O Acampamento Marisa Leticia comemorou neste sábado (27) o aniversário do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele completou 73 anos na véspera do segundo turno das eleições presidenciais de 2018. Desde antes das 11h da manhã já havia militantes reunidos próximo à Superintendência da Polícia Federal, no bairro Santa Cândida, em Curitiba. É ali que Lula cumpre pena desde abril deste ano. Desde então os integrantes do acampamento têm feito diariamente manifestações de apoio ao ex-presidente. Todos os dias, eles usam megafones para dar “bom dia” e “boa tarde” a ele.
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Neste sábado o ato de comemoração do acampamento começou com música. Ao violão, os militantes entoaram “Asa Branca”, não sem antes explicar que essa é a música preferida de Lula.
Em seguida, o grupo leu uma carta de felicitações pelo aniversário dele. O texto lembrava a trajetória do ex-presidente e também falava sobre o pleito do próximo domingo (28). De acordo com a carta, o candidato do PT, Fernando Haddad, é o único que representa os ideais democráticos que regem o Brasil. As palavras destacaram, ainda, a importância do governo Lula no combate à pobreza. “Amanhã podemos ter novamente um novo futuro e o senhor é parte essencial dessa construção.”
A presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, participou do ato e afirmou que o maior presente de Lula será a saída dele da prisão. "O maior presente que vamos dar para o Lula é ganhar a eleição. E tirar o Lula daqui, aqui não é lugar de Lula, o lugar de Lula é na rua, com o povo, defendendo os direitos da população", disse. Ela contou ter visitado o ex-presidente na sexta-feira e que ouviu dele: "Vocês não desistam nunca."
À Gazeta do Povo, Gleisi contou que a comemoração deste sábado é uma repetição do que acontece todos os anos no aniversário do ex-presidente. “A gente sempre se reuniu com Lula nos seus aniversários. Ele sempre gostou muito de ter gente em volta. O Lula é muito importante não só pra nós, do PT, mas para o Brasil. Então é uma forma de dizer a ele que nós estamos aqui, que ele jamais será esquecido.”
Por volta das 13h30 o movimento começou a distribuir um bolo de 50 kg preparado para a ocasião.
Outro ponto relembrado no ato se referia às muitas visitas recebidas por Lula desde sua prisão. Além de membros do PT, já estiveram com ele no prédio da PF apoiadores das mais diversas origens. Intelectuais e autoridades nacionais e internacionais fazem parte dessa lista. Um dos mais notórios casos é o respeitado filósofo e linguista americano Noam Chomsky, que visitou Lula no último dia 20 de setembro.
Neste fim de semana outro nome mundialmente conhecido também poderia passar pelos portões da PF para ver Lula. Os advogados do ex-presidente pediram à Justiça uma autorização para que o cantor Roger Waters, ex-Pink Floyd, pudesse fazer uma visita. Waters se apresenta neste sábado em Curitiba, como parte de sua passagem pelo Brasil. Este é o último show dele no país. Em outras cidades brasileiras em que se apresentou, o cantor fez críticas duras ao fascismo, que aqui é representado, segundo ele, pelo candidato a presidente e adversário de Haddad, Jair Bolsonaro (PSL). O pedido foi negado na sexta-feira (26) pela juíza Carolina Lebbos, da 12.ª Vara Federal de Curitiba.
Comemoração
O clima no ato estava tranquilo. Os participantes dançaram e cantaram ao som de músicas historicamente ligadas à resistência à ditadura civil-militar. Entre elas estavam obras como “Apesar de você”, “Como nossos pais” e “O bêbado e o equilibrista”. Houve ainda a declamação de poemas. Representantes de movimentos de esquerda de vários países da América Latina também avolumaram a celebração, inclusive entoando gritos e músicas em espanhol. “Te queremos, Lula, te queremos” foi uma das frases mais repetidas por eles.
Bandeiras da Argentina, México e Paraguai, entre outras, se somaram às do Brasil, Movimento dos Sem Terra (MST) e Central Única dos Trabalhadores (CUT), da comunidade LGBTI e às faixas de “Lula livre”. De acordo com João Pedro Stédile, militante da Frente Brasil Popular, tratavam-se de estudantes que estão fazendo um curso em São Paulo e decidiram vir conhecer o acampamento e a Vigília Lula Livre. Para ele, a participação de pessoas de outras nações da América Latina nesse movimento é fundamental. “Os problemas que os povos da América Latina sofremos, nós não vamos conseguir resolver isoladamente, país por país. Só vamos resolvê-los com integração. E, por outro lado, é importante porque só uma grande campanha internacional e uma grande pressão de massas consegue tirar o Lula daí.”
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Protesto
O tom dos discursos subia, no entanto, quando os militantes mencionavam o processo judicial que condenou o ex-presidente e a disputa eleitoral travada por Haddad este ano. O escândalo da compra de disparos de mensagens via Whatsapp pelos apoiadores do candidato do PSL não foi deixado de lado. Também não foram esquecidas as ações da Justiça Eleitoral e de forças policiais contra manifestações em universidades públicas.
Neste sábado a ministra Carmen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu uma liminar suspendendo essas ações e classificando toda forma de autoritarismo como “iníqua”. “Os atos que não se compatibilizem com os princípios democráticos e não garantam, antes restrinjam o direito de livremente expressar pensamentos e divulgar ideias são insubsistentes juridicamente por conterem vício de inconstitucionalidade”, diz a liminar.
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