Flávio Rocha: “Essa é uma eleição que vai ser disputada no campo dos valores”.| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

Dono das Lojas Riachuelo, o empresário Flávio Rocha admite que poderá ser candidato a presidente na eleição de outubro. Fundador e principal expoente do Movimento Brasil 200, que defende o liberalismo econômico e o conservadorismo nos costumes, Rocha afirma que eventualmente pode concorrer ao Planalto se não surgir um candidato que assuma a agenda de seu grupo – algo que, segundo ele, até agora não ocorreu.

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“Enquanto estivermos [os integrantes do movimento] na fase de firmar posição e estimular o debate, talvez não faça sentido uma candidatura”, diz Rocha. “Mas uma candidatura presidencial é convocação. E, se houver essa convocação, minha lealdade ao nosso ideário e ao nosso país é tal que, com certeza, eu e muitos outros nomes de grande vulto e peso que compõem o movimento, que são soldados da causa, estarão aí para lutar.”

VEJA VÍDEO: Assista à integra da entrevista de Flávio Rocha à Gazeta do Povo

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O Brasil 200 é um movimento constituído sobretudo por empresários e profissionais liberais que pretende transformar o país até a celebração dos 200 anos de sua independência, em 2022 – último ano do mandato do próximo presidente.

Caso o dono da Riachuelo decida se candidatar, terá de se filiar a um partido até abril. Atualmente, ele não faz parte de nenhuma sigla.

Brasil 200 não vê hoje nenhum “candidato óbvio” para apoiar

Segundo Rocha, dentre os atuais pré-candidatos a presidente, não há um nome que seja “óbvio” para o movimento apoiar. O apoio do Brasil 200 vai ocorrer para quem assumir o “compromisso absoluto” com as reformas que acredita que o país precisa (sobretudo a tributária e da Previdência), com a agenda liberal na economia e com a preservação dos valores tradicionais do brasileiro.

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“O vazio [de candidaturas que espelham essa pauta] continua”, diz Rocha. Segundo ele, diante dos atuais candidatos, ele tampouco aceitaria concorrer ao cargo de vice numa chapa eleitoral – como chegou a ser especulado nos bastidores da política.

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“Eleição vai ser disputada no campo dos valores”

O presidente da Riachuelo afirma ainda que há muitos candidatos que vêm adotando o discurso liberal na economia – o que ele considera fundamental. Mas Rocha os critica por não tocar no ponto que ele considera o mais importante para vencer a disputa eleitoral deste ano: os costumes. “Essa é uma eleição que vai ser disputada no campo dos valores.”

De acordo com ele, é preciso combater o marxismo cultural que pretende abalar os valores morais do brasileiro e os alicerces da “célula mater” da sociedade: a família. Rocha diz não ser contra arranjos familiares não tradicionais. Mas afirma que, como um liberal, não pode admitir que o Estado queira impor a instituições religiosas, por exemplo, procedimentos que sejam contrários a sua crença.

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Na agenda conservadora de Flávio Rocha também está a defesa de temas como a autorização para que o cidadão tenha porte de armas, a redução da maioridade penal e o endurecimento das penas para quem pratica crimes. Ele também defende o combate ao que chama de “romantização do bandido”. “Temos de desafiar a “intelectualidade tão ciosa do politicamente correto”, diz.

Segundo o dono da Riachuelo, quando os cidadãos puderem ter armas, os bandidos terão mais receio de cometer crimes. Para ele, a redução da maioridade penal, hoje fixada em 18 anos, iria abalar o fornecimento de mão de obra para a criminalidade. E o combate à romantização do bandido e à ideia de que ele vítima da sociedade, juntamente com o endurecimento das penas, iria contribuir para acabar com a impunidade.

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País tem de deixar de ser hostil ao investidor, diz o dono da Riachuelo

Apesar de afirmar que a campanha eleitoral vai ser travada principalmente no campo dos costumes, Flávio Rocha diz que o liberalismo na economia, a redução do tamanho do Estado, privatizações e as reformas são essenciais para o país aumentar seu nível de competitividade e, assim, gerar riqueza.

“A conquista social não existe na caneta pesada do regulador”, diz. Para ele, quanto mais o Estado regula aspectos mínimos do cotidiano e intervém na economia, mais o país fica hostil ao investimento. E isso leva à improdutividade. Rocha cita o ranking de liberdade econômica de 2018 da Heritage Foundation como um indicador de que o modelo nacional está falido: o Brasil ficou numa desonrosa 153.ª posição dentre as nações mais competitivas do planeta.

“O melhor programa social que existe é o emprego”

O empresário cita também um exemplo pessoal: a denúncia que a Riachuelo sofre, da parte do Ministério Público do Trabalho do Rio Grande do Norte, de que terceirizou sua produção de roupas para pequenas oficinas irregularmente apenas para não pagar os mesmos direitos que os demais trabalhadores de sua empresa. O MPT-RN aplicou à Riachuelo uma multa de quase R$ 38 milhões. Rocha afirma que cumpriu a nova Lei das Terceirizações e diz que os próprios trabalhadores das terceirizadas protestaram contra a ação do MPT.

O dono da Riachuelo afirma que seu projeto ia criar 30 mil empregos em cidades pequenas do interior do Rio Grande do Norte que sobrevivem basicamente de programas assistenciais do governo. Rocha afirma que o desemprego será a consequência dessa “visão ideologizada” da “aristocracia” do Estado. “O melhor programa social que existe é o emprego. E emprego vem da prosperidade e do investimento.”

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Cortando na carne: empresário defende fim do BNDES

A defesa do liberalismo da parte de Flávio Rocha implica até mesmo o fim de uma fonte de financiamento de sua empresa: o BNDES – banco federal que empresta a juros subsidiados. Rocha admite que a Riachuelo usa financiamentos do banco há cerca de dez anos. Segundo ele, faz isso para que a empresa consega manter um mínimo de equidade de competição com a concorrência. Mas ele diz que o BNDES já cumpriu sua função e poderia deixar de existir, pois os juros subsidiados que beneficiam algumas empresas são pagos pela sociedade.

O dono da Riachuelo afirma que, durante os governos do PT, o BNDES foi usado para financiar as ditaduras bolivarianas e as chamadas “campeãs nacionais” (empresas brasileiras escolhidas pelo governo para crescerem e que, em grande medida, participaram de esquemas de corrupção). E afirma que isso é uma prova de que, quanto mais o Estado cresce, maior é a corrupção.

Assista à íntegra da entrevista de Flávio Rocha à Gazeta do Povo

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