Após adotar uma nova estratégia neste segundo turno, mais voltada ao centro e distante do ex-presidente Lula, Fernando Haddad (PT) renovou também o plano de governo da coligação. Tirou o termo Assembleia Constituinte, uma das polêmicas do primeiro turno, e eliminou menções à descriminalização das drogas e à reforma ou desmilitarização da polícia. Voltou-se ao mercado, com acenos ao Banco Central e ao agronegócio, e ainda flexibilizou a ideia de mandato fixo para tribunais superiores. Essa é mais uma peça na busca de votos para tentar derrotar o adversário Jair Bolsonaro (PSL).
O novo plano de governo vem sem o vermelho típico do PT nos tópicos internos e no índice e sem a foto de Lula na capa. O documento foi protocolado no início da semana no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas, até o início da tarde desta quinta-feira (18), ainda não tinha sido publicado pelo órgão eleitoral.
A reportagem da Gazeta do Povo teve acesso ao material na íntegra. Confira:
Haddad tirou pontos polêmicos
A formação de uma Assembleia Constituinte gerou uma onda de críticas ao PT. Haddad logo precisou voltar atrás da proposta e, em entrevista ao Jornal Nacional um dia após o primeiro turno, afirmou que desistiu de fazer uma Constituinte. Agora, o candidato também se compromete no papel, retirando a proposta de seu plano de governo.
Outra novidade é o aceno ao mercado. "O Banco Central manterá sua autonomia e seu mandato de controlar a inflação, permanecendo atento a temas como a estabilidade do sistema financeiro e o nível de emprego". O plano anterior falava na construção de um novo indicador para meta de inflação e não se comprometia com a autonomia da instituição.
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Ainda na linha de retirar pontos polêmicos, ao invés de defender a instituição de "tempo de mandatos para os membros do STF e das Cortes Superiores de Justiça", como fazia o plano de governo inicial da campanha, este é mais leve, e diz ser preciso "debater com o Poder Judiciário a necessária instituição de tempo de mandatos".
Propostas para segurança
Mas, entre todas as propostas, o campo da segurança foi o que sofreu mais modificações em relação ao plano anterior.
O tópico que propunha um Plano Nacional de Política Criminal e Penitenciária falava em "investir na reforma da legislação para reservar a privação de liberdade para condutas violentas e promover a eficácia das alternativas penas". Agora, o texto ficou mais direto e duro: "as prisões devem, prioritariamente, tirar o criminoso violento de circulação".
Há ainda defesa de uma polícia mais bem equipada, proteção de mulheres vítimas de violência e propostas contra o feminicídio.
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Em um contraponto direto a uma das principais propostas de Bolsonaro, que é facilitar o acesso ao porte de armas, Haddad vai no sentido contrário: "Não podemos aceitar o risco de um banho de sangue no país, como consequência do ódio, de armas nas mãos da população, de autorização ilimitada para o Estado matar. O combate implacável à impunidade e ao crime organizado será feito à base de inteligência e valorização da autoridade policial."
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