| Foto: Evandro Éboli/Gazeta do Povo

João Vicente Goulart, 60 anos, foi lançado pré-candidato por sua legenda, o Partido Pátria Livre (PPL), à sucessão de Michel Temer em 2018. João Vicente é filho do ex-presidente João Goulart, deposto pela ditadura militar em 1964.

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O PPL tem origem no antigo MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro), que foi um grupo que defendeu a luta armada logo após a ditadura, mas que, a partir dos anos 1980, virou braço auxiliar do MDB, e depois do PMDB. O presidente nacional da legenda é o ex-guerrilheiro Sérgio Rubens. 

Formado em Filosofia, João Vicente dedica a vida à memória do pai. Ele preside o instituto com o nome de Jango, escreveu um livro sobre a vida no exílio do ex-presidente - que foi finalista do Prêmio Jabuti - e capta recursos para transformar em filme essa história. 

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Com a experiência de apenas um mandato eleitoral - foi deputado estadual pelo PDT em 1982, no Rio Grande do Sul - João Vicente também associa à imagem do pai sua ainda incipiente plataforma de governo e quer relançar as famosas “reformas de base” de Jango. São mudanças que dariam ênfase, entre muitos pontos, à reforma agrária, maior participação do Estado na economia e controle sobre as multinacionais.

Mais de 50 anos depois, ele ainda fala em rigor na remessa de lucros das empresas estrangeiras no país. O discurso nacional-desenvolvimentista prevalece. 

“Queremos de volta as reformas de base. Nunca saíram do papel. Como a reforma da lei de remessa de lucros. Olhe esse triste problema das teles. Já entregaram a Embratel, criada no governo Jango. Nos últimos quatro anos essas teles estrangeiras enviaram mais de R$ 38 bilhões de lucro para seus países. E ainda ficaram devendo R$ 20 bilhões de multa para o usuário”, disse João Vicente à Gazeta do Povo

“Ao que tudo indica, serei eu a ir para o sacrifício e será uma honra ser candidato a presidente do país. E levar a palavra das reformas de base, de 50 anos atrás. A causa do golpe de 64 não foi impedir o comunismo, mas impedir que o país fizesse as reformas estruturais. Que seria desenvolver um mercado interno forte e um país mais justo e de maior oportunidade", complementa. 

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João Vicente está sendo lançado candidato a presidente principalmente pela necessidade imposta pela cláusula de barreira. O partido precisa obter 1,5% dos votos em todo país e mais de 1% em nove estados em votações proporcionais para ter acesso a recursos do fundo partidário e a tempo na TV e no rádio. Atualmente, a sigla não tem um deputado na Câmara. Nessa linha, o filho de Jango está indo para o “sacrifício” por ser o nome mais conhecido da legenda. 

“A dificuldade será imensa. Além da falta de tempo em rádio e TV, você só participará de debate se for convidado. Mas estou disposto a cumprir essa missão. E missão partidária não se discute, se cumpre.”

Aliança com partidos de esquerda

João Vicente acredita que pode trabalhar como uma alternativa aos dois líderes na corrida presidencial: Lula e Bolsonaro. Ele aposta em alianças no campo da esquerda, com exceção do PT, e cita PCdoB, PSOL e Rede como possíveis aliados. 

“Falta, nesse quadro, um nome que possa puxar as reformas de base na linha do nacionalismo de Jango e Brizola (seu tio). Que seja uma opção ao discurso de ódio de Bolsonaro e também à rejeição ao PT.”

Questionado sobre qual foi a reação de sua mãe, dona Maria Thereza Goulart, sobre a possibilidade de disputar a Presidência da República, João Vicente respondeu: “Ela não sabe ainda. Mas acho que não vai gostar.”

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