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| Foto: Evaristo Sa/AFP

O candidato à Presidência da República pelo PSL, Jair Bolsonaro, não poderá fazer caminhadas, participar de comícios, ser carregado por eleitores, exercitar-se e participar de demais atividades que lhe exijam esforço físico nos próximos 30, 40 dias, pelo menos. É o que dizem especialistas em aparelho digestivo consultados pela Gazeta do Povo. 

Informações do Hospital Albert Einstein, onde o deputado está internado, dão conta de que ele só deve receber alta no início da semana que vem. A reportagem conversou com dois médicos com acesso à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) onde se encontra o presidenciável e que, também, mantém contato constante com os especialistas que têm atendido o deputado. 

Segundo as fontes, o maior cuidado, no momento, é para que não haja nenhuma complicação na cirurgia pela qual o presidenciável passou na última quinta (6), na Santa Casa de Juiz de Fora, após ser atingido por uma faca enquanto participava de uma passeata de campanha. 

Bolsonaro, contudo, "tem saúde boa, é forte, se exercita, se alimenta bem, tem possibilidades de uma pronta recuperação". "Ele já está caminhando, não sente tantas dores, não tem quadro infeccioso. O quadro é excelente", afirmou um dos médicos que conversaram com a reportagem sob condição de anonimato. 

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Para o cirurgião do aparelho digestivo do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná Antonio Carlos Rosa de Sena, Bolsonaro ainda está em um período crítico. "Como o ferimento provocou contato de fezes com sangue, ainda há risco de manifestação de alguma infecção até o sétimo dia após o acontecido. É preciso monitorar". 

Além disso, os médicos estão atentos à evolução da cirurgia. Os especialistas que acompanham Bolsonaro no Einstein avaliam que ele tem reagido bem e o quadro é estável. "O paciente não apresenta febre ou outros sinais de infecção e permanece em tratamento clínico intensivo. Mantém jejum oral, recebendo nutrientes por via endovenosa", destaca boletim médico divulgado na noite desta segunda-feira (10). 

"Ele teve dois tipos de lesão no intestino. No fino, foram suturadas. Isso faz com que o intestino tenha dificuldades de voltar a funcionar. Mas além disso, pode não cicatrizar bem, tem o risco de romper e fazer vazar para dentro do abdômen. Se isso acontecer, e ainda pode acontecer, significa um internamento mais prolongado, tipo de alimentação especial, às vezes até uma reoperação", explicou Sena. 

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O presidente da Santa Casa de Juiz de Fora, Renato Villela Loures, destacou o sucesso da cirurgia e a confiança dele e da equipe que atendeu o presidenciável de uma recuperação tranquila. "A cirurgia correu muitíssimo bem e, da forma como as coisas ocorreram aqui, acreditamos que ele tem total condições de se recuperar sem nenhuma complicação", disse Loures. 

Em casa

O cirurgião do aparelho digestivo Antonio Brenner, professor em cirurgia da Universidade Federal do Paraná, explicou que o candidato do PSL precisará ter vários cuidados em sua recuperação após receber alta. 

"São várias orientações com a própria cicatriz, que é grande. Curativos e manejo com a bolsa da colostomia. Tem que trocar todo o aparato. Há enfermeiros especializados nisso. A adaptação costuma ser tranquila. Mas, em casa, ele pode caminhar, subir escada, tudo com cuidado, mas é até orientado que o paciente ande para estimular o intestino. Ele só não pode se esforçar. E, aí, provavelmente, ir pra rua e participar de atos de campanha, acho difícil", explicou. 

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Para Brenner, porém, nada que lhe impeça de realizar atos mais simples, como participar de debates. Até o primeiro turno, ainda haverá pelo menos cinco debates com presidenciáveis (Poder 360, TV Aparecida, SBT, Record, Globo). A campanha de Bolsonaro não informou, até o momento, se ele estará presente nas ocasiões. Mas, para os médicos ouvidos pela Gazeta, o candidato até poderá participar. Ao menos nas condições atuais. 

Líder em todas as pesquisas de opinião até o momento, o deputado do PSL é dado quase como certeza no segundo turno. Nas três semanas que, se esse cenário se confirmar, terá para fazer campanha, possivelmente precisará continuar a se poupar. 

"Ele tem uma bolsa se colostomia. Não é algo com o que não se adapte. Mas também não pode ficar oito, dez horas na rua. Limita um pouco", afirmou o cirurgião Antonio Brenner. Além disso, os cuidados com pontos ainda se farão necessários. 

Nesse caso, aliados de Bolsonaro afirmam que ele não deixará de ir para a rua. Mas deve optar por ficar em cima de carros de som. Vai apostar ainda nas redes sociais, que já são o seu forte. Além de, claro, poder dar entrevistas, realizar conversas, receber pessoas onde estiver. Sempre lembrando de não fazer esforço físico em excesso.

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