A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, admitiu nesta segunda-feira (15) que a campanha de Fernando Haddad, candidato à Presidência, deve fazer flexibilizações no programa de governo com o objetivo de atrair partidos para o que estão chamando de Frente Ampla Pela Democracia, grupo composto por partidos como o PT, PSB, PCdoB, PSOL, PCB e PROS.
Gleisi afirmou que é natural que haja “falhas” no PT, mas que seu partido não pode “pedir desculpas” por ter chegado ao segundo turno contra Jair Bolsonaro (PSL). “Quando a gente faz uma aliança, a gente já abre para fazer discussões programáticas. Se você não tiver nenhuma intenção de fazer flexibilização, você não faz aliança, você disputa a eleição sozinho”, disse.
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“É possível (formar uma frente suprapartidária) diante do quadro que estamos vivendo. Não dá para o PT pedir desculpas porque chegou ao segundo turno. Nós temos uma base social, o PT tem 30% dos votos deste país, isso é muito significativo. É uma força social. Pode ter críticas ao PT, é natural que tenha, somos uma organização humana, com todas as nossas falhas e com todos os avanços que tivemos”, complementou.
Lembrando que a cúpula petista já cedeu ao retirar do plano de governo a proposta de convocação de uma assembleia nacional para revisão da Constituição, um integrante do comando da campanha recomenda a definição de dez pontos de convergência para elaboração de um programa comum, excluindo propostas polêmicas com difícil aprovação no Congresso – como exemplo, a retirada da taxação de grandes fortunas.
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Um dos autores do plano de governo, o próprio Haddad afirmou, nesta segunda, que pretende “alargar o quanto puder” a frente de apoio a sua candidatura, “sobretudo com Ciro Gomes, que é um democrata, mas também com setores de outros partidos que lutaram pela redemocratização”. O PDT, que declarou apoio crítico a Haddad , não mandou representantes ao encontro que lançou a frente ampla.
Coordenador da campanha de Haddad, o ex-governador Jaques Wagner afirma que “Fernando tem consciência que para ultrapassar este momento, ele tem que apontar para um governo amplo”. Repetindo a expressão “guarda-chuva” sob o qual estaria abrigada uma frente democrática, Wagner diz que a linha de corte para essa coalizão não tem que ser programática.
A ideia da Frente Ampla é buscar outros partidos, mesmo que à direita, para integrem uma ação conjunta contra a candidatura de Bolsonaro. A Frente pretende atrair também artistas, intelectuais e movimentos da sociedade civil. Líderes dos partidos disseram que já estão procurando quadros de outras legendas, inclusive MDB e PSDB, mas não quiseram citar nomes.
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Gleisi disse contar com todos que foram signatários da Constituição de 1988, “ou seja, a maioria dos partidos que está no Congresso Nacional, inclusive os partidos de centro-direita e que têm respeito à institucionalidade e à democracia”.
O presidente do PSOL, Juliano Medeiros, disse que há divergências entre os partidos da frente e o PT, mas o atual momento do país exige unidade. “Preservando nossas divergências, não estamos exigindo nenhum tipo de autocrítica. Nosso objetivo aqui é colaborar com o fortalecimento desta frente”, afirmou.
PDT ausente
Os presidentes dos seis partidos minimizaram a ausência do PDT na reunião desta segunda-feira. O presidente da sigla, Carlos Lupi, estava em São Paulo, onde participou de um ato para formalizar apoio do PDT à candidatura de Márcio França (PSB) ao governo paulista.
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O presidenciável do PDT, Ciro Gomes, eliminado no primeiro turno, viajou para a Europa, deixando claro que não se envolveria na campanha petista. Gleisi afirmou que Ciro retorna ao Brasil até o fim desta semana e será procurado por Haddad.
“Eles têm consciência do que está em jogo, então, acredito que nós vamos tê-los em breve no processo cotidiano da eleição. Nós temos que respeitar o tempo das pessoas. Tem um tempo pós-eleitoral. Eu acho que ele está procurando refletir, se recompor, mas eu não tenho dúvidas da caminhada democrática do Ciro Gomes e do lado que vai estar na história”, disse a presidente do PT.
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O presidente do PSB, Carlos Siqueira, também disse acreditar que terá apoio mais efetivo do PDT. Ele confirmou que o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa está contra a candidatura de Bolsonaro, mas não soube dizer o nível de apoio dele à de Haddad. O ex-ministro e Haddad reuniram-se em Brasília na semana passada.
O encontro desta segunda serviu também para que os partidos de esquerda subissem o tom contra Bolsonaro. “Vemos uma campanha que acentuou a agressividade. É um candidato que não aparece em debate. É uma farsa. Queremos que ele se apresente para o debate. Não fuja”, disse a presidente do PC do B, Luciana Santos (PE).
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