O presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antônio Nabhan Garcia, afirmou nesta quarta-feira (24) que a fusão entre os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente, num eventual governo Jair Bolsonaro (PSL), pode ser revista. O dirigente teve uma rápida reunião com o presidenciável, acompanhado de cerca de 40 produtores rurais.
A fala ocorre após Bolsonaro se reunir com deputados da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), na semana passada, que demonstraram divergência em relação à proposta. Nabhan Garcia, que chegou a ser cotado para ocupar a pasta, sempre foi defensor da fusão, com o objetivo de flexibilizar o que chama de “indústria de multas” no atual Ministério do Meio Ambiente.
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Antes do encontro, ele afirmou que a fusão era “muito bem-vinda” e que “tinha que ocorrer de qualquer forma”, em razão da promessa de reduzir para 15 o número de ministérios. Ao sair da casa do capitão reformado, disse que a medida pode ser revista.
“Podemos rever sim a fusão do ministério da Agricultura com o Meio Ambiente. Se tiver que funcionar separado, tudo bem. Vai valer a vontade da maioria da sociedade brasileira. Se for melhor para o Brasil, a posição será revista sem problema nenhum”, disse Garcia.
O presidente da UDR negou que se trate de um recuo na proposta inicial. “Se tiver que haver flexibilização, vai haver flexibilização. Ou vocês querem um governo autoritário, duro?”, afirmou ele na saída do condomínio de Bolsonaro na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.
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A divergência entre UDR e FPA ficou evidente no discurso de Nabhan Garcia na saída do encontro. “Aqui está reunida a base produtiva do agronegócio brasileiro. Hoje foi a vez de quem paga a conta do Brasil. Viemos reiterar nosso apoio. Aqui ninguém deixou para declarar apoio no final do segundo tempo ou na prorrogação. Nosso apoio foi incondicional desde o início dessa caminhada. Ele reiterou hoje que será a base produtora que vai indicar a composição do Ministério da Agricultura”, disse o dirigente.
A fusão dos ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente pretendida pela UDR e Bolsonaro não é consenso na bancada ruralista. Integrantes da FPA divergiram sobre este tema em reunião na semana passada, em Brasília. O debate ocorreu depois que um grupo de parlamentares da frente esteve no Rio com o presidenciável.
Eles temem que, ao se juntar as duas pastas, o responsável pelo ministério tenha que cuidar, além de questões do agronegócio, de problemas de lixo e esgoto das cidades, por exemplo. Ruralistas estão preparando um estudo sobre a junção dos ministérios, analisando experiências semelhantes em outros países.
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Nabhan Garcia voltou a defender que o Acordo de Paris seja revisto para que se troque a meta de “desmatamento zero” para “desmatamento ilegal zero”. “Alguns pontos do Acordo de Paris que ferem a nossa soberania e o nosso direito de propriedade precisam ser revistos. Nós temos uma legislação”, disse Garcia.
“Não queremos um alvará para impunidade. Queremos uma fiscalização educativa e em parceria, em vez de punição da indústria da multa”, disse.
Ele também defendeu a ampliação do crédito do BNDES para o setor rural, incluindo a agricultura familiar. Disse também não ser uma preocupação um eventual corte de subsídio, ressalvado situações em que a safra é afetada por uma situação extrema, como uma seca. “Com a política correta não precisa de subsídio.”