Em crescimento nas pesquisas de intenção de voto, o candidato do PT, Fernando Haddad, foi o alvo preferido dos adversários durante o debate realizado nesta quinta-feira (20) pela TV Aparecida. Já o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), que não participou do evento por estar hospitalizado, foi pouco mencionado pelos oponentes.
Enquanto candidatos como Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT) trocavam elogios entre si durante o embate, Haddad foi alvo de duras críticas dos candidatos sorteados para fazer dobradinhas com ele. O ataque ao legado do governo Dilma Rousseff (PT) e a falta de uma autocrítica do Partido dos Trabalhadores em relação à crise econômica e aos casos de corrupção foram as principais cobranças ao candidato petista.
Adversários criticaram falta de autocrítica do PT
O candidato que fez críticas mais duras a Haddad foi Alvaro Dias (Podemos). O presidenciável chamou Haddad de “porta-voz da tragédia” e “profeta do caos”. “O PT é a crença na ignorância”, disse Alvaro em um embate com o petista. Em resposta às críticas dos demais candidatos, Haddad apenas insistiu em criticar reformas aprovadas por Temer e em falar de conquistas sociais nos anos de governo Lula.
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A falta de uma autocrítica do PT em relação aos casos de corrupção envolvendo membros do partido ficou evidente já no primeiro bloco do programa. A pergunta que todos tiveram que responder foi sobre o combate à corrupção. Haddad defendeu fortalecer as instituições “doa a quem doer”, mas aproveitou para cutucar a Lava Jato, acrescentando que as instituições devem ser apartidárias.
Seu padrinho político,o ex-presidente Lula está preso em Curitiba cumprindo pena na Lava Jato. Ele foi condenado por corrupção, mas Haddad ignorou esse fato no debate – começou sua resposta, inclusive, cumprimentando o ex-presidente.
Alckmin partiu para o ataque
Em um confronto com Geraldo Alckmin (PSDB), Haddad tentou colar no tucano a rejeição ao governo Temer. O petista perguntou a opinião de Alckmin sobre medidas aprovadas pelo governo, como o teto de gastos e a reforma trabalhista, e reforçou que o governo tem o apoio do PSDB. Em resposta, Alckmin defendeu as medidas e lembrou que “quem escolheu o Temer foi a Dilma”.
Haddad tentou mais uma vez constranger o tucano, sugerindo que ele lesse uma entrevista concedida pelo ex-presidente do PSDB, Tasso Jereissati, em que ele fez um mea culpa sobre o papel do PSDB na crise política. Jereissati disse que PSDB cometeu “erros memoráveis” ao contestar a reeleição de Dilma, votar contra o governo e se aliar a Temer.
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Ao admitir que seu partido está fragilizado, Alckmin se saiu melhor no confronto. O tucano ressaltou que o PSDB deve fazer uma autocrítica, assim como todas as legendas. “O PT, ao invés de fazer autocrítica, lança candidatura na porta de penitenciária”, provocou o tucano.
A troca de farpas entre Haddad e Alckmin durante o debate foi antecipada no horário eleitoral de quinta-feira (20). O candidato do PSDB veiculou na TV um vídeo criticando a relação do PT e de Lula com a Venezuela de Hugo Chávez.
Henrique Meirelles também mira em Haddad
Haddad também foi alvo de ataques de Henrique Meirelles (MDB). O candidato do MDB disse que o governo Dilma Rousseff havia feito a confiança dos brasileiros cair. Haddad tentou rebater: “Talvez o senhor tenha recuperado a confiança dos banqueiros da Faria Lima. Porque do povo esse governo não recuperou a confiança.”
Meirelles subiu o tom contra o petista. “Essa crise, candidato, talvez seja o caso de você se informar melhor, foi criada pelo governo Dilma.” Haddad respondeu que “ingratidão” era um dos maiores “pecados” da política, citando feitos dos governos petistas enquanto Meirelles presidiu o Banco Central.
Haddad virou o candidato a presidente do PT no último dia 11, depois que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) barrou a candidatura de Lula com base na Lei Ficha Limpa. Como Lula está preso na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, o partido ficou sem representante nos primeiros debates.
Bolsonaro foi citado em dois momentos
Ausente do debate por estar hospitalizado, Bolsonaro foi citado em dois momentos durante o debate – nos dois, foi alvo de críticas. Um deles foi quando Meirelles perguntou a Marina Silva o que ela acha sobre a proposta de Paulo Guedes, economista de Bolsonaro e apelidado de “Posto Ipiranga” do candidato para assuntos econômicos, sobre a volta da CPMF.
Marina aproveitou o embalo e criticou Bolsonaro. “É difícil governar um país com um Posto Ipiranga”, disse, ao se referir a Paulo Guedes. Ela disse também que há um “incêndio no Posto Ipiranga”, ao falar sobre o desencontro de informações sobre a proposta de Guedes.
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Marina também chamou de “desastrosa” a fala do vice de Bolsonaro, o general Antônio Hamilton Mourão (PRTB), sobre famílias sem pais. O general disse que “família sem pai e sem avô é fábrica de desajustados”. “Essa visão de política e de país deve ser combatida”, criticou a candidata.
Tanto Meirelles quanto Marina desejaram a rápida recuperação do candidato do PSL.
Boulos fez crítica velada a Bolsonaro
Bolsonaro também foi trazido para o debate em outro momento, de forma velada. Guilherme Boulos (PSOL) foi quem trouxe o assunto à tona, no segundo bloco do programa, ao comentar sobre o movimento criado por mulheres nas redes sociais contra a candidatura de Bolsonaro. Boulos usou a hashtag #EleNão para se referir ao capitão da reserva e mencionar uma manifestação marcada para o próximo dia 29, em diversas cidades do país, contra o capitão da reserva.