| Foto: STRAFP

Os policiais federais de Brasília e Belo Horizonte que estavam em Juiz de Fora para colher dados sobre o ataque ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), foram neste sábado para a sede da Polícia Federal em Brasília, onde a investigação vai tramitar. O notebook e os celulares encontrados na pensão onde o autor da facada, Adelio Bispo de Oliveira, estava, em Juiz de Fora, também foram levados para serem periciados. Se houver necessidade de novos depoimentos para a polícia, eles deverão ser prestados por videoconferência. A polícia já ouviu dois suspeitos e um terceiro, uma mulher que aparece num dos vídeos que registraram a agressão, foi identificado.

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Oliveira deixou Juiz de Fora nesta manhã, transferido para um presídio federal de Campo Grande (MS). A autorização foi dada pela juíza Patrícia Alencar Teixeira de Carvalho, da 2ª Vara Federal de Juiz de Fora, em audiência de custódia, nesta sexta-feira, 7.

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Uma fonte da Polícia Federal disse que a principal linha de investigação é que o pedreiro tenha agido sozinho no momento do crime, mas nenhuma possibilidade está descartada. Até agora, não foram comprovados vínculos de outros detidos durante a passeata na Praça Halfed na ação contra o candidato.

O próximo passo, segundo o policial, é "focar" em Adélio. Ou seja, ver se ele teve algum outro mentor por trás do crime, mas que tenha participado do momento da ação. Para isso, estão sendo apurados a rede de contatos do pedreiro, com quem ele se relacionou nos últimos dias, suas conversas e onde ele esteve nos últimos meses.

Anteriormente, tinha se levantado a hipótese de que dois homens, detidos por confrontos com grupos pró-Bolsonaro, teriam participado da ação. Porém, nenhum vínculo dos dois homens com Oliveira foi identificado até o momento.

Já uma mulher que aparece em um vídeo supostamente passando a faca para Adélio em vídeos replicados em grupos do Whatsapp já foi identificada pela polícia e prestará depoimento, mas também não há provas de seu envolvimento com o crime. O vídeo, segundo o policial, passará por perícia.

Os outros dois homens foram ouvidos como suspeitos pela PF e liberados logo em seguida. Um deles está internado no Hospital e Maternidade Terezinha de Jesus onde passará por uma cirurgia no início da próxima semana. Segundo uma funcionária do hospital, ele deslocou a clavícula em um dos confrontos.

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Quebra de sigilo

Uma decisão da juíza também autorizou a quebra do sigilo dos dados de quatro celulares e um notebook de última geração que foram encontrados no quarto da pensão em que estava morando Oliveira.  Uma das informações que os investigadores já levantaram sobre o histórico de Adélio Oliveira é a de que, nos últimos 15 anos, ele passou por 39 empresas distintas, com salários baixos. Isso chamou a atenção diante da apreensão dos quatro celulares e de um notebook. Todos os contatos feitos com os aparelhos eletrônicos serão monitorados em perícia, em busca de informações sobre sua rede de contatos. As autoridades de investigação ainda devem pedir a quebra de sigilo bancário. 

Quarto de pensão

Uma casa de dois andares, com grades de ferro, no centro de Juiz de Fora. Este foi o local escolhido pelo pedreiro, agressor confesso do candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL), para se hospedar no último mês na cidade. Ele mora em Montes Claros, a 677 km de distância de Juiz de Fora.

Segundo um dos donos da pensão, Oliveira chegou ao local há duas semanas e pagou adiantado por um mês de estadia. Na época, a notícia de que Bolsonaro iria visitar a cidade em setembro já circulava entre os apoiadores do candidato.

Reservado, o pedreiro pouco falou com os demais hóspedes da pensão. Pagou R$ 400 à vista, em dinheiro, e ficou em um quarto particular na pensão modesta. Há outros 14 quartos na casa, que também conta com um prédio anexo. Na padaria da esquina, ele foi visto uma única vez para comprar pão.

Logo após o crime, a Polícia Federal foi até o local e recolheu os pertences de Oliveira, inclusive celulares e um notebook. O quarto onde ele esteve está trancado desde então. Na delegacia, ele disse que cometeu o crime “a mando de Deus” e “por motivos pessoais”, os quais a maioria das pessoas não entenderia.

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Com medo de algum tipo represália, parentes do pedreiro deixaram a casa onde moram no bairro Maracanã, em Montes Claros. Vizinhos disseram que eles se transferiram para uma comunidade rural próxima, para evitar o assédio de estranhos.

Uma das sobrinhas de Oliveira teve de desativar sua conta no Facebook, depois que apareceu como sendo parente do pedreiro. O jornal Estado de Minas publicou na sexta-feira, 7, que a família estava amedrontada e sem entender os motivos para a agressão ao candidato do PSL.

“Ele era na dele, não falava muito sobre a vida. Disse que já foi morador de rua e que precisava trabalhar. Ficou comigo por uns quatro meses e depois pediu para sair”, afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo o dono de uma lanchonete em Montes Claros onde Oliveira trabalhou.

O pedreiro foi filiado ao PSOL de Uberaba de 2007 a 2014, quando pediu para sair da sigla. O PSOL considerava Oliveira um “militante de base” - expressão que, conforme o partido, significa que o filiado não participava das decisões tomadas pela legenda no município.

O PSOL disse que, por se tratar de militante sem posto na agremiação, não é possível informar de que forma ele participava da vida partidária.

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