Pelo menos 14 candidatos do Partido dos Trabalhadores (PT) e do Partido da República (PR) teriam usado um esquema irregular de pagamento a influenciadores digitais para divulgação de conteúdos de campanha e elogios aos políticos, segundo o jornal O Globo. O esquema é organizado através de dois aplicativos – Follow e Brasil Feliz de Novo – criados por uma mesma empresa que pertence ao deputado e candidato ao Senado por Minas Gerais Miguel Corrêa (PT).
Entre os nomes que estariam usando o esquema irregular está o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT ao Planalto. Lula está preso em Curitiba desde abril após ter sido condenado em segunda instância no caso tríplex, no âmbito da Lava Jato. Seu nome deve ser barrado pela Justiça Eleitoral, já que a Lei da Ficha Limpa proíbe que condenados em turma colegiada disputem as eleições.
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Além de Lula, participam do esquema mais 13 candidatos, segundo O Globo. Entre eles, estariam: Lindbergh Farias (PT), postulante ao Senado pelo Rio de Janeiro; Fernando Pimentel (PT), candidato a governador de Minas; Wellington Dias (PT), que concorre ao governo no Piauí; Luiz Marinho, candidato do PT ao governo em São Paulo; Márcia Tiburi,candidata do PT ao governo do Rio de Janeiro; Décio Lima (PT), postulante a governador de Santa Catarina; Tiririca (PR-SP); Gleisi Hoffmann (PT-PR); Kátia Sastre (PR-SP); Andréia Gonçalves (PR-SP) e Luciana Costa (PR-SP).Esses últimos tentam uma vaga na Câmara.
Entenda como funciona o esquema
O esquema de compra de postagens funciona através de dois aplicativos: Follow e Brasil Feliz de Novo. Nesses aplicativos, influenciadores digitais se cadastram e, depois, passam a receber uma “cartela” de notícias positivas e elogios que devem divulgar em suas redes sociais. O conteúdo das mensagens é criado por um equipe de jornalistas dos aplicativos. O objetivo das mensagens é favorecer o candidato que pagou pelo serviço.
Os influenciadores que divulgam o conteúdo em suas redes sociais recebem por isso. Um vídeo divulgado no canal oficial da Follow Now no Youtube, e que foi apagado após a revelação das denúncias, mostra que a agência paga de R$ 125 a R$ 225 por semana aos internautas cadastrados para disseminar os conteúdo dos candidatos nas redes.
O que diz a lei
A divulgação de conteúdo de campanha sem indicação de impulsionamento é proibida pela legislação eleitoral. “É vedada a veiculação de qualquer tipo de propaganda eleitoral paga na internet, excetuado o impulsionamento de conteúdos, desde que identificado de forma inequívoca como tal e contratado exclusivamente por partidos políticos, coligações e candidatos e seus representantes”, diz o artigo 24.ª da resolução 23.551/2017 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Caso veio à tona no domingo
As primeiras notícias sobre o pagamento irregular de influenciadores digitais veio à tona no domingo (22), após uma série de perfis no Twitter começarem a publicar tuítes favoráveis ao governador do Piauí e candidato a reeleição Wellington Dias (PT). Uma jornalista, que participava do esquema, também chegou a divulgar detalhes de como funcionava o sistema de propagação de notícias.
Na terça-feira (28), a Gazeta do Povo trouxe uma matéria contando como funcionavam os aplicativos de compra de postagens. A reportagem entrevistou duas pessoas que participavam do esquema – um que usava o app “O Brasil Feliz de Novo” e outro que integrava um esquema semelhante coordenado pela agência Lajoy. A matéria mostra que os influenciadores podem ganhar até R$ 2 mil por mês com a divulgação das mensagens.
Outro lado
Os políticos citados pelo O Globo negam ter pago pela publicidade positiva. Tiririca não respondeu aos questionamentos da reportagem. Luciana e Andréia não foram localizadas.
Sobre o caso, Joyce Faletti, dona da Lajoy, se manifestou por meio de nota. “Fui contratada, para o mês de junho e julho, pela empresa Be Connected para dar consultoria sobre quais jovens profissionais tecnológicos e digitais de esquerda eram aptos a construir e sugerir a melhor tática (conteúdo: posts, memes e gifs) de apresentar a proposta para quando chegasse o período eleitoral. Não havendo nenhuma contratação pela minha empresa para este período. Através da minha experiência, conhecimento e proximidade com os influencers, indiquei os que, como eu, discutem e fortalecem as causas progressistas de esquerda. Apenas seguindo a solicitação do nicho pedido pela Be Connected. Não é surpresa pra ninguém que me acompanha que eu sempre fui de esquerda e sempre fui Lula Livre e sempre fui petista e apoio o PT. A Lajoy existe há 8 anos. Nossa credibilidade foi conquistada com muito trabalho e responsabilidade. Neste caso, não agimos diferente. Temos segurança da qualidade do nosso trabalho e da parceria consistente com nossos clientes e parceiros.”
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