A trajetória de Lula, de ícone mundial da esquerda a condenado e preso por corrupção, foi destaque nos relatos da imprensa internacional neste sábado (7), quando o petista se entregou à Justiça. O ex-mandatário foi chamado de “porta-estandarte da esquerda global” pelo The Washington Post, que também lembrou de sua trajetória como filho de agricultores analfabetos e líder sindical, e do governo que tirou 20 milhões de brasileiros da pobreza, segundo estudo do Banco Mundial.
A frase de Barack Obama, que o chamou de “o político mais popular do mundo”, foi lembrada pelos dois principais diários americanos, como forma de marcar a “extraordinária reviravolta” de sua carreira política, segundo o The Washington Post.
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“Lula ficará em uma cela de pouco menos de 15 m2, com um assento sanitário privativo e chuveiro”, informou o francês Le Monde --segundo o qual o petista deve ficar de fora da eleição na qual, “ironicamente, está quase 20 pontos percentuais à frente das intenções de voto”.
O New York Times destacou que as acusações contra Lula são “um pequeno capítulo nos anais da Lava Jato”, uma investigação que condenou 120 pessoas até agora e que comprometeu o legado de seu governo.
O “impasse dramático” nas horas que antecederam a prisão também foi registrado. O Le Monde falou das “cenas caóticas” no Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo do Campo, e o Wall Street Journal destacou a “saga televisionada” da rendição que “fixou os olhares do país por dois dias”.
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O argentino Clarín transmitia ao vivo, na página inicial de seu site, as imagens da rendição de Lula, destacando o “forte aparato de segurança” na chamada. Boa parte dos principais veículos latino-americanos trazia a notícia na capa. O colombiano El Tiempo deu destaque a uma análise da agência de notícias France Presse que avalia que a prisão do petista é “um golpe mortal a toda uma geração de líderes da região”, e pode radicalizar a esquerda da América Latina.
Alguns veículos questionaram se Lula será capaz de manter o poder político e a mobilização da militância mesmo detrás das grades. O Wall Street Journal destacou o trecho do discurso em que Lula afirmou que “não é mais um ser humano, mas uma ideia”, e disse que o PT deve usar a imagem de seu fundador como a de um “mártir”, para ganhar apoio nas eleições deste ano.
O espanhol El País registrou que Lula afirma ser inocente e que fez um chamamento para que seus simpatizantes defendam suas ideias, por meio da declaração de que “há milhões e milhões de Lulas para andar por ele”.
Para a inglesa BBC, ele ainda tem uma “voz poderosa”. Mas para o New York Times, o discurso de Lula antes de se render mostra que “ele parece ter reconhecido que sua carreira política acabou – ao menos por enquanto”.
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