| Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação

Líder em todas as pesquisas de opinião para Presidência da República em 2018, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda é uma incerteza na disputa. O petista pode acabar caindo na Lei da Ficha Limpa se o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) concordar ou aumentar a pena imposta em primeira instância ao petista pelo juiz Sergio Moro na Lava Jato. Para os demais candidatos, porém, o melhor cenário é o que tem Lula na disputa presidencial no ano que vem.

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A última pesquisa* realizada pelo Instituto Paraná Pesquisas mostra que o cenário pouco muda sem o ex-presidente na disputa. O segundo colocado nas pesquisas, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC), cresce menos de 1% na disputa sem o petista. Outro forte candidato, o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), cresce 2% sem Lula disputando o Palácio do Planalto.

Para o cientista político Marcio Coimbra, há duas situações que precisam ser analisadas caso o ex-presidente fique de fora da disputa eleitoral no ano que vem. A primeira é Lula inelegível por decisão da Justiça e a segunda é Lula preso depois de uma condenação em segunda instância.

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O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu recentemente que as penas devem começar a ser cumpridas a partir de julgamento em segunda instância, o que no caso de Lula seria o julgamento no TRF-4. O presidente da Corte já adiantou que a expectativa é julgar o caso dele antes das eleições.

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“O Lula preso é muito melhor que o Lula inelegível”, diz Coimbra. “Inelegível ele vai usar a tese da perseguição, do golpe e de que forças ocultas tiraram ele do pleito. Ele pode cacifar alguém para chegar ao segundo turno. O Lula preso faria menos estrago”, analisa.

O levantamento do Paraná Pesquisas mostrou que Lula tem 26,6% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro aparece com 18,5% e Doria com 11,5%. Sem o petista, Bolsonaro ocupa o primeiro lugar na disputa, mas com um aumento quase insignificante nas intenções de voto: o deputado salta para 19,6%. Nesse caso, Doria perde o segundo lugar para Marina Silva (Rede), que passa de 9,7% das intenções de voto no cenário com Lula para 15,4% no cenário sem o petista. O prefeito de São Paulo fica em segundo lugar na pesquisa com Lula, com 11,5%, e em terceiro sem o ex-presidente, com 13,5%.

A maior parte do eleitorado que declara voto em Lula migra para a pré-candidata Marina Silva se o ex-presidente não estiver na disputa. É o caso de 21,5% dos eleitores. Bolsonaro herdaria 4,5% dos votos que seriam de Lula e Doria, 7,5%.

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Segundo Coimbra, no caso de Bolsonaro, é melhor que Lula seja candidato. “Quanto mais ele antagoniza com o Lula, mais ele cresce. É melhor ele ter esse oposto para poder crescer”, analisa. Segundo o cientista político, sem Lula, tanto Doria quanto Bolsonaro devem tentar um antagonismo com o PT, que perde força.

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Melhor perder nas urnas

Para Coimbra, independentemente de quais candidatos seriam beneficiados por uma eventual inelegibilidade de Lula em 2018, o melhor para apaziguar a crise política no país seria que o ex-presidente pudesse concorrer no ano que vem. “Para a democracia é sempre melhor o embate nas urnas do que no Judiciário”, diz.

O cientista político afirma, ainda, que caso fique inelegível, o ex-presidente saberá explorar bem a situação e pode ajudar na campanha de outro nome do PT. “Tornar Lula inelegível sem prendê-lo embola o jogo eleitoral”, conclui.

João Doria parece concordar com a análise de Coimbra. Em entrevista à revista Época, o tucano disse achar melhor que o ex-presidente possa concorrer em 2018. E afirmou que prender Lula não seria uma boa alternativa para o país.

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“Isso não deveria acontecer. Prender Lula durante o processo eleitoral pode ter um custo muito alto para o Brasil. Seria preferível que esse julgamento final pudesse vir depois das eleições. É melhor ter Lula derrotado pelo voto do que derrotado pela prisão. Ele vai proclamar que é vítima”, disse o prefeito.

Doria afirmou na entrevista que, mesmo liderando as pesquisas de intenção de voto, Lula vai perder as eleições se concorrer.

Ameaça

Lula já demonstrou que, mesmo inelegível, não deve ficar de fora das eleições no ano que vem.Em evento no início do mês, o ex-presidente desafiou seus acusadores a ver o que acontecerá no país se o impedirem de ser candidato ao Palácio do Planalto em 2018.

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“Eles agem todo santo dia para me tirar da disputa. Obviamente que eles podem. Juntam meia dúzia de juiz e votam. Não me deixam ser candidato e pronto. Se eles acham que, me tirando da disputa, está resolvido o problema deles, façam e vamos ver o que acontece no país. Se acham que não vou ter força para ser cabo eleitoral, testem”, afirmou o petista.

* A pesquisa foi realizada entre os dias 18 e 22 de setembro de 2017 e ouviu 2.040 eleitores de todo o país. A margem de erro é de 2% para mais ou para menos e o grau de confiança atinge 95%.