O petista Fernando Haddad se encontrou com Ciro Gomes, pré-candidato à Presidência pelo PDT, no último fim de semana, para debater o cenário eleitoral. Já o tucano Geraldo Alckmin tenta se reaproximar do MDB, de olho no ex-ministro Henrique Meirelles como vice-presidente na chapa do PSDB. Faltando menos de quatro meses para o fim do prazo para registro de candidaturas, as conversas de bastidores para formação de alianças para as eleições deste ano correm a todo vapor.
É a partir dessas negociações que um cenário mais realista da disputa começará a ser delineado. Hoje existem pelo menos 22 pré-candidaturas ao Palácio do Planalto – um exagero. É difícil acreditar que todas se manterão até 15 de agosto, o prazo derradeiro para registro das chapas na Justiça Eleitoral.
Para o consultor político Creomar de Souza, professor da Universidade Católica de Brasília, a tendência daqui para frente é que a quantidade de postulantes ao cargo de Michel Temer se reduza, privilegiando a formação de coligações para dar mais musculatura a pré-candidatos que estão melhor posicionados nas pesquisas de intenção de voto.
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“Um Rodrigo Maia (DEM) da vida não tem chances de vencer uma disputa presidencial, e sabe disso. É um cara que lança uma pré-candidatura para testar sua amplitude, sua capacidade de votos, e depois concorre ao Senado, por exemplo”, analisa o professor.
O encontro de Haddad com Ciro Gomes é um exemplo da delicada costura política que se tenta fazer desde já. A conversa foi autorizada pelo ex-presidente Lula que, preso desde 7 de abril, confiou ao ex-prefeito de São Paulo a missão de sondar possíveis aliados para a chapa petista.
Apesar de manter Lula como candidato à Presidência, o partido internamente admite a inviabilidade jurídica de sua candidatura. Não por estar preso, mas porque a condenação dele em segunda instância na Lava Jato o tornou “ficha suja”. Lideranças petistas procuram um nome para substituir o ex-presidente e Haddad é um dos mais cotados.
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No encontro, Haddad chegou a sugerir compor uma chapa com Ciro, com o PT na vice. Mas isso é rechaçado pela liderança nacional petista. De qualquer forma, a reunião serviu, como tantas outras que virão, para sondar o terreno.
Outras conversas tem ocorrido com as mais diversas siglas. Inclusive com o PSB, que pretende lançar na disputa o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa. Lula tem avaliado negativamente para o PT a candidatura do juiz do mensalão. E designou líderes do partido na Câmara para conversar com lideranças do PSB.
O mesmo movimento de sondagens ocorre no MDB de Michel Temer. O presidente ainda não bateu o martelo sobre disputar a reeleição. Há também a possibilidade da candidatura do ex-ministro Henrique Meirelles. Nesse cenário ainda indefinido, Temer autorizou emissários a buscarem uma reaproximação com o PSDB, que foi o principal aliado do governo após o impeachment de Dilma Rousseff.
O problema é que os tucanos não abrem mão de ser cabeça de chapa e a tendência é que Geraldo Alckmin ocupe esse lugar. Uma possível aliança com emedebistas pode ser no sentido de dar a eles a vaga de vice. Outra frente de negociações ocorre com o DEM. Apesar de Rodrigo Maia ter lançado sua pré-candidatura, a avaliação é de que a legenda tende a apoiar os tucanos, com Maia disputando o Senado.
As convenções partidárias, quando os partidos confirmam seus candidatos, ocorrem só em julho. Até lá, várias conversas ocorrerão. E o leque de possibilidades tende a abrir e fechar muitas vezes até o cenário estar, de fato, traçado.
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