O PSDB tenta se mostrar afinado e coeso em torno da candidatura do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin à Presidência da República. Mas há um grupo – discreto, mas com chances de crescer – que defende substituí-lo pelo ex-prefeito da capital paulista João Doria. O movimento ganhou força semana passada, quando o instituto de pesquisas IPSOS Brasil registrou, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), uma pesquisa que coloca Doria entre os presidenciáveis de seu questionário.
Aliados de Alckmin dizem que o levantamento não passa de um teste. Também o juiz Sergio Moro, que nem sequer é filiado a partido político, consta na lista de candidatos a ser apresentada aos entrevistados pelo IPSOS, bem como do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa, cujo anúncio de que não irá concorrer foi feito no início do mês.
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O discurso tucano oficial é de que não há mais perspectiva de mudanças. Alckmin, além de já ter seu nome internamente consolidado como candidato presidencial, preside o PSDB. “Com a máquina partidária na mão, é difícil que sua vontade não seja feita. E sua vontade é disputar a Presidência”, afirmou um nome próximo ao ex-governador. Acontece que, antes do registro na Justiça Eleitoral, “ninguém está garantido 100%”, disse um aliado de Doria.
O PSDB nunca foi um partido de unanimidades. “Pelo tamanho, nem poderia ser”, fala um líder tucano, que acrescentou: “desde que a Lava Jato se abateu sobre o senador Aécio Neves (MG), essas cizânias parecem maiores. Claro que sempre surgirão várias vertentes, múltiplos interesses e desejos”.
É unânime, porém, a ideia de que um grande escândalo, uma grave denúncia ou uma condenação na Justiça pode ser fatal contra Alckmin. Ele é acusado de caixa 2 na eleição de 2010, o que pode até torná-lo inelegível. Mas essa é a única concordância geral.
Quem não é tão próximo nem de um, nem de outro, fala que o resultado da pesquisa pode balançar a candidatura de Alckmin, caso Doria apareça com melhores resultados. “E pode fazer crescer o movimento interno pró-Doria”.
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Contudo, ponderam que o PSDB acredita no poder do ex-governador, que já disputou a Presidência da República em 2006, de crescer nas pesquisas de opinião após o início das propagandas em rádio e televisão. “Além disso, questiona-se a capacidade de Doria de aglutinar em torno de si partidos substanciais para apoiá-lo”, avaliou outro aliado de Alckmin.
Pesa ainda a capacidade de votos de Alckmin em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, conhecido pela preferência pelo PSDB, onde se espera uma vitória do ex-governador na casa dos 30% a 40% sobre os adversários. Hoje, porém, as pesquisas mostram o contrário – ele não deslancha em seu reduto eleitoral, oscilando entre 13% e 17% das intenções de voto, segundo o último Datafolha, divulgado em abril.
Com todos esses aspectos considerados, sobram mais certezas do que incertezas. No entanto, o prazo de registro de candidaturas na Justiça Eleitoral vai até 15 de agosto. E as convenções partidárias, nas quais os nomes dos concorrentes são formalmente escolhidos pelas legendas, ocorrem entre 20 de julho e 5 de agosto. Antes disso, pode haver mudanças de entendimento, mesmo que pouco prováveis.
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