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| Foto: Nelson Almeida/AFP

O GovTech Brasil, evento que busca uma agenda digital para o setor público organizado pelo empresário e apresentador de TV Luciano Huck, recebeu candidatos a presidente da República, nesta terça-feira (7), em São Paulo. Era uma oportunidade para apresentarem suas propostas na área de tecnologia e isso de fato aconteceu. Mas houve também espaço para gafes, ‘micos’ e até inesperadas coincidências.

Alckmin troca nome da mulher de Huck

O presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB), por exemplo, passou por uma saia justa no palco quando era entrevistado por Luciano Huck. Sua mulher, Angélica, estava na plateia e o tucano a cumprimentou referindo-se a outra apresentadora de TV, Eliana, que é ex-namorada de Huck. O apresentador interrompeu Alckmin, que já falava de outro tema, e cochichou em seu ouvido. Visivelmente constrangido, ele se levantou, abraçou Angélica e pediu desculpas ao microfone.

O dia já não estava sendo fácil para o ex-governador de São Paulo. Boatos (não confirmados) sobre uma delação premiada de Laurence Casagrande – ex-presidente da Dersa que está preso e denunciado pela Lava Jato paulista – que implicaria o presidenciável estremeceram a campanha tucana.

Pouco depois de falar no GovTech, jornalistas questionaram Alckmin se ele temia ser citado, ao que o tucano disse: “Nenhuma, nenhuma, nenhuma”. “Toda experiência que tivemos com Laurence Casagrande foi de uma pessoa correta. Não temos nada, nada, nada a temer”, afirmou. A possibilidade de delação de Casagrande é negada pela defesa de Casagrande e pelo Ministério Público.

Meirelles joga para a plateia

Já o presidenciável do MDB, Henrique Meirelles, tentou dar uma rejuvenescida ao se referir a Huck e ao público presente. “Você vai conhecer hoje o Meirelles ‘geek’”, disse, usando a gíria em inglês para o aficionado em tecnologia.

Contou que ajudou a criar o primeiro banco totalmente digital dos Estados Unidos e também no Brasil, e que as passagens dele no Banco Central e Ministério da Fazenda também foram marcadas por medidas de digitalização.

“No meu tempo, na bolsa de valores, os operadores trabalhavam aos gritos, pareciam o Bolsonaro e o Ciro”, ironizou, ao citar uma das transformações que aconteceram durante o mandato dele no BC. Atualmente, as operações da B3 são inteiramente digitais e não existe mais o pregão físico. O candidato defendeu um governo totalmente digitalizado para facilitar o acesso do cidadão aos serviços públicos.

Boulos: voto pelo celular, como no The Voice

O candidato Guilherme Boulos (PSOL) disse que, caso seja eleito, colocará como meta a universalização do acesso à internet. “Internet não pode ser privilégio”, disse. Falou do que chamou de “mistificação em torno da iniciativa privada” quando se trata do investimento em tecnologia. “O iPhone, por exemplo, foi criado com dinheiro público, veio de investimento público, não da Apple”.

Para Boulos, se o cidadão pudesse votar pelo celular, como faz no The Voice (reality show de cantores da TV Globo), “metade do Congresso estava fora”.

Huck perguntou à Boulos se o tema da inovação tecnológica pode ser pensado em termos de “direita e esquerda”. O candidato do PSOL afirmou que defende a tecnologia como uso social e com código aberto. “Nós não encaramos a tecnologia com a lógica da propriedade. Temos que colocar isso à serviço do combate das desigualdades”, disse.

Para Boulos, a tecnologia não é em si “um bem necessário”. “Não é um valor supremo, produziu a bomba atômica, e nem sempre foi utilizada para implementar os valores éticos.” O candidato do PSOL disse imaginar que através do Smartphone a população deveria poder se relacionar com o poder público. “Uma democracia 5.0 com participação digital, através de plebiscitos, referendos”, afirmou.

Quem diria? Amoêdo concorda com Boulos

Em lado completamente oposto de Boulos no espectro político, o candidato João Amoêdo (Novo) encontrou um ponto de convergência com o candidato do PSOL no GovTech: a criação da identidade digital única.

Amoêdo disse que um governo digital “tiraria o poder da burocracia, de quem está no poder, e devolveria o poder ao cidadão”. Do ponto de vista prático, afirmou que pretende implementar o documento único digital (que substituiria CPF, RG, Título de Eleitor) caso seja eleito e usar a tecnologia para melhorar a gestão da saúde.

“Com tecnologia, vamos implementar o prontuário eletrônico, marcação de exames, receitas e tele medicina”, disse. Amoêdo também prometeu que, se vencer as eleições, vai acabar com os cartórios e facilitar a abertura de empresas.

Aos jornalistas, o candidato do Novo disse que sua equipe avalia entrar na Justiça para garantir sua participação nos debates eleitorais na televisão, que começam com o da Band, nesta quinta-feira (9).

“Estamos avaliando (judicializar). A gente gostaria de já participar desse debate nesta quinta”, disse. “Basicamente porque nós entendemos que tem uma proposta diferente e o primeiro colocado nas pesquisas hoje é os 60% da população que não sabem em quem votar. Nada mais justo, entendo, que essas pessoas tenham a oportunidade de ver uma coisa diferente”, concluiu.

A lei determina que apenas presidenciáveis com partidos que têm cinco deputados na Câmara podem participar de debates na TV. Criado em 2016, o Novo não tem nenhum parlamentar no Congresso.

A presidenciável da Rede, Marina Silva, também participou do evento.

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