Militantes fazem vigília pró-Bolsonaro na frente do hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde ele está internado.| Foto: MIGUEL SCHINCARIOL/AFP

Impossibilitado de fazer atos públicos de campanha após ter sido atingido por uma facada na quinta-feira (6), o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) deve usar as redes sociais para se dirigir a seus eleitores nos próximos 30 dias que antecedem as eleições.

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Menos de 24 horas depois de ter sofrido o atentado, ele recorreu à internet para tranquilizar seguidores: “Estou bem e me recuperando!”, escreveu. “Agradeço do fundo do meu coração a Deus, minha esposa e filhos, que estão ao meu lado, aos médicos que cuidam de mim e que são essenciais para que eu pudesse continuar com vocês aqui na Terra, e a todos pelo apoio e orações!”

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Com grande número de seguidores, que ultrapassam 1 milhão, em questão de segundos as postagens receberam centenas de replicações e respostas.

Como a internação pode durar pelo menos dez dias, outros assumirão a dianteira nos atos de rua. Já foram escalados para a função dois de seus filhos, o candidato ao Senado Flavio Bolsonaro (PSL-RJ) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que disputa reeleição. O vice da chapa, general Hamilton Mourão (PRTB), também deve assumir algumas das agendas.

Flavio vai se encontrar neste sábado (8) com Bolsonaro para traçar as novas linhas da campanha. Na sexta (7), ele admitiu que o pai está fora da campanha nas ruas. “É inevitável. Ele não vai mais poder fazer campanha em rua. Vamos ver como funciona. [...] Ele vai fazer a campanha usando os canais dele de redes sociais, que são o forte dele, dando os recados”, declarou.

Atentado prejudicou intensificação dos atos nas ruas 

O ataque sofrido pelo candidato coincidiu com um momento em que a organização da campanha pretendia intensificar os atos nas ruas.

Embora lidere pesquisas de intenção de votos, ele perde para quase todos adversários em simulações de segundo turno, exceto Fernando Haddad (PT), com quem aparece tecnicamente empatado.

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Diante disso, aliados haviam decidido intensificar as ações de campanha nos maiores colégios eleitorais, em especial estados do Sudeste e do Nordeste, e incluir agendas públicas nos domingos e nas segundas-feiras, dias que o candidato tirava para descansar ou para se preparar para entrevistas e debates.

Bolsonaro havia se comprometido a ir pela primeira vez ao Nordeste desde que foi oficializado candidato. Começaria na terça-feira (11) em Recife (PE), passaria por Maceió (AL) e encerraria em Salvador (BA), na quinta-feira (13).

Além de comícios, caminhadas e visitas, a campanha terá de decidir sobre a participação do candidato em entrevistas e debates.

A escolha de um único representante ou de múltiplos deve enfrentar nova disputa interna de poder. O PRTB se apressou em soltar uma nota na tarde de sexta (7) para dizer que a tendência era que Mourão assumisse os compromissos de Bolsonaro. Ao pousar no Rio, o vice amenizou o tom e disse que ainda teria conversas em São Paulo e em Brasília.

O deputado Major Olímpio (PSL), coordenador de campanha em São Paulo, confirma a ideia de convocar os quadros para atuarem nas ruas.

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“Tenho uma agenda muito grande de eventos de rua, vou pedir aos deputados, às executivas, ao PRTB [que façam o mesmo]. Aliás, neste momento não, mais para a frente. Agora é 100% a saúde dele a preocupação”, disse.

Uma ala de apoiadores formada por militares defende que Mourão assuma alguns dos compromissos do candidato. Esse grupo pode sofrer resistência de um núcleo mais político, ligado ao presidente do PSL, Gustavo Bebianno, que vinha comandando as ações de campanha.

Mourão pediu calma. “Eu acho que as primeiras declarações são sempre feitas na base da emoção e aí as pessoas acabam dizendo coisas que não deveriam dizer. Existe um velho ditado: as palavras quando elas saem da boca elas não voltam mais. Essa é uma realidade.”

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]