O coronel da reserva Carlos Alves voltou a publicar um vídeo com ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), dessa vez, voltados ao ministro Gilmar Mendes. Chama-o de criminoso e o acusa de receber suborno e propina para liberar habeas corpus.
"Todo mundo sabe, está na mídia, e eu posso processá-lo por estar me ameaçando. Eu não sou qualquer um. Sou um coronel do Exército. Do seu Exército. Estou cumprindo meu papel constitucional em defesa de homens como você. (...) Todo mundo sabe das suas falcatrua. Gilmar Mendes, criminoso. Não é digno de ser chamado de juiz".
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No mesmo vídeo, o coronel aposentado diz que o PT vai forjar um atentado. "Atenção senhores generais, da ativa e da reserva, atenção comandantes, atenção brigadeiros. Agora eles estão indo longe demais. Essa semana, amanhã ou depois, Manuela D'Ávila sofrerá um atentado e [Fernando] Haddad. Tudo planejado pelo PT para colocarem a culpa em [Jair Bolsonaro]. Eles não vão deixar o PT perder de graça", afirmou.
Esse vídeo de Carlos Alves já está com a Polícia Federal, ao menos, desde terça-feira (23).
O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou nesta quarta-feira, 24, que a Polícia Federal instaurou na terça-feira, 23, inquérito para apurar as ameaças feitas à presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Rosa Weber, pelo coronel da reserva do Exército Carlos Alves, que a chamou de “salafrária”, “corrupta” e “incompetente”.
Depois de a Segunda Turma do STF pedir uma apuração do caso, a Procuradoria-Geral da República solicitou que a Polícia Federal investigasse o caso. O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, informou que um inquérito foi instaurado pela PF para apurar as ameaças feitas.
Em outro vídeo, encaminhado pela equipe do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) às autoridades policiais no domingo (22), o coronel da reserva dirige as ameaças à ministra Rosa Weber, que além de ser ministra do STF, comanda a Corte Eleitoral.
Reforço na segurança
A ministra Rosa Weber já vinha sofrendo ameaças desde o primeiro turno das eleições e, desde então, sua segurança foi reforçada pela Polícia Federal. Após o episódio do capitão reformado, houve uma revista do esquadrão anti-bomba no prédio do tribunal e ainda mais reforço à segurança da presidente do TSE, conforme informa o próprio tribunal.
Essa segurança também será reforçada no dia do segundo turno, no próximo domingo (28), dia de muita movimentação no prédio.
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Também no STF deve haver mudanças na segurança após as ameaças dessa semana. A reportagem tentou contato com a assessoria da Corte para mais detalhes, mas ainda não teve retorno.
Reações
No primeiro vídeo, o coronel reformado chama a ministra Rosa Weber de "vagabunda e corrupta" e afirma também que o TSE sofrerá consequência caso decida impugnar a candidatura de Bolsonaro por conta das denúncias de caixa dois.
Na terça (23), os colegas no STF saíram em defesa da ministra, movimento iniciado pelo decano, Celso de Mello. Sem citar nominalmente o coronel chamou os ataques de "discursos imundo, sórdido e repugnante".
Para o decano, alguns cidadãos abusam dos privilégios da liberdade de expressão. “Optam por manifestar ódio visceral e demonstrar intolerância com aqueles que consideram inimigo. Tem incapacidade de conviver com harmonia no seio de sociedade fundada em bases democráticas. Todo esse quadro imundo que resulta no vídeo que mencionei que longe de traduzir liberdade de palavras constitui corpo de delito com ofensas”.
Celso de Mello afirmou ainda que o vídeo é um “ultraje inaceitável” ao Supremo. “Os injustos e criminosos ataques a sua honra ilibada representam um ultraje inaceitável a essa Suprema Corte, a ordem democrática e ao Judiciário do Brasil”.
Gilmar Mendes, que até o início deste ano comandava a Justiça Eleitoral, pregou a lisura do sistema eletrônico de votação. “O que se quer é criar ambiente de terror e suspeitas se resultados não atenderem determinadas expectativas. Isso é crime de lesa pátria e lesa democracia”.
O Exército Brasileiro, em nota, confirmou que Carlos Alves é mesmo um militar reformado, mas condenou a postura dele e também deu início a uma apuração interna. "O referido militar afronta diversas autoridades e deve assumir a responsabilidade por suas declarações, as quais não representam o pensamento do Exército Brasileiro", consta na nota, segundo a qual, o comandante do Exército, general Villas Bôas, encaminhou uma representação ao Ministério Público Militar solicitando a investigação de possível irregularidade.
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