| Foto: MAURO PIMENTEL/AFP

O favoritismo do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) criou uma corrida de apoios a ele no segundo turno das disputas estaduais e vem deixando o eleitorado favorável a Fernando Haddad (PT) sem opção nos estados.

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No Rio Grande do Sul, onde Bolsonaro fez 52,6% dos votos válidos no primeiro turno, o atual governador, José Ivo Sartori (MDB), que tenta a reeleição, se apressou em declarar voto no capitão reformado logo no dia seguinte à votação e batizou sua estratégia de voto “Sartonaro”.

Para não ficar atrás, o candidato mais votado ao governo estadual, o tucano Eduardo Leite, gravou vídeo de declaração de voto no PSL dias depois, embora tenha manifestado discordância em relação a declarações do presidenciável contra “a existência pacífica de outros seres humanos”.

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Seu partido, o PSDB, foi quem mais atacou Bolsonaro no horário eleitoral ao longo do primeiro turno da eleição presidencial, na qual o tucano Geraldo Alckmin acabou apenas em quarto lugar.

Se antes Leite e Sartori demonstravam estilos mais conciliadores, agora os dois falam de bandeiras bolsonaristas, como o endurecimento de leis penais. 

O atual governador discursou numa manifestação a favor de Bolsonaro no último domingo (21), e ganhou o apoio do vice do presidenciável, o gaúcho Hamilton Mourão (PRTB), que tem feito campanha de rua com a chapa do emedebista.

Já o tucano chegou a questionar em debate a militância comunista de Sartori na juventude -ele começou sua carreira política na oposição ao regime militar e está no MDB há mais de 40 anos. 

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O apoio mútuo a Bolsonaro se repete em Santa Catarina, onde ele teve a maior votação proporcional do país. Lá, o candidato Gelson Merisio (PSD), cujo partido foi coligado a Alckmin, declarou apoio ao capitão reformado ainda no primeiro turno -segundo ele, “por uma questão de coerência com o que deseja Santa Catarina”. O presidenciável fez 65,8% dos votos no estado no último dia 7.

Filiado ao PSL e apresentado como “o governador de Bolsonaro”, o adversário Comandante Moisés reagiu, criticando aqueles que “buscam surfar na onda”, e se posicionou como “o único candidato” do presidenciável.

Merisio continua a defender voto no pesselista: “Eu não pedi nada em troca. Quero ser governador pelos meus méritos, e não voar nos ombros de alguém”, alfinetou.

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A preferência por Bolsonaro também é unânime no segundo turno em Rondônia, onde concorrem o Coronel Marcos Rocha (PSL) e Expedito Júnior (PSDB).

O tucano usou seu primeiro ato de campanha no segundo turno para declarar apoio a Bolsonaro, que fez 62% dos votos no estado, e disse que passaria a oferecer palanque ao presidenciável e “assumir a campanha de Bolsonaro em Rondônia”.

A Justiça Eleitoral, porém, o proibiu de fazer a referência ou usar a imagem do presidenciável em sua campanha, a pedido do PSL, dizendo que havia “manifesto oportunismo em tentar amealhar votos daqueles que simpatizam com uma candidatura que está em destaque nacional”.

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No Amazonas, onde Bolsonaro também foi o mais votado no primeiro turno, ele tem outro palanque duplo. 

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Disputam o segundo turno no estado o ex-apresentador de TV Wilson Lima (PSC) e o atual governador Amazonino Mendes, do PDT, candidato à reeleição. O pedetista declarou apoio logo após o primeiro turno, e citou como argumento até o vínculo militar com a proteção da Amazônia.

O PDT, do presidenciável derrotado Ciro Gomes, tem sido um dos principais opositores da candidatura à Presidência do PSL.  

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Outros dois pedetistas que aderiram a Bolsonaro são Carlos Eduardo Alves, que disputa o segundo turno no Rio Grande do Norte com a petista Fátima Bezerra, e Odilon de Oliveira, concorrente em Mato Grosso do Sul.

Oliveira, juiz federal aposentado, atribuiu sua decisão a “princípios morais e éticos”. Ele concorre contra o atual governador Reinaldo Azambuja (PSDB), que já havia recebido o apoio do presidenciável.

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Adesivos apócrifos em verde e amarelo, com os nomes de Bolsonaro e Odilon, têm sido distribuídos em Campo Grande. O juiz aposentado chegou a viajar ao Rio de Janeiro na tentativa de se encontrar com o presidenciável, e divulgou uma foto em frente à sua casa, na Barra da Tijuca -mas nenhuma ao lado de Bolsonaro.

O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, diz que só depois da eleição o partido vai discutir uma reação a esses posicionamentos individuais. “Não vamos sangrar agora”, diz ele. 

Em outros estados onde Bolsonaro não tem palanque duplo, ele tem se beneficiado também da neutralidade de um dos candidatos locais. No Rio, Eduardo Paes (DEM) tem evitado criticar o presidenciável do PSL, que recebe respaldo do candidato a governador mais votado no primeiro turno, Wilson Witzel (PSC).