Relativamente popular no Sul, o senador paranaense Alvaro Dias (Podemos) terá de ficar mais conhecido nas demais regiões do país se quiser se tornar um candidato competitivo na disputa pela Presidência. A última pesquisa Datafolha mostrou que, se a eleição presidencial fosse apenas entre eleitores sulistas, Alvaro teria chances reais de disputar o segundo turno. Mas, por enquanto, ele ocupa apenas a sexta ou sétima posição na corrida eleitoral, com um patamar de intenções de voto que varia de 3% a 5%, dependendo do cenário.
Alvaro fica em 2.º ou 3.º no Sul, mas desempenho não se repete nas demais regiões
No Sul, onde Alvaro fez carreira política e é mais conhecido, ele tem entre 16% e 11% das intenções de voto, de acordo com o Datafolha. Ocupa a segunda ou a terceira posição nos diferentes cenários elencados na pesquisa.
Com o ex-presidente Lula (PT) na disputa, Alvaro é o terceiro no Sul. Sem o petista, que teoricamente não poderá concorrer por ser ficha suja, o senador fica em segundo. E, em algumas das simulações, Alvaro está num empate técnico, dentro da margem de erro de dois pontos porcentuais, com o deputado Jair Bolsonaro (PSL).
O bom desempenho de Alvaro no Sul, porém, não se repete em nenhuma outra região. No Centro-Oeste, ele tem entre 3% e 5%. No Sudeste, varia de 2% a 3%. No Norte e no Nordeste, de 1% a 2%.
Mas, ao menos por enquanto, o senador diz não se preocupar com os índices de intenção de voto. “Neste momento, a intenção de voto não é tão importante. O mais importante é a rejeição, que indica o potencial de crescimento”, diz o candidato.
Dentre os principais candidatos, ele é um dos que têm a rejeição mais baixa: apenas 16% dos eleitores brasileiros dizem que não votam nele de jeito nenhum, segundo o Datafolha. Isso significa que, em tese, 84% são eleitores que poderiam escolher o nome dele.
A aposta de Alvaro é que, se conseguir comunicar sua trajetória pública e suas propostas para o país, irá crescer. A plataforma do candidato tem se concentrado no que ele chama de “refundação da República” – uma profunda reforma que combata a corrupção e promova o corte privilégios, cargos e desperdício de recursos públicos.
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Alvaro sugeriu que poderia centrar esforços no Sul e no Centro-Oeste. Mas também tem “investido” no Sudeste e Nordeste
Em entrevista à Gazeta do Povo em dezembro de 2017, Alvaro sugeriu que poderia centrar esforços de campanha no Sul (para ampliar ainda mais suas intenções de voto) e no Centro-Oeste.
“Meu sonho é unir o Paraná [pela minha candidatura] de forma suprapartidária, com os prefeitos, políticos, entidades e associações. E não só o Paraná. Mas o Sul”, disse Alvaro na entrevista. “Então, por que não aproveitar a oportunidade de ter uma candidatura sulina que possa ser viabilizada? Eu creio que, se houver uma unidade do Sul [pela minha candidatura], certamente estarei no segundo turno. E também posso incluir aí o Centro-Oeste, que tem um eleitor de perfil semelhante ao do Sul.”
Hoje, o senador diz que ainda sonha com essa possibilidade. Mas também não descuida das demais regiões. Nas viagens recentes, Alvaro parece estar “investindo” principalmente no Sudeste e no Nordeste.
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Em pouco mais de um mês, de acordo com levantamento feito em seu perfil no Facebook, o candidato esteve em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, Sergipe, Piauí e Maranhão – além de Brasília, onde exerce o mandato de senador, e do Paraná e Santa Catarina. Em geral, tem participado de encontros com empresários, lideranças políticas (sobretudo vereadores e prefeitos) e militares.
Alvaro diz já ter agenda, para breve, na Paraíba, Bahia, Rio Grande do Norte, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul – além de São Paulo, o estado pelo qual mais tem circulado. “São 32 milhões de eleitores [paulistas]. E a mídia nacional quase toda tem sede em São Paulo”, justifica o senador.
Dar entrevistas frequentes a veículos de imprensa tem sido outra forma de Alvaro se tornar mais conhecido. Nos últimos 30 dias, segundo levantamento da reportagem, ele concedeu pelo menos 15 entrevistas a emissoras de televisão, rádio, internet e jornais impressos. Pelo menos uma a cada dois dias, em média. Ele diz que fala com jornalistas quase todos os dias. “Como um agricultor, estou lançando a semente [das minhas propostas].”
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Alvaro não terá muito tempo de TV. E só as redes sociais não elegem um presidente
A preocupação em estar presente em eventos no maior número de estados possíveis e de falar com a imprensa se justifica. Alvaro tende a não ser um dos candidatos com mais tempo de tevê na propaganda eleitoral gratuita – o Podemos é um partido de médio para pequeno.
E as redes sociais, embora cada vez mais relevantes numa eleição, não são suficientes para difundir suas ideias para um eleitorado mais amplo. Num país com mais de 140 milhões de eleitores, Alvaro Dias tem 1,1 milhão de seguidores no Facebook, 407,9 mil no Twitter, 15,7 mil no Instagram e 6,1 mil em seu canal no YouTube.
Metodologia da pesquisa Datafolha
A pesquisa Datafolha foi feita entre os dias 11 e 13 de abril. Foram entrevistados 4.194 brasileiros com 16 anos ou mais em 227 municípios brasileiros. A margem de erro é de 2 pontos porcentuais para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95% – o que significa que, se a pesquisa for realizada com a mesma metodologia 100 vezes, em 95 os resultados estarão dentro da margem de erro. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número BR-08510/2018 e foi encomendada pelo jornal Folha de S.Paulo.
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