Candidato a presidência pelo PDT, Ciro Gomes ‘atirou’ para vários lados na noite desta quarta-feira (1º), na Globo News, durante o programa Central das Eleições. Entrevistado por nove sabatinadores, elediz ter se sentido lubridiado pelo ex-presidente Lula e pelo PT.
O presidenciável reclamou da posição do PT de buscar tirar alianças do PDT, como o PSB - que deve anunciar neutralidade no primeiro turno, e era um partido cortejado pelo PDT para indicação de um vice:
“O objeto de desejo é me isolar. Não sei o que fiz para merecer essa conduta e hostilidade do PT. Apoiei o Lula nos últimos 16 anos. O Ceará foi o único estado que deu dois terços dos votos contra o impeachment [da presidente Dilma]”.
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Apesar disso, ele ainda alimenta um fio de esperança do PSB: “Não recebi nenhum sinal de fumaça ou mensagem. Ainda estou aguardando”. E afirma que deseja o apoio “pelas afinidades históricas do PSB com o trabalhismo”, mas reconhece que não se surpreende caso decisão do partido seja pela neutralidade.
Outra crítica ao PT foi quanto à insistência na candidatura de Lula. “O senso médio mostra que isso não vai acontecer com um condenado em segunda instância. O PT está ensaiando uma valsa na beira do abismo”, disse.
“Marcado para morrer”
Ciro Gomes foi além e disse que, nessas eleições, “sabia que era o cabra marcado para morrer”, citando possíveis isolamentos e ataques dos partidos de Michel Temer, Geraldo Alckmin e Lula. Na entrevista ,o candidato do PDT não poupou o atual Governo e negou qualquer possibilidade de aliança:
“Não aceito negociação com a quadrilha que tomou conta do MDB. Mas sei que [o partido] tem homens de bem, como o Requião”, destacou.
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Ele aproveitou a questão ao ser lembrado dos mais de 70 processos que responde, a maioria por ofensa moral. “Fui processado pelo Eduardo Cunha que hoje está preso, pelo Michel Temer que só não está preso porque subornou o parlamento”, citou.
Apesar de ter “sentado para conversar” com o chamado Centrão, o presidenciável menosprezou um acordo (a coalizão de Centro acabou declarando apoio a Alckmin). “Preciso ter um olho na eleição e outro no dia seguinte. Então preciso dialogar com forças variadas. Todos sabem quem vai eleger mais deputados, então tenho que bailar com essa gente. Sou candidato a presidente, não a madre do convento”, desconversou.
A culpa é dos banqueiros
Em relação à economia, Ciro Gomes foi enfático. Ele disse que quem ganha com a dívida pública, apesar de serem ativos da sociedade, são os banqueiros. “E quem está perdendo é a população. São 63 milhões de pessoas com o nome no SPC, e eu vou limpar o nome dessa gente”, disse o candidato, referindo-se ao lucro obtido pelas instituições financeiras e dizendo que a taxa de investimento da população atualmente é a menor desde 1947.
DESEJOS PARA O BRASIL: Uma economia rica e competitiva
Ao criticar a carga tributária, que passa de 32% do PIB, o candidato fez criticou subsídios concedidos a determinados setores, e disse que analisar essa situação é uma maneira de equilibrar o déficit primário:
“O Brasil dispensou R$ 354 bilhões em impostos, com renúncia fiscal. Vou passar uma lupa de um por um e cortar o que não for necessário”, disse. Apesar disso, ele não descartou manter certos privilégios: “A indústria terá toda a força que eu puder dar”.
Reformas
Se eleito, ele prometeu “Em 24 acabo com o déficit fiscal ‘com um pé nas costas’”, disse, dividindo seu ‘plano’ em seis meses de reformas, incluindo uma nova reforma trabalhista. Ainda sobre essa questão, reforçou:
“O déficit só cresceu pela estupidez de incorporar juros sobre juros”. E aproveitou para fazer ilustrar com uma clara crítica ao pré-candidato Henrique Meireles, ex-presidente do Banco Central do Governo Lula e da Fazenda de Michel Temer:
“O Brasil foi governado oito anos pelo ex-presidente do Banco de Boston, que guarda suas centenas de milhares de dólares em paraíso fiscal. E parece que está tudo certo”, ironizou.
Privatizações, funcionalismo e educação
No final do programa, Ciro se mostrou comedido quanto a possíveis privatizações. “Precisamos ver o que é privatizável ou não. Mas petróleo não se privatiza em nenhum lugar do mundo, nem base hidráulica”, afirmou o candidato, descartando qualquer hipótese de colocar a Petrobrás em uma lista de empresas a serem privatizadas.
Apesar de considerar possibilidades de vendas de empresas públicas, quanto ao funcionalismo, o candidato deixou claro sua opinião: “O problema não é o funcionalismo”, defendeu ao referir à proposta de reajuste presente na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
Outro tópico abordado por Ciro foi o exemplo de seu estado na educação. Ele quer seguir as bases nacionais de um programa que fez o Ceará obter 77 escolas públicas entre as cem melhores avaliadas do Brasil.
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