Alvo de dezenas de fake news na internet que o vinculam ao chamado “kit gay”, o candidato do PT à presidência da república, Fernando Haddad, afirmou, nesta terça-feira (16), que a educação sexual e a diversidades são temas que devem estar presente nas escolas, principalmente no ensino médio.
Segundo ele, isso deve ser debatido em sala de aula porque ajuda a prevenir a violência contra minorias LGBT nas escolas. “Quer que eu traduza no popular? [Diversidade na educação] é ensinar as pessoas a não bater em homossexual”, afirmou, em entrevista ao programa Pânico, da Rádio Jovem Pan.
Questionado se falar sobre educação sexual não seria uma “tarefa da família”, Haddad defendeu que a inclusão do tema em campanhas públicas previne abortos, exposição a drogas e ao álcool. “Como vamos reduzir (esses casos) se não educar sobre valores, procedimentos e como evitar doenças sexualmente transmissíveis? Isso é ciência e é isso que temos que levar para a escola”.
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Polêmica com Ciro e Cid Gomes
O presidenciável também foi questionado sobre a polêmica fala de Cid Gomes (PDT), senador eleito pelo Ceará e irmão do pedetista Ciro Gomes, terceiro lugar no primeiro turno presidencial. Cid afirmou nesta segunda (15) que o PT precisava de autorreflexão e bateu boca com apoiadores petistas durante um ato que seria pró-Haddad.
“O Psol e o PSB também são do campo progressista e manifestaram na primeira hora [apoio à candidatura de Haddad no segundo turno]. O Cid e o Ciro ficaram ressabiados por conta de questões locais e eu sei que não é comigo”, disse Haddad, que garantiu ser amigo de ambos. “Com certeza fui o ministro que mais investiu no Ceará. Ganhei o título de cidadão cearense. Entendo essas arestas, mas o respeito continua o mesmo”.
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Ele tentou ainda justificar o apoio do PT a candidaturas estaduais como de Renan Filho (MDB), eleito em Alagoas, sob o argumento de que “estão fazendo bons governos”
PT verde amarelo e controle de poderes
Ainda sobre o assunto “partidos e coligações”, Haddad tentou explicar a mudança da bandeira de campanha do vermelho petista para verde-amarelo. “Fomos quatro vezes para o segundo turno e a gente sempre mudou a bandeira da campanha porque não é mais o projeto de um partido. Você tem que ampliar o campo, convidar as forças do primeiro turno para prosseguir”, justificou a estratégia.
Haddad também destacou que sua relação com Lula vai além da política, já que atua como advogado do ex-presidente. “Espero que os tribunais revejam a sentença que o condenou sem provas”, disse. Na linha judiciária, o presidenciável tentou explicar o que o programa de governo prevê como “controle social” e que isso poderia, inclusive, derrubar o auxilio moradia:
“Toda instituição tem que ter um controle social que supervisione. Existe do Ministério Público, do Conselho Nacional de Justiça. A proposta é ampliar a presença sociedade nesses órgãos. O CNJ tem muitos juízes e poucos advogados. Ao ampliar o espectro de pessoas representadas, temos mais transparência. O auxílio moradia [dos juízes] só não terminou porque a maioria do CNJ é de membros que o recebem. Se não fosse, já teria acabado”.
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Neste sentido, o presidenciável ainda criticou a proposta de aumentar o número de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), de 11 para 23 ministros, creditada a Bolsonaro, e que daria a oportunidade de o presidente indicar 12 novos ministros.
“Isso é uma loucura. Ninguém pode fazer uma bancada no Supremo. Nunca vi isso nem na ditadura que ele tanto elogia”.
Segurança pública
O petista ainda entrou durante a entrevista na seara da segurança. Ele defendeu que certos crimes, como tráfico de drogas, devem ser investigados pela Polícia Federal pois “atravessam estados”, permitindo às políticas Civil e Militar se concentrarem em crimes como assassinatos, estupros, entre outros.
Também defendeu a realização de um censo carcerário para melhor divisão de presos e destacou que “o Brasil tem 300 mil mandados não cumpridos de homicida, estuprador, assaltante e gente que já cumpriu pena e poderia ter pena alternativa”. Ele disse, em crítica aberta a Bolsonaro, que é contra facilitar o porte de armas ao cidadão. “Essa é uma forma de tirar a responsabilidade do estado”, defendeu.