Alvo de especulações sobre a possibilidade de se candidatar a um cargo eletivo no ano que vem, o procurador do Ministério Público Federal (MPF) e coordenador da Lava Jato, Deltan Dallagnol, descartou nesta quarta-feira (29) que alguém envolvido nas investigações seja candidato em 2018. O procurador foi o porta-voz da Rede de Controle da Gestão Pública – Paraná na leitura de um novo manifesto chamando a sociedade para a defesa da Lava Jato e demais investigações de corrupção no país.
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“Eu desconheço qualquer agente público que esteja envolvido na Lava Jato que esteja se articulando em uma campanha para as eleições”, disse Deltan. “Eu não vejo absolutamente ninguém percorrendo o seu estado, fazendo conexões, eu não vejo absolutamente ninguém tendo um contato sequer com partido político com esse objetivo”, completou o procurador.
Até agora, Deltan não havia negado categoricamente que não participará das eleições no ano que vem. O nome do procurador aparece bem avaliado em pesquisas de intenção de voto para o Senado pelo Paraná e ele tem sido sondado por algumas legendas. Para Deltan, há um discurso que busca politizar a Lava Jato e assim afetar a credibilidade das investigações.
O procurador também elencou quatro tipos de ataques à operação: os ataques contra as instituições, como a desconfiguração das 10 Medidas Contra a Corrupção no Congresso e do projeto de lei de abuso de autoridade; os ataques que retiram instrumentos das instituições, como a tentativa de esvaziar o instituto da colaboração premiada; os ataques que buscam esvaziar resultados e punições, como a tentativa de anistiar o caixa dois; e os ataques à credibilidade dos investigadores, através da criação de factoides.
Renovação
Apesar de garantir que não é candidato em 2018, Deltan deu a entender que vai tentar influenciar as eleições do ano que vem. Nesta quarta-feira (29), Deltan leu um manifesto elaborado pela Rede de Controle da Gestão Pública – Paraná, composta por 18 instituições, como MPF, Polícia Federal, Tribunais de Conta, entre outros órgãos. O manifesto tem um conteúdo parecido com a Carta do Rio de Janeiro, elaborada pelas forças-tarefas da Lava Jato em Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro e divulgada na segunda-feira (27).
No novo manifesto, as instituições lembram a votação na Câmara dos Deputados que acabou desfigurando as 10 Medidas Contra a Corrupção propostas pelo MPF e pedem o apoio da sociedade para “evitar retrocessos e para garantir que sejam eleitos, em 2018, candidatos com ficha limpa e comprometidos com a pauta anticorrupção”.
“O ano de 2018 é um ano chave na luta contra a corrupção no nosso país. Isso porque é a eleição dos representantes que comporão o nosso Congresso Nacional, deputados federais e senadores, que determinará se o Congresso a partir de 2019 trabalhará contra ou a favor do combate à corrupção no Brasil”, disse Deltan após ler o manifesto.
O procurador, que já disse nesta semana que 2018 será o ano da “batalha final” da Lava Jato, voltou a insistir na necessidade de renovação no Congresso Nacional. “É o momento em que será possível colocar no Congresso aqueles que impedirão retrocessos contra a investigação e avançarão reformas”, disse. “Sem renovação nós não temos esperança de que existam reformas sistêmicas e profundas nos moldes que nós precisamos para reduzir de forma significativa os números de corrupção e impunidade do nosso país”, completou.
A Rede de Controle da Gestão Pública deve lançar no ano que vem uma campanha de conscientização contra a corrupção no Paraná. As entidades que compõem o grupo não deram detalhes sobre como será a campanha e o alcance que a medida deverá ter.
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