A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, acredita que, após a eleição, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva será solto. "Eu não tenho dúvidas de que, logo após o processo eleitoral, o Lula vai estar nas ruas novamente". E disse que o líder petista terá “papel importante e grande” em um eventual governo de Fernando Haddad no Palácio do Planalto. As afirmações foram dadas ao jornal Valor Econômico em entrevista publicada nesta segunda-feira (17).
A petista é uma das principais interlocutoras do discurso de que Lula é vítima de perseguição política e de um julgamento de exceção. O ex-presidente está preso desde 7 de abril na Polícia Federal, em Curitiba, cumprindo pena de 12 anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. No domingo (16), o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) afirmou, em transmissão ao vivo direto do hospital, que “Haddad eleito concederá indulto a Lula no primeiro minuto da posse”.
Declarações de alguns aliados corroboram a tese do candidato do PSL. “Vamos eleger Haddad presidente da República, e eu tenho certeza que o Haddad irá assinar no seu primeiro dia de governo um indulto para o presidente Lula, irá tirá-lo desta prisão injusta e arbitrária”, disse o governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), no sábado (15).
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Contudo, na entrevista, Gleisi disse que Lula “não precisa” disso. "O presidente Lula não precisa de indulto. Precisa de justiça, de um julgamento justo. Vamos trabalhar para que isso aconteça e ele seja liberado o mais rápido possível. O Lula foi preso para não participar da eleição. Eu não tenho dúvidas de que, logo após o processo eleitoral, vai estar nas ruas novamente. Não se justifica a prisão do Lula pelo processo que ele foi julgado e condenado", disse a presidente da legenda.
Em sabatina promovida pelo jornal Folha de S.Paulo, UOL e SBT nesta segunda-feira (17), Haddad afirmou que jamais conversou com Pimentel sobre indulto, mas falou com ex-presidente sobre esse tema. O candidato a presidente do PT repetiu que sua posição é a mesma de Lula, que espera ser absolvido pela Justiça brasileira.
Governo em Curitiba
Solto ou não, é certo que Lula terá papel central num eventual governo petista, como tem na campanha, como teve na estratégia até aqui. Ele é o principal nome do partido, a voz, o puxador de votos, por quem todos têm respeito, embora suas ideias não sejam sempre unânimes.
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Questionada se Lula terá papel central se Haddad for presidente, Gleisi confirmou. "[Terá] papel preponderante na política brasileira ele teria. Se nós estivermos no governo, com certeza vai ter um papel importante e grande. E no partido também. O Lula é nossa grande liderança".
Urnas
A estratégia do PT, desde o início da campanha, é grudar a popularidade de Lula em Haddad e apostar nisso para transferir votos. Esse foi um dos motivos que levou o partido a chegar tão longe com o nome do ex-presidente na chapa.
"Essa identificação com o presidente Lula já estava acontecendo. O Haddad já era candidato a vice, agora os programas de TV estão fazendo fortemente isso. E o Haddad tem sido um leal defensor do presidente, do seu legado, um representante dele mesmo nessa corrida", disse Gleisi ao Valor.
O Nordeste é a região em que o partido é mais forte. Na reta final da campanha, a estratégia é aumentar a presença no Sudeste, ondes estão os maiores colégios eleitorais do país. "Nós temos o desafio também de consolidar nosso eleitorado no Sudeste, que é o grande colégio eleitoral brasileiro. Principalmente São Paulo, Minas e Rio de Janeiro. São Estados que teremos prioridade de participação dele em agendas", explicou a presidente petista.
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