A um ano da eleição presidencial, o marqueteiro Marcello Faulhaber, estrategista da vitoriosa campanha de Marcelo Crivella (PRB) para prefeitura do Rio de Janeiro em 2016, ousou fazer uma “profecia” em artigo publicado no jornal El País: o apresentador Luciano Huck (sem partido) estará no segundo turno caso saia candidato ao Palácio do Planalto em 2018.
“Mais que isso: poderá até ganhar a corrida presidencial já no primeiro turno, especialmente se conseguir fazer de Joaquim Barbosa [ex-presidente do STF] o seu vice”, profetizou no texto intitulado “O camaleão que corre por fora”.
Para ele, Huck é “candidatíssimo” e tem o dobro de chances de ser um dos dois nomes que disputarão o segundo turno na comparação com Marina Silva (Rede), Geraldo Alckmin (PSDB), João Doria (PSDB) e Ciro Gomes (PDT).
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Os únicos capazes de rivalizar com o apresentador global são, na avaliação de Faulhaber, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PSC) e o próprio Joaquim Barbosa (sem partido) – daí a afirmação de uma chapa Huck-Barbosa ser quase imbatível.
A análise do estrategista parte de duas premissas cruciais para o pleito de 2018: a de que Lula não conseguirá se candidatar e a de que a eleição presidencial será ganha por um candidato outsider, alguém de fora da política, como o empresário João Doria em 2016.
Mas e Doria em 2018? Faulhaber afirma que a candidatura dele não tem mais futuro e explica o porquê: “O tempo vem consolidando Lula e Bolsonaro, duas reconhecidas figuras anti-establishment, como favoritos para o segundo turno das eleições. O não-político que parecia poder ameaçá-los, segundo “analistas torcedores” do mercado financeiro, tornou-se mais político que todos os outros: colocou seu mandato recém conquistado em segundo plano para fazer campanha, passando por cima até mesmo de quem lhe criou politicamente – sua candidatura não tem futuro. Mas, agora, surge um não-político de verdade, correndo por fora e com chances reais de complicar a vida de Lula e Bolsonaro: o “camaleão” Luciano Huck.”
Em resumo, segundo o estrategista, “todos os caminhos hoje indicam que se Lula não conseguir ser candidato, o segundo turno será disputado entre Luciano Huck e Jair Bolsonaro. Mas, o caminho é longo e erros fatais poderão ser cometidos.” Ele lista três ameaças ao sucesso da possível candidatura do apresentador de tevê ao Palácio do Planalto:
1) Ser identificado como candidato dos ricos
A visibilidade de Luciano Huck na principal emissora de televisão do país o torna uma pessoa conhecida e com trânsito em todas as camadas sociais. Mas isso também pode se tornar um ônus, na visão de Faulhaber. O risco é ele “ser identificado pelos eleitores, especialmente os mais pobres e a classe média, como o candidato dos ricos, do establishment, da Globo”. Segundo ele, a revolta da população com os grandes veículos de comunicação é tão grande quanto com as elites políticas. Se em algum momento Huck for identificado como o candidato da TV Globo, isso pode imediatamente enterrar qualquer chance de sucesso nas urnas em 2018.
2) Cair na armadilha de atacar Lula
O estrategista de Crivella lembra que um dos maiores erros de Aécio Neves nas eleições de 2014 foi bater no ex-presidente Lula e no PT, ao invés de concentrar suas críticas na gestão da então presidente Dilma Rousseff. “Esse erro foi fatal na medida em que permitiu que os estrategistas do PT levassem o debate para a comparação dos 12 anos desse partido com os 8 anos de FHC. Foi essa estratégia equivocada de pregar para os convertidos que, em última análise, fez Aécio perder uma eleição que estava ganha”, explica Faulhaber, lembrando que milhões de brasileiros são extremamente gratos a Lula pela melhora de suas condições de vida na década passada e o tempo tem mostrado que não há acusação, denúncia ou condenação capaz de fazê-los mudar esse sentimento.
3) Abandonar a estratégia do camaleão
Luciano Huck é identificado por Faulhaber como um candidato “camaleônico”, aquele que consegue dialogar e/ou vender uma imagem diferente dependendo do público a quem se dirige. No mundo de hoje, segundo ele, a figura que mais encarna esse tipo de posicionamento é a chanceler alemã Angela Merkel, “a líder que há mais tempo comanda um país democrático no mundo”. O maior risco nesse caso, alerta o marqueteiro, é Huck não saber usar corretamente a estratégia do camaleão. “No fundo, para ganhar essa eleição e fazer um governo histórico, será preciso que Luciano Huck seja mais coração e menos razão, que se guie mais por seus valores de homem de família, que quer melhorar a vida das pessoas, do que pela ideologia que há em sua cabeça.”
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