A força-tarefa da Lava Jato pediu que a senadora e presidente do PT, Gleisi Hoffmann, seja retirada da lista de advogados que representam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), o ex-presidente transformou a Superintendência em seu “comitê de campanha”.
Lula está preso desde abril para cumprir a pena de 12 anos e um mês de prisão na Lava Jato. A condenação em segunda instância, em janeiro deste ano, tornou Lula inelegível pela Lei Ficha Limpa. Mesmo assim, o partido vai registrar a candidatura de Lula à presidência nesta quarta-feira (15).
Ao ser incluída na lista de advogados de Lula, Gleisi passou a ter livre trânsito na Polícia Federal (PF) para visita-lo, já que essa é uma prerrogativa dos advogados do ex-presidente. As demais visitas estão restritas apenas a um dia por semana, às quintas-feiras.
LEIA TAMBÉM: Lula apresenta programa de governo oficial com 62 páginas. Veja as propostas
Além de Gleisi, também estão cadastrados como advogados o ex-prefeito de São Paulo e coordenador da campanha de Lula, Fernando Haddad; o deputado federal Waldih Damous; Emidio Pereira; e Luiz Carlos Sigmaringa Seixas.
Benefícios
No documento, assinado pela força-tarefa da Lava Jato, os procuradores lembram que a situação de Lula é diferente da maioria dos presos comuns no país. Lula está preso em uma sala especial na Superintendência da PF, com banheiro privativo e televisão. “Cabe referir que estão, em verdade, asseguradas condições que, como regra, são negadas à maioria dos demais apenados que cumprem pena em território nacional”, destacam os procuradores.
DESEJOS PARA O BRASIL: Democracia aprofundada
Os procuradores reclama, no documento, que o ex-presidente vem recebendo visitas de muitas pessoas em qualquer dia. “Parece haver, em realidade, uma aparente tentativa de ludibriar as regras fixadas para visitação do encarcerado, possibilitando assim a visita em qualquer dia, desde que o visitante seja advogado”, diz o documento do MPF.
“Sob outro aspecto, basicamente por que todas as procurações juntadas aos autos são de políticos (ainda que alguns não exerçam mandato legislativo), revelam numa análise perfunctória, que as visitas não têm por objetivo a defesa judicial do apenado, senão a de possibilitar por parte de LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA, a condução e a intervenção no processo eleitoral de quem materialmente está inelegível, transformando o local onde cumpre pena - a sede da Polícia Federal - , em seu comitê de campanha”, diz a Lava Jato.
LEIA TAMBÉM: Marcha para registro da candidatura de Lula reúne milhares e para trânsito
Os procuradores também reclamam de uma entrevista concedida pelo ex-presidente ao jornal italiano “La República”. Segundo a Lava Jato, Lula cometeu “abuso do exercício da liberdade de expressão e comunicação” ao conceder entrevista sem autorização judicial.