O candidato a presidente, Jair Bolsonaro (PSL), disse que vai “entupir a cadeia de bandidos” em entrevista ao programa Pânico, da rádio Jovem Pan, nesta terça-feira (9). Defendeu que fará isso a partir do fim das audiências de custódia (procedimento que libera infratores de pequeno potencial ofensivo), das progressões de pena e “saidões” da cadeia em datas específicas.
Relatou que tem um projeto pronto prevendo que, na terceira reincidência de crime de menor potencial ofensivo, o criminoso pegue direto 10 anos de prisão. Falou que não vê problema em superlotação de presídios e que o local deve parecer o “inferno”. “Quem não quer ir pra lá é só não fazer nada de errado. Quem está lá, está por que mereceu” completou.
LEIA TAMBÉM: Ministeriáveis de Bolsonaro – veja quem são os cotados para compor governo
Perdão ao esfaqueador
Perguntado se, a exemplo do papa João Paulo II, perdoaria o homem que atentou contra sua vida em Juiz de Fora, Bolsonaro foi categórico ao responder que não. “Temos que agravar a pena desse cara. Se depender de mim, esse cara mofa na cadeia.”
Também voltou a defender a facilitação do porte de armas de fogo pelo cidadão e prometeu que, com essa ação e com a “excludente de ilicitude” para policiais que entrarem em confronto com arma de fogo, irá reduzir consideravelmente a curva de criminalidade no país.
“Um povo desarmado é um povo que é facilmente dominado”, declarou. Como exemplo, ainda usou o caso de proprietários rurais que têm suas terras invadidas pelo Movimento Sem Terra (MST), segundo o candidato, ao reagirem às ocupações, devem ter sua atitude enquadrada em legítima defesa. “Invasão de terras e invasão de propriedades, nós temos que tipificar como terrorismo”, afirmou.
LEIA TAMBÉM: Bolsonaro foi o mais votado em cinco capitais do Nordeste
Fim do ativismo radical
Ao falar sobre o movimento “EleNão”, ironizou dizendo que recebeu relatos de amigos que, na manifestação, o “cheiro de maconha era insuportável”. Segundo ele o movimento foi articulado por ativistas que vivem de dinheiro público e que sabem que essa “teta” irá secar.
Pontuou que irá por um ponto final nesse ativismo que classificou como “xiita”, que cortará verbas públicas para ONGs e que essas pessoas terão que trabalhar. “E esse pessoal que vive de ONG. Vou acabar com essa festa com o dinheiro público.”
Presença em debates
Bolsonaro explicou que sua presença em debates dependerá de autorização da equipe médica que está acompanhando sua recuperação. O candidato sofreu um ataque com faca durante um ato de campanha e deixou o Hospital Albert Einstein no dia 29 de setembro, depois de passar 23 dias internado e fazer várias cirurgias.
Entretanto, afirmou que não teme um possível debate com o candidato do PT, Fernando Haddad. “Não tem o que debater com o Haddad. Tem só que mostrar que quem vai governar é o Lula, de dentro da prisão em Curitiba”.
LEIA TAMBÉM: Quem é e o que pensa o ‘guru’ de Bolsonaro para a economia
Novos rumos para a educação
O presidenciável voltou a criticar o modelo de educação atual e disse que Haddad, quando ministro da Educação de Lula, criou o “kit gay”. “Você quer que seu filho aprenda essas práticas na escola?”, indagou. Completou relatando o espanto do povo nordestino ao ele explicar de que se trata a ideologia de gênero. “Andei muito no Nordeste e, quando fala em ideologia de gênero, o cara não sabe o que é, mas, quando explica, o pessoal fica revoltado.”
Segundo Bolsonaro, seu projeto de governo para a educação vai focar em reestruturar toda metodologia de ensino das escolas brasileiras. “Procuro um ministro da Educação, caso eu seja eleito, que tenha autoridade. Que expulse a metodologia de Paulo Freire das escolas e devolva a autoridade aos professores”.
Também comentou que deve aumentar o investimento em escolas de ensino técnico. “Eu fiz um curso técnico, quando era tenente aqui no Rio, para consertar máquina de lavar roupas e geladeira. Isso o cara aprende em um mês. E se fizer uma campanha na vizinhança, ele tira R$ 10 mil por mês. É melhor do que o cara ter um diploma em casa e estar desempregado”.
ASSISTA TAMBÉM: Bolsonaro versus Haddad: o que esperar do segundo turno
Fraude na urna eletrônica
Bolsonaro voltou a questionar a credibilidade das urnas eletrônicas, mas depois de garantir que irá vencer o pleito, prometeu aceitar o resultado das eleições. “Vamos ganhar as eleições, respeitar os resultados das eleições, mas essas dúvidas têm que ser sanadas. Do outro lado, ninguém que foi votar no Haddad relatou problemas.”
O candidato se referiu a diversos relatos de eleitores, e até mesários, sobre problemas pontuais em urnas eletrônicas em todo país. A maioria desses relatos foram propagados por redes sociais e grupos de conversa, não sendo confirmadas pelo Tribunal Superior Eleitoral
Segundo o TSE, o número de urnas eletrônicas que apresentaram problemas e foram substituídas em todo o País foi de 1.695, durante o primeiro turno. As urnas foram trocadas por outras eletrônicas que fazem parte da reserva de contingência. Com exceção do município de Três Coroas, no Rio Grande do Sul, que teve votação manual.