A bancada do partido de Jair Bolsonaro no Congresso terá mais empresários, militares e jovens do que a média das outras legendas. Será composta por políticos com idade, patrimônio e origem geográfica peculiares. E sua representatividade em termos de raça e gênero será quase tão desigual quanto a do restante do futuro Parlamento. Para descobrir essas e outras especificidades do grupo, o Estado comparou os eleitos pela sigla aos de outros partidos.
Entre os 52 deputados e 4 senadores do PSL, 83% são homens e 72%, brancos. Os demais grupos políticos somados terão 85% de homens e 75% de brancos. Ou seja, os bolsonaristas têm presença levemente maior de negros e de mulheres, se comparados às outras legendas somadas.
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Especialistas acreditam que a composição da bancada do PSL não tem necessariamente relação com as propostas de seus eleitos. A jornalista Joice Hasselmann, deputada federal mais votada nas eleições, com 1 milhão de votos, por exemplo, não pretende encampar nenhuma pauta feminista. “Mostrei que é possível vencer sem ter cota, sem ser filha de político, sem ser mulher de nenhum político, sem estar na rabeira de nenhum outro político.”
Segundo ela, seu projeto “é de nação e não de gênero”. Joice prefere priorizar o combate à corrupção e cortar benefícios nos Três Poderes. “Não tem como ter um monte de auxílio e assessores remunerados que muitas vezes não estão lá.”
Até setembro, a bancada do PSL tinha oito membros na Câmara e nenhum no Senado. Considerada um partido nanico até a divulgação do resultado eleitoral, a sigla tornou-se a segunda maior bancada da Câmara - e pode ainda alcançar o primeiro lugar, com a adesão de parlamentares de legendas que serão obrigadas a se fundir por não terem atingido o mínimo de representação.
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No quesito de renovação, a composição da bancada do partido de Bolsonaro é majoritariamente nova - na Câmara (90%) e no Senado (75%). Nos demais partidos, a taxa nas duas Casas fica entre 40% e 42%
Boa parte dos eleitos pela legenda para a Câmara (25%) pegou carona não só popularidade do capitão reformado do Exército, mas em seu histórico militar. Não faltam nomes de urna com os títulos de “major”, “delegado”, “coronel” e até “general”.
A preocupação com o combate ao crime levou o cabo da Polícia Militar de Minas Gerais Junio Amaral a iniciar a militância política em grupos de direita. “O País foi jogado muito à esquerda, nos últimos 30 anos, principalmente. É a hora de, no mínimo, equilibrar esse cenário ideológico. Com certeza, há uma guinada à direita, um levante à direita na sociedade”, diz o deputado federal eleito. Cabo Junior defende o endurecimento das leis e menos benefícios para condenados. “Isso cria um sentimento de leniência e permissividade que faz o crime compensar em nosso País”, sustenta.
Uma segunda característica do Cabo Junio marca a bancada do PSL como um todo. Ela é mais jovem do que a média. Enquanto as outras siglas têm a maioria dos parlamentares acima dos 50 anos, o partido de Bolsonaro concentra políticos abaixo dos 40. O policial militar eleito por Minas tem 31 anos.
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A bancada do grupo de Bolsonaro é também menos rica que o restante do Congresso eleito. O parlamentar mediano do PSL declarou bens que somam R$ 700 mil. Nos demais partidos, esse valor é de R$ 1 milhão. No partido de Bolsonaro, 43% se enquadram entre os que declararam patrimônio avaliado em mais de R$ 1 milhão. Em outros partidos, essa proporção chega a 50%.
Profissões
Apesar de ter grande número de militares entre seus quadros, a sigla não apresenta esse grupo como a atividade mais comum. Empresários compõem o maior bloco (são 23% no PSL, ante 11% nos demais partidos). Soraya Thronicke, nova senadora do PSL pelo Mato Grosso do Sul, com 373 mil votos, despertou para a militância política nos protestos de rua iniciados em 2013, que culminariam nos atos pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
A decisão foi tomada, disse Soraya, após ela perceber que os políticos corruptos não se abalam por protestos. Negando que o candidato do PSL à Presidência seja machista, Soraya disse que quer incentivar a participação das mulheres na economia. “Nós sempre fomos empreendedores. Então, a gente sente na pele essa demonização dos empresários e uma vitimização dos funcionários. Queremos apenas uma economia liberal que seja ‘ganha-ganha’ para todo mundo.” Sócia do marido em dois motéis, em Campo Grande e em Brasília, ela pretende trabalhar pelo Estado mínimo e pela abertura da economia.
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