.

Em entrevista à Rádio CBN nesta quarta-feira (9), ele citou dados da última pesquisa Datafolha, que mostram que Joaquim Barbosa alcançava 10% das intenções de voto e era citado espontaneamente por 17% dos eleitores. Marina é a mais lembrada dentre os candidatos ao Planalto, com 26%.

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Por outro lado, Jair Bolsonaro (PSL), que ocupa o topo das pesquisas atrás do ex-presidente Lula, não deve ser beneficiado e já teria atingido o teto das intenções de voto. “Se ele não ampliar um pouco mais o discurso e a forma como aborta as questões, sem ficar muito na segurança pública, acredito que ele não deve passar dessa faixa dos 20%”, diz.

Paulino avalia que há motivo para os demais pré-candidatos comemorarem a desistência de Barbosa, uma vez que ele tinha potencial de crescimento na corrida eleitoral, podendo roubar votos tanto da direita quanto da esquerda.

A pesquisa também indicou que o perfil do eleitor do ex-ministro é mais escolarizado, morador dos grandes centros urbanos, homem e com renda mais alta, o que segundo Paulino indica pessoas com maior acesso à informação e que devem lembrar a atuação de Barbosa durante o julgamento do mensalão.

O ministro aposentado também era visto como um perfil conciliador, distante da polarização entre direita e esquerda, o que ampliaria seu potencial junto ao eleitorado.

Paulino destaca que nunca antes houve um número tão elevado de eleitores sem definição de candidato – brancos e nulos chegam a 24% e indecisos a 4% – a poucos meses do início da campanha eleitoral, o que mostra o desafio dos candidatos para atrair votos.

“O que salta aos olhos é o desalento e a busca por uma candidatura que seja representativa dos anseios da população e a oferta de candidatos existentes hoje não contempla esses anseios”, afirma.

Segundo ele, a população busca identificação e propostas factíveis para resolver problemas nos serviços públicos e segurança, além do aumento da oferta de empregos. Com o jogo em aberto, há 3 ou 4 candidatos com chance de avançar para o segundo turno da disputa.

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Fator Temer

O descontentamento do eleitor também se reflete no alto índice de rejeição do governo de Michel Temer (MDB), que avalia se tentará a reeleição ou apoiará outro candidato de centro.

O presidente negocia uma aliança com o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, pré-candidato pelo PSDB, que tem se mantido estagnado nas últimas pesquisas de intenção de voto, oscilando entre 6% e 8% na última pesquisa Datafolha.

Segundo Paulino, porém, o candidato que tiver o apoio de Temer deve ser prejudicado na disputa. “Qualquer candidato que seja associado ao governo terá mais a perder do que a ganhar”, declarou.

Metodologia da pesquisa

A pesquisa eleitoral do Instituto Datafolha foi feita entre os dias 11 e 13 de abril. Foram entrevistados 4.194 brasileiros com 16 anos ou mais em 227 municípios brasileiros. A margem de erro é de 2 pontos porcentuais para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número BR-08510/2018 e foi encomendada pelo jornal Folha de S.Paulo.

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