A Lava Jato está em risco? Para o candidato a presidente Alvaro Dias (Podemos), sim. “Salvar a Lava Jato” tem sido o grande mote da campanha do atual senador ao Planalto. Para isso, ele pede repetidamente, em debates e durante suas inserções no rádio e na TV: “abra o olho, povo brasileiro”.
Já faz alguns anos que Dias se coloca como referência no combate à corrupção no Congresso Nacional, concedendo entrevistas para falar sobre o tema e tratando dele, também, em seus discursos e redes sociais. Desde que se lançou pré-candidato, no entanto, ele intensificou as menções à Lava Jato.
No lançamento oficial de sua candidatura, no começo de agosto, em Curitiba, chegou a anunciar que, se eleito, convidaria o juiz Sergio Moro para ser seu ministro da Justiça. Logo depois, durante a coletiva de imprensa, explicou que ainda não havia conversado com Moro. “Não anunciaria ninguém antecipadamente para nosso governo”, disse.
Desde que a campanha eleitoral começou oficialmente, o candidato do Podemos vem batendo na mesma tecla. No dia 17 de agosto, por exemplo, ele defendeu no Twitter a ideia de convidar Moro para fazer parte de seu governo. “Como ministro da Justiça ele teria ainda mais condições de impedir qualquer manobra para atrapalhar o trabalho de investigação da Polícia Federal. Como juiz ele não tem esse poder. Torná-lo ministro é fortalecer ainda mais a Lava Jato, justo o contrário do que querem os corruptos”, disse.
No debate presidencial realizado pela RedeTV, no último dia 18 de agosto, ele voltou à carga sobre o assunto. “Vamos transformar a Lava Jato na Tropa de Elite contra a corrupção, com apoio TOTAL do Governo”, disse, em fala replicada em sua conta do Twitter logo depois.
O senador também tem falado em “transformar a Lava Jato em política de Estado”. Hoje ela é, de acordo com o próprio Ministério Público Federal (MPF), “a maior investigação de corrupção e lavagem de dinheiro que o Brasil já teve”.
Embora Dias seja o candidato que mais o explora, o discurso de que a Lava Jato está em risco não é só dele. Trata-se de uma narrativa usada pelos mais diversos personagens da política e da justiça nacionais. O procurador do MPF Carlos Fernando dos Santos Lima, por exemplo, já fez diversas publicações em seu Facebook para alertar sobre os perigos que corre a operação.
Por lá ele costuma compartilhar artigos e matérias que reforçam a ideia de que determinados grupos querem neutralizar a Lava Jato. Em uma delas, em janeiro deste ano, ele afirmou que “não adianta ficar tentando culpar a Lava Jato. Apenas fizemos revelar o que todo mundo intuía, sabia no seu íntimo, mas não tinha como provar”.