Pelo calendário eleitoral estabelecido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) , o prazo para o registro de candidaturas para o pleito deste ano vai até 15 de agosto. As brigas para decidir quem disputará os cargos, especialmente a Presidência da República, entretanto, estão a todo vapor desde o ano passado. E devem “separar” antigos aliados.
Do lado governista, as disputas são pelo “legado” de Temer na área econômica. A possibilidade de o próprio presidente concorrer à reeleição – na semana passada, Temer disse pela primeira vez que será candidato –, dificulta, por exemplo, as aspirações do Ministro da Fazenda Henrique Meirelles. O ministro vinha afirmando que Temer o “encoraja” a ser candidato mas, se o presidente realmente entrar no páreo, o principal trunfo de Meirelles na campanha – as reformas econômicas – se esvazia. Na segunda-feira (26), a informação era de que o ministro vai deixar a Fazenda no início de abril para se filiar ao MDB de Temer, disputando com o presidente a chance de concorrer ao Planalto.
A decisão de Meirelles foi acelerada por outra briga, dentro do seu partido atual , o PSD. A legenda, liderada por Gilberto Kassab, atualmente Ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, deve apoiar a candidatura de João Doria (PSDB) ao governo de São Paulo. Com isso, o partido ficaria coligado ao PSDB, também, nas eleições para presidente, sem candidato próprio.
Kassab parece ter fechado definitivamente as portas para Meirelles. Na semana passada, disse a jornalistas que a candidatura do Ministro da Fazenda pelo PSD é “pouco provável”. Em suas redes sociais, contudo, Meirelles já está em ritmo de campanha (veja abaixo).
O ministro tem enfrentado, além disso, a rivalidade com Rodrigo Maia (DEM/RJ), presidente da Câmara. Considerado um político com bom trânsito no mercado financeiro, Maia também deve tomar para si a herança de Temer na área econômica caso seja candidato.
Desde o ano passado, entretanto, o deputado tem procurado distanciar sua imagem da do presidente – jogada compreensível se levada em conta a alta rejeição a Temer. Em fevereiro, por exemplo, Maia comparou propostas para a economia enviadas pelo governo ao Congresso com um “café velho e frio, que não atende à sociedade”.
Brigas regionais
Outros pré-candidatos que devem rivalizar com um possível concorrente governista também enfrentam dificuldades para formar alianças. Geraldo Alckmin (PSDB/SP), por exemplo, dificilmente terá o apoio do PSB por conta de disputas em eleições estaduais. Em Pernambuco e no Espírito Santo, inclusive, os dois partidos terão candidatos adversários.
Além das diferenças com tucanos, lideranças do PSB vêm manifestando apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Antes do julgamento de Lula no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), o partido soltou uma nota em que afirmava que “o tribunal político mais adequado em uma democracia é o voto popular, em eleições livres”.
Em Minas Gerais, o PSDB de Alckmin sofreu outro revés. Historicamente aliado dos tucanos, o DEM resolveu se descolar do partido e lançar um candidato próprio ao governo do estado. Atualmente deputado federal, Rodrigo Pacheco (DEM/MG) deve ser rival do senador Antonio Anastasia (PSDB/MG) na disputa pelo Executivo em Minas.
Marina Silva (Rede) deve disputar a presidência pela terceira vez, mas com desafios. Um deles é a debandada dos parlamentares do partido: dos quatro deputados federais eleitos pela legenda, dois (Alessandro Molon e Aliel Machado) migraram para o PSB. Com menos de cinco parlamentares no partido, Marina corre o risco de não participar dos debates na TV. No horário eleitoral sua situação também não é favorável: sem alianças, a candidata da Rede deve ter apenas alguns segundos de propaganda.
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