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 | Alexandre Mazzo/Gazeta do Povo
| Foto: Alexandre Mazzo/Gazeta do Povo

Veio de uma de suas adversárias na corrida presidencial o mais recente apoio à pré-candidata Manuela D’Ávila (PCdoB) após a série de interrupções que ela sofreu ao dar entrevista ao Roda Viva, programa da TV Cultura, na segunda-feira (25).

A ex-senadora Marina Silva (Rede) foi às redes sociais nesta quinta (28) se solidarizar com a oponente e dizer que vê o debate sobre “o direito ao respeito à fala” de Manuela “como muito saudável”. As duas são as únicas mulheres em uma disputa que tem mais de 15 homens.

Para ela, nem homem nem mulher “pode sofrer interrupção de suas falas no ato de expor suas propostas e ideias, pelo bem de uma cultura de paz e pelo bem do país.”

Grupos feministas afirmam que a representante do PCdoB, alvo de intervenções dos entrevistados ao menos 40 vezes durante a sabatina, foi alvo de machismo. O caso de Manuela foi atípico, se comparado ao de outros pré-candidatos, homens ou mulheres, sabatinados pelo programa nos últimos meses.

Marina, por exemplo, foi interrompida 3 vezes em sua mais recente ida ao Roda Viva, segundo levantamento da “Folha de S.Paulo”.

A presidenciável da Rede escreveu que o episódio envolvendo Manuela “gerou indignação em homens e mulheres pela prática do que vem sendo chamado de manterrupting na linguagem de resistência que os movimentos femininos do mundo cunharam para denunciar a persistência desses comportamentos”.

O termo em inglês, flexão de “man” (homem) e “interrupting” (interrompendo), é usado para apontar casos em que a fala de uma mulher é atravessada por declarações de um homem, geralmente com ar de superioridade.

Marina aproveitou o texto para relembrar uma crítica feita a ela por Dilma Rousseff (PT) durante a campanha presidencial de 2014, quando se enfrentavam.

“Quando fiz as mesmas reivindicações por civilidade e respeito, ouvi de minha colega Dilma Rousseff (...) que, ‘se a pessoa não quer ser pressionada, não quer ser criticada, não quer que falem dela, não dá para ser presidente da República’“, afirmou a ex-senadora.

A ex-presidente fez a afirmação, na época, ao comentar o fato de Marina ter chorado por causa de ataques do PT contra ela.

A ex-senadora se ressente ainda hoje das críticas feitas nos debates e propagandas. Novamente candidata, costuma falar que foram caluniosas e que a campanha petista inaugurou o uso de fake news em eleições.

Na postagem desta quinta, disse que atitudes rasteiras e bizarrices na relação entre os candidatos não podem se sobrepor ao debate político. Fez um apelo por um ambiente de calma, seriedade e com apresentação de propostas.

No caso de agora, do Roda Viva com Manuela, Dilma saiu em defesa da presidenciável do PCdoB. Nesta quinta-feira (28), ao confirmar sua pré-candidatura para o Senado em Minas Gerais, a ex-presidente disse que o processo de seu impeachment envolveu uma campanha misógina e machista.

“Eu não vou dar moleza para a imprensa, porque a imprensa pactuou com meu golpe. Hoje fingem que não participaram dele, mas não pensem que eu esqueci não. Eu sei a campanha misógina e machista que fizeram contra mim”, disse a petista.

“Somos todos amigos, vocês [repórteres] são. Os donos dos jornais e dos órgãos para os quais vocês trabalham não são”, afirmou.

A ex-presidente afirmou que não aceitaria “aquelas condições que impuseram” a Manuela. “E não admito que aquilo seja chamado de imprensa livre num país decente como o nosso.”

Dilma já havia reclamado do que considerou uma agressão à presidenciável do PCdoB. Na terça, em uma rede social, ela escreveu que “as grosserias [...] demonstram que a imprensa brasileira se tornou uma facção política e partidária”.

“Mas Manuela foi corajosa e firme. Saiu do programa engrandecida, como política e como mulher”, disse.

O apresentador da atração da TV Cultura, Ricardo Lessa, rechaçou qualquer acusação de preconceito. Entrevistadores também negaram qualquer atitude machista.

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