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No pedido ao TSE, Fernando Haddad diz “ratificar seu compromisso com a democracia e afirmar a sua participação no referido debate, em respeito e lealdade ao processo eleitoral”. | Nelson Almeida/AFP
No pedido ao TSE, Fernando Haddad diz “ratificar seu compromisso com a democracia e afirmar a sua participação no referido debate, em respeito e lealdade ao processo eleitoral”.| Foto: Nelson Almeida/AFP

A coligação do candidato a presidente Fernando Haddad (PT) pediu, nesta quarta-feira (24), ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que a Rede Globo seja obrigada a entrevistá-lo nesta quinta-feira (25), data em que estava prevista a realização de um debate entre os presidenciáveis. Com o pedido, Haddad tenta forçar a participação do adversário Jair Bolsonaro (PSL), que se recusa a ir a debates mesmo depois da liberação médica para retomar as atividades de campanha.

O PT argumenta que “será a primeira vez desde a redemocratização que não haverá debates presidenciais no segundo turno”. “Será esta a única oportunidade em que o eleitorado não poderá ver e ouvir os candidatos pondo em contraposição os seus projetos de país, dificultando-se a promoção de uma análise comparativa dos debates sincera”, dizem os advogados da coligação petista.

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A campanha de Haddad usa como argumento para o pedido uma resolução do TSE que prevê que “o horário designado para a realização do debate poderá ser destinado à entrevista de candidato, caso apenas este tenha comparecido ao evento”. Os advogados listam, inclusive, casos em que entrevistas foram realizadas no Distrito Federal e em Minas Gerais por causa da falta de um dos candidatos aos eventos.

No Distrito Federal, a CBN entrevistou Rodrigo Rollemberg (PSB) durante o tempo previsto para um debate que havia sido agendado para a segunda-feira (22). O adversário, Ibaneis (MDB), não compareceu.

Em Minas Gerais, o candidato Romeu Zema (Novo) faltou a dois debates: um nesta terça-feira (23), na TV Alterosa, afiliada do SBT no estado, e outro nesta quarta-feira (24), na rádio CBN. Nas duas ocasiões, o adversário Antônio Anastasia (PSDB) foi entrevistado durante o tempo previsto para o embate.

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No pedido ao TSE, Haddad diz “ratificar seu compromisso com a democracia e afirmar a sua participação no referido debate, em respeito e lealdade ao processo eleitoral, no intuito de promover a apresentação de suas propostas e o embate democrático necessários à formação da opinião do eleitor para o pleito que se aproxima”.

Haddad e Bolsonaro não se enfrentaram em nenhum debate

Os dois presidenciáveis que disputam o segundo turno da eleição não chegaram a se enfrentar em nenhum debate realizado neste ano. Nos primeiros encontros, Haddad ainda não era o candidato oficial do PT, que registrou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso em Curitiba cumprindo a pena em segunda instância da Lava Jato. Haddad só passou a participar dos encontros depois que o TSE barrou a candidatura de Lula e o PT o substituiu pelo ex-prefeito de São Paulo.

A essa altura, Bolsonaro já havia sofrido um ataque à faca durante um ato de campanha em Juiz de Fora (MG) e estava hospitalizado. Ele foi liberado pela equipe médica que o acompanha a participar de debates apenas na última quinta-feira (18) e, mesmo assim, decidiu não comparecer a nenhum encontro.

Antes de sofrer o atentado, em setembro, Bolsonaro já dava sinais de que não participaria mais dos encontros. O candidato do PSL teve um desempenho ruim nos dois únicos debates que participou, na Band e na Rede TV!.

O candidato chegou a cancelar sua participação em um debate da Rádio Jovem Pan antes de sofrer o atentado. O programa acabou sendo cancelado.

No último debate antes do primeiro turno, na Globo, a ausência de Bolsonaro – que já estava de alta do hospital – no programa foi criticada por seus adversários. O ex-candidato Ciro Gomes (PDT) ressaltou que chegou a ir em outro debate com uma sonda pendurada na perna, no mesmo dia em que deixou o hospital. Enquanto o debate da Globo ia ao ar, Bolsonaro concedia uma longa entrevista à TV Record, no mesmo horário – fato que também foi alvo de críticas dos adversários.

Nota da Rede Globo

Ao cancelar o debate previsto para esta quinta-feira (25), a Rede Globo emitiu uma nota explicando que recebeu um email da campanha Bolsonaro informando que ele “não poderá participar do evento, em razão de limitações de saúde”.

“Já o candidato do PT, Fernando Haddad, confirmou sua disposição de estar presente. Como se trata de campanha de segundo turno, obviamente não há outros candidatos para viabilizar a realização do debate”, argumentou a emissora.

A Globo informou que na reunião de elaboração das regras do evento “foi acertado com as assessorias dos candidatos que, se Jair Bolsonaro não pudesse comparecer por razões de saúde, o debate não seria substituído por entrevistas”.

Veja o e-mail enviado pela campanha de Bolsonaro

“‘Como informado pelo Rodrigo Marcondes, na reunião do dia 9 de outubro pp., a presença do candidato Jair Bolsonaro ao debate da TV Globo precisaria ser confirmada por sua assessoria, tendo em vista o seu atual quadro de saúde.

Apesar de o Dr. Antonio Macedo ter reduzido o nível de restrição de suas atividades rotineiras, o candidato continua com limitações em virtude da bolsa de colostomia. Segundo explicado pelo aludido médico (vídeo anexo), o paciente com a bolsa de colostomia fixada ao lado direito do abdômen, como no caso do candidato, não tem qualquer controle intestinal. Com isso, o seu preenchimento total pode ser rápido e inesperado, podendo levar ao rompimento da bolsa, o que gera extremo desconforto e constrangimento ao paciente.

Além disso, por orientação médica, ele ainda deve evitar esforço físico, estresse excessivo ou ficar muito tempo em pé.

Por esses motivos, ele não poderá comparecer ao debate marcado para o dia 26 de outubro, às 22 horas”.

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