A tentativa de formar uma frente democrática para se contrapor a Jair Bolsonaro (PSL) já é mais um plano fora da lista do PT neste segundo turno. A segunda-feira (15) terminou mal para a campanha de Fernando Haddad. E isso, muito mais pelos ataques de Cid Gomes (PDT), que deveria ser aliado, mas disse que o partido "merece perder" a eleição, do que pelos resultados do Ibope, segundo o qual o ex-prefeito está 18 pontos percentuais atrás do adversário.
O senador eleito pelo Ceará, irmão do ex-presidenciável Ciro Gomes, participou na noite de segunda de um evento em apoio a Haddad. "Não admitir erros que cometeram é para perder a eleição. Vão perder feio", disse, chamando os militantes petistas que o vaiavam de "babacas" e cobrando um "mea culpa" da sigla.
A fala preocupou Haddad que, nesta terça-feira (16), não quis comentar o episódio. "Cid é meu amigo", disse em frente a um hotel em São Paulo, onde o PT costuma se reunir. Ele insistiu para que fosse convocada uma reunião com a cúpula de sua campanha para rediscutir alguns pontos para os próximos dias. Faltam apenas 12 dias para o segundo turno. Estão lá o senador eleito Jaques Wagner, o novo coordenador da campanha, Gleisi Hoffmann, presidente do partido, e Rui Falcão, um dos mais importantes articuladores políticos do grupo e ex-presidente da sigla.
Após as declarações, na tarde desta terça, Cid tentou acalmar os ânimos ao dizer que Haddad é o menos ruim.
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O candidato está preocupado desde a semana passada. Jaques Wagner tem colocado "panos quentes" nas palavras de um interlocutor que acompanha Haddad. Semana passada, o senador eleito pela Bahia falou na criação de uma "frente democrática" em torno do PT para alavancar a candidatura do ex-prefeito de São Paulo. Mas não teve sucesso até o momento.
Nomes fortes do partido foram escalados, cada um com seu perfil, para as conversas. A ideia era reunir Ciro Gomes, Marina Silva, Fernando Henrique Cardoso e, no fim, até Henrique Meirelles. A maioria declarou neutralidade, com exceção do PDT de Cid e Ciro, que diz apoiar o PT de forma crítica. "Bem crítica, como se vê. O Cid faz ataques. O Ciro não dá as caras. O Lupi (presidente do PDT), não aparece nem para assinar um documento simbólico de apoio à candidatura", desabafou um aliado.
“FHC tem dito que não vota em Bolsonaro. “Se não está do lado do outro, está conosco”, afirmou um petista. Mas pode não ser bem assim. O tucano tem se mostrado incomodado com as investidas e insistências do PT. Haddad telefonou pessoalmente ao Instituto FHC e falou com o superintendente Sérgio Fausto, na tentativa de ter contato direto com o ex-presidente, mas ainda não conseguiu. Os dois tinham alguma proximidade antes do pleito, mas se afastaram desde então.
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Foi também Haddad que tentou levar para sua campanha o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, mas recebeu um não como resposta. Os dois apoios eram vistos como super relevantes por parte da articulação política próxima ao presidenciável, capaz, na avaliação deles, "de atrair um número considerável de votos de centro e de direita que hoje estão rumo a votar branco ou nulo".
Após a fala de Cid, Wagner voltou atrás nesta terça e negou já ter pensado na formação de uma frente democrática.
Antes de toda essa polêmica, em Brasília, a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, assinou um documento com outros cinco partidos, dois já integrantes da chapa petista – PCdoB e PROS – formando o que chamaram de Frente Ampla Pela Democracia, também composta por PSB, PCB e PSOL. A ideia é chamar outras legendas para integrar o grupo. Lupi, presidente do PDT, foi chamado, mas não compareceu.
Metodologia da pesquisa citada
O Ibope ouviu 2.506 eleitores nos dias 13 e 14 de outubro. A margem de erro é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos, e o intervalo de confiança é de 95%. O registro na Justiça Eleitoral foi feito sob o protocolo Nº BR-01112/2018. Os contratantes foram o jornal O Estado de S. Paulo e a TV Globo.