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José Luiz Datena deixa programas na TV Bandeirantes para assumir pré-candidatura ao Senado | Beto Barata/PR
José Luiz Datena deixa programas na TV Bandeirantes para assumir pré-candidatura ao Senado| Foto: Beto Barata/PR

“O Datena é um grande comunicador, está no rádio, na televisão, tem credibilidade e pode ter uma votação gigantesca. Acho importante a sua participação”, disse o ex-governador de São Paulo e pré-candidato à Presidência Geraldo Alckmin (PSDB) nesta quinta-feira (28), ao apresentar seu programa de agricultura de seu plano de governo em Cascavel, no Paraná.

A expectativa de Alckmin quanto à pré-candidatura de José Luiz Datena, confirmada em evento em São Paulo também nesta quinta, dá a dimensão do alcance que uma candidatura de um apresentador de televisão com índices elevados de audiência pode registrar. Além de Datena, nomes como o ex-jogador e comentarista Edmundo, a jornalista Joisse Hasselmann e a ex-apresentadora do Fantástico e do Jornal Nacional Valéria Monteiro – há muito tempo fora da programação – , sinalizam surfar a onda do alcance obtido nas telas para uma incursão à vida política do país.

Atual comentarista da Fox Sports e filiado ao Podemos, Edmundo o ídolo de Vasco e Palmeiras pode reeditar a dupla que fez com Romário, pré-candidato ao governo no Rio de Janeiro, no Flamengo e no Vasco.

Caso queira se candidatar, Edmundo, assim como os demais apresentadores de televisão e de programas de rádio precisam se afastar das respectivas programações a partir de sábado (30), segundo as regras do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Mas a tendência é que o comentarista não dispute as eleições este ano por conta de compromissos comerciais. Edmundo já ensaiou uma candidatura à Câmara dos Deputados no passado, quando foi filiado ao PP e ao PDT.

Em comum entre Datena, Edmundo, Joice e Valéria, a exposição na TV e o anúncio mais próximo do limite para deixar seus programas. Pelas regras do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), apresentadores de rádio e televisão têm até o dia 30 (sábado) para deixarem suas atividades caso queiram se candidatar.

Análise: comunicadores têm grande vantagem em relação aos demais concorrentes

David Fleischer, professor emérito da Universidade Federal de Brasília (UnB), vê os pré-candidatos com passagens pela TV com uma grande vantagem em relação aos concorrentes sem a mesma condição. “O eleitor recebe [o apresentador de televisão] como uma pessoa crítica, que tem ideias próprias, e que é o outsider, como o [João] Doria, eleito [à prefeitura de São Paulo] como um outsider”, destaca o professor. Além de empresário, o ex-prefeito de São Paulo também foi apresentador de programa, na mesma Bandeirantes de Datena.

O professor lembra o que aconteceu quando o também apresentador Luciano Huck, da TV Globo, teve o nome cogitado para concorrer à Presidência da República. Huck passou a ser considerado no meio político como um candidato forte.

Fleischer volta no tempo ao citar outro exemplo: a candidatura do empresário e apresentador de TV Silvio Santos em 1989, quando chegou a ficar em segundo lugar nas pesquisas, atrás de Fernando Collor – que acabou sendo eleito.

“Que se explodam”

Datena deu um show ao vivo ao anunciar sua pré-candidatura ao Senado e se despedir da televisão. Em um hotel em São Paulo, nesta quinta-feira (28), fez graça de João Doria (PSDB), repreendeu barulhentos e desejou que adversários “se explodam”.

O apresentador vai disputar a vaga na chapa de Doria, pré-candidato a governador, e Rodrigo Garcia (DEM), pré-candidato a vice-governador. A segunda vaga de pré-candidato ao Senado está em aberto. Visto como potencial ajuda para a campanha presidencial de Geraldo Alckmin (PSDB), Datena detonou a segurança pública em São Paulo, estado que o tucano administrou por quatro mandatos.

“O PCC, criado aqui em São Paulo, é a organização criminosa que mais cresce no mundo inteiro. Significa que o sistema de segurança pública de São Paulo, do Brasil, está falido”, atacou, em discurso acompanhado por Doria e outros caciques como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o ministro Gilberto Kassab (PSD).

Levantamento realizado pelo Instituto Paraná Pesquisas apontou o apresentador na liderança das intenções de voto do eleitor paulista para o Senado, com 36,4%, à frente de Eduardo Suplicy (PT), com 33,1%. A sondagem ouviu eleitores dos 16 anos em diante em 82 municípios do estado de São Paulo entre os dias 13 e 18 de junho e está registrada no TSE sob o número 01617/2018, para os cargos de governador e senador. O grau de confiança é de 95% – o que significa que, se a pesquisa fosse realizada 100 vezes com a mesma metodologia, em 95 os resultados estariam dentro da margem de erro, que é de 2%.

“O rei, o príncipe e o bobo”

Edmundo, quando ainda jogava no Vasco.Foto: Fernando Soutello/AGIF/Folhapress

Romário e Edmundo fizeram dupla de ataque no Vasco em 2000. Os dois protagonizaram uma das mais célebres discussões entre jogadores do mesmo time ao brigar pela faixa de capitão e para se tornar o batedor oficial de pênaltis da equipe.

Ao se ver preterido para cobrar a penalidade, afirmou que o “rei”, o então presidente do Vasco, Eurico Miranda, havia definido que o “príncipe” Romário deveria fazer a cobrança. A resposta veio no jogo seguinte, após bela atuação de Romário. “Agora a corte está toda feliz. O rei, o príncipe e o bobo”, disse Romário.

Os dois já se reconciliaram. Romário é pré-candidato ao governo do Rio de Janeiro. Além de Edmundo, também está filiado ao Podemos o deputado estadual Bebeto (RJ), com quem o senador fez dupla de ataque na seleção campeão do mundo em 1994.

Na Fox Sports, também não tem fugido das polêmicas. A mais recente envolveu um bate-boca com o também comentarista Paulo Vinícius Coelho, colega de emissora, após a estreia da seleção brasileira na Copa do Mundo contra a Suíça.

Primeira mulher a apresentar o Jornal Nacional

Valéria Monteiro, ex-apresentadora do Fantástico.Foto: Dennis Romano/PMN

Pré-candidata à presidência da República pelo PRN, Valéria Monteiro é outro nome com passado na televisão. Seu currículo profissional é um rol de realizações: foi a primeira mulher a apresentar o Jornal Nacional, em 1992, depois de passar pela bancada do Fantástico, para onde voltou em 1993. Esteve na Globo de 1986 a 1993.

Foi ainda modelo e atriz – atuou na minissérie global ‘Incidente em Antares’ (obra do escritor Érico Veríssimo). Valéria já foi capa da Playboy, em janeiro de 1994, publicação que trazia o título: “linda como sempre, sensual como nunca”. Também foi capa da prestigiada revista “Imprensa”, que tratava do universo do jornalismo. Essa foi em 1990, com a seguinte chamada: “O preço da beleza: é duro ser bonita na imprensa brasileira”, reportagem que citou outras jornalistas nas suas páginas internas.

‘Pega de surpresa’

Joice Hasselmann: Foto: Reprodução

A jornalista Joice Hasselmann é outro nome vindo da televisão já confirmada como pré-candidata ao governo de São Paulo pelo PSL de Jair Bolsonaro. Antes cotada para concorrer ao Senado, disse em entrevista ao também jornalista Ítalo Lorenzon, do canal do YouTube Terça Livre, em vídeo publicado no dia 16 de junho, ter sido pega de surpresa, mas que aceitou o convite da legenda.

“Já havia uma conversa do partido, da ala mais executiva do partido, de que precisavam de um candidato para não precisar nem ficar neutro no maior estado brasileiro, na locomotiva do país, muito menos apoiar qualquer pilantra, como o Skaf [Paulo Skaf, do MDB, presidente licenciado da Federação das Indústrias de São Paulo], como se tentou, tinha ali um grupo minoritário tentando um acordo com o Skaf, que não era, obviamente, com as bênçãos do Bolsonaro, e não tem como apoiar um comunista como o Márcio França [do PSB, atual governador]”, disse a jornalista. “E lamentavelmente não tem como apoiar o Doria [João Doria, do PSDB, ex-prefeito de São Paulo]. Todo mundo sabe que eu acho o Doria uma pessoa bacana, simpática, mas entre achar uma pessoa simpática e achá-la qualificada pra governar o estado de São Paulo, há um abismo gigantesco.”

Segundo Joice, que foi comentarista política da RICTV/Rede Record no Paraná e apresentadora do canal de vídeos da revista Veja, não existia um candidato que atendesse “aos pré-requisitos mínimos daqueles que estão à direita de verdade”. Ela disse que, se eleita, cortará pelo menos 11 das 23 secretaria de Estado, a começar pela de Turismo.

Outros casos de apresentadores de TV conhecidos

Outros ex-apresentadores de televisão também buscam um espaço ao sol nas eleições deste ano. Atualmente vereador em Goiânia (GO), Jorge Kajuru (PRP) é pré-candidato ao senado e chegou a ter o nome cogitado para concorrer ao governo do estado. Em Minas Gerais, o jornalista e âncora do telejornal MG Record, na TV Record, Carlos Viana se filiou ao PHS (Solidariedade) para concorrer ao Senado.

No Paraná, Alyson Brasil, apresentador do programa Modão do Brasil, de música sertaneja, é pré-candidato a deputado federal pelo PP; Paulo Roberto Galo, conhecido pelos programas policialescos na TV da capital do estado, é pré-candidato a deputado estadual. Pelas redes sociais, avisou que deixa temporariamente a programação respeitando o estabelecido pelo TSE para tentar uma cadeira na Assembleia Legislativa.

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