A intenção de partidos de centro de unificar as candidaturas a presidente nem bem foi formalizada e já está desarticulada. Cada um pra um lado, pensando na própria sobrevivência, em oposição ao que declaram publicamente.
Na terça-feira (5), ao lançar um manifesto em defesa da união por um só candidato da autodenominada centro e centro-direita, para se contrapor a Jair Bolsonaro (PSL) e a Ciro Gomes (PDT), a avaliação era de que Geraldo Alckmin (PSDB) seria o melhor representante do grupo. Porém, na quinta (7), já havia quem falasse em apoiar Ciro Gomes.
Candidatura de Alckmin passa por momentos difíceis; e o tucano está nervoso
Apesar de ser considerado o mais viável para unir esse grupo de centro, Alckmin vive momentos difíceis. Teve nesta semana mais resultados ruins em pesquisas de intenção de votos – no levantamento do DataPoder360, divulgado na terça (5), obteve 6% e 7% das intenções de voto, em dois cenários em que seu nome foi incluído. Participou de entrevistas e chamou Bolsonaro para o confronto. Recebeu resposta direta e irônica do adversário: "Quando ele tiver dois dígitos ele liga para mim".
Na segunda (4), pressionado por correligionários, Alckmin perdeu a paciência e cobrou apoios. Não é o Alckmin que os aliados dizem conhecer. Está nervoso, instável, deixando-se tomar pelo estresse – o que não é do feitio dele.
Abertamente, o PSDB afirma que a subida de Alckmin nas pesquisas é uma questão de tempo e será revertida após o início da propaganda de televisão. No bastidores da campanha, contudo, o clima é de apreensão, preocupação, e desânimo. O próprio ex-governador menciona o impacto da operação Lava Jato sobre o partido – um dos fatores que têm, segundo tucanos, contribuído para a baixa popularidade de Alckmin.
Ciro surge como alternativa do centro porque ele, hoje, tem mais viabilidade
A perspectiva de que o tucano não decole vem levando integrantes de outras siglas do centro a cogitar o apoio a Ciro Gomes (PDT). ). Acontece que, afinidades ideológicas à parte, ninguém quer ser da oposição do futuro governo.
E foi assim que surgiu o nome de Ciro Gomes como possibilidade de candidato desse centro que se diz unido. A ideia veio do DEM e do PP, com base tão somente em números – o candidato do PDT é o segundo colocado nas pesquisas que não incluem o ex-presidente Lula (PT), que está inelegível por ter sido condenado em segunda instância. O primeiro é Jair Bolsonaro (PSL-RJ).
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A campanha de Ciro tem preferência por alianças à esquerda. Mas está aberta aos debates. Por ordem do próprio candidato, os aliados conversam com todos que os procuram.
As convenções, em que serão oficializados os nomes dos candidatos e as alianças, vão ocorrer entre 20 de julho e 5 de agosto. Até lá, os partidos vão ter que se acertar. Mas há certo consenso de que as siglas de centro estão perdidas. E, internamente, a avaliação é de que não haverá união alguma.
Para Alckmin para contar com o apoio desse grupo, vai precisar deixar crescer nas pesquisas de opinião e convencer que está na disputa.
Metodologia da pesquisa
A pesquisa do DataPoder360 citada nesta reportagem ouviu 10.500 eleitores, por telefone, em 349 cidades de todas as regiões do país, entre 25 e 31 de maio. A margem de erro da pesquisa é de 1,8 ponto porcentual para mais ou para menos. O registro da pesquisa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é BR-09186/2018.
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