Apesar de o candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL) ser contra a presença massiva de empresas chinesas no Brasil, principalmente no setor elétrico, as companhias do país asiático já são uma realidade nos negócios locais. Pelo menos 67 empresas diferentes da China investiram por aqui nesta década. Elas estão presentes, principalmente, em setores regulados da economia, como energia, petróleo, gás e extração mineral, e entraram em terras brasileiras vencendo concessões e comprando e/ou virando sócias de companhias públicas e privadas com atuação no Brasil.
A polêmica sobre a presença de empresas chinesas voltou à tona após Bolsonaro afirmar que o país não pode deixar o setor elétrico nas mãos de chineses. As críticas do candidato partem da tese, defendida por alguns especialistas, de que é preocupante deixar setores estratégicos da economia nas mãos de estrangeiros, principalmente de empresas controladas por governos de outros países.
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“Para mim, energia elétrica a gente não vai mexer. Até converso com o Paulo Guedes [apontado como ministro da Economia de Bolsonaro]. O que dá errado lá [na Eletrobras] é indicação política. Nós vamos indicar as pessoas para compor isso [o comando da estatal]. Você não pode privatizar para qualquer capital do mundo. A China está comprando o Brasil. Você vai deixar nossa energia na mão do chinês?”, disse em entrevista à Band, na terça-feira (9), após ser questionado se privatizaria a Eletrobras.
O presidenciável exemplificou o seu pensamento fazendo uma comparação. “Suponha que você tem um galinheiro no fundo da sua casa e viva dele. Quando privatiza, você não tem a garantia de comer um ovo cozido. Nós vamos deixar a energia nas mãos de terceiros?”
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Essa, porém, não foi a primeira vez que Bolsonaro criticou a invasão chinesa. Em outras oportunidades, o capitão da reserva já repetiu a frase: “A China não está comprando no Brasil, ela está comprando o Brasil”. Uma das citações mais recentes foi em entrevista ao programa “Os Pingo dos Is”, da Jovem Pan, em que disse que deseja manter relações comerciais com o país asiático, mas que não pode permitir que “a China ou qualquer outro país, em vez de comprar no Brasil, venha comprar o Brasil”.
China já comprou parte das empresas e concessões brasileiras
Bolsonaro goste ou não, as empresas chinesas já compraram parte de companhias ou concessões brasileiras. Somente nesta década, entre 2010 e 2017, quando o fenômeno se acentuou, elas confirmaram investimentos de cerca de US$ 53,5 bilhões no Brasil, a maior parte em áreas reguladas: US$ 25 bilhões em projetos no setor elétrico e US$ 16,4 bilhões na área de petróleo e gás.
Grande parte dos aportes é feita por estatais chinesas, que vencem concessões ou adquirem (total ou parcialmente) companhias com atuação no Brasil, sejam elas do governo ou de capital privado. As maiores investidoras de 2010 a 2017 foram as estatais Wisco (fornecedora de autopeças), a China Three Gorges (de energia), a State Grid (de energia) e a Sinopec (de energia e petróleo e gás). Os dados são do Ministério do Planejamento.
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Exemplos da presença chinesa
O setor elétrico é o melhor exemplo da presença chinesa em terras brasileiras. Os chineses possuem 9,6% de toda a capacidade instalada de geração de energia do Brasil, mais de 5% de todo o sistema de transmissão e pouco mais de 10% da parte de distribuição, segundo dados levantados pelo jornal Valor Econômico. Tudo isso está nas mãos da China Three Gorges (CTG), da State Grid e da State Power Investment Corporation (SPIC), com suas respectivas filiais ou controladas.
A State Grid, por exemplo, é dona de 23 concessionárias e opera 12,5 mil quilômetros de linhas de transmissão. Ela entrou no país em 2010 e aumentou a sua presença ao comprar transmissoras nacionais que pertenciam a uma subsidiária da Cemig (estatal mineira de energia) e, mais recentemente, a CPFL, uma mais maiores distribuidoras de energia do Brasil.
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Mas a invasão chinesa também é vista em outros setores. O caso mais recente é desta terça-feira (16), quando os chineses da CNPC anunciaram que fecharam um acordo com a Petrobras para finalizar a refinaria do Comperj, no estado do Rio de Janeiro, e ficar com 20% do complexo petroquímico. Eles também terão cerca de 20% em campos de produção de petróleo na Bacia de Campos. A CNPC e a Petrobras já são parceiras desde 2013.
No setor de portos, um exemplo recente é da China Merchants Port (CMPort), que pertence ao conglomerado estatal chinês China Merchant Group (CMG). Ela desembarcou no Brasil em 2017 ao comprar 90% de participação no Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP).
Na área de mineração, a chinesa Cmoc comprou os negócios brasileiros de nióbio e fosfatos da mineradora Anglo American e se tornou o segundo maior fornecedor de fosfato no Brasil e o segundo maior produtor de nióbio do mundo. Em telecomunicações, temos a China Telecom e a China Unicom. Isso para citar somente setores que possuem regulamentação governamental.
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