Ex-deputado federal, ex-governador da Bahia, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, e ex-chefe pessoal da Presidência da República. O capital político de Jaques Wagner, construído ao longo de 67 anos de vida, fala por si só, credenciando-o como favorito a substituir Lula como candidato do PT ao Palácio do Planalto. O próprio ex-presidente já teria confidenciado a pessoas mais próximas a sua preferência pelo político baiano, no caso de ser impedido de concorrer, em detrimento do nome do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, de 55 anos.
Wagner é considerado o "mais capacitado" no cenário turvo que o PT enfrenta no pleito deste ano. "Saber o que dizer e como dizer é uma coisa que só vem com o tempo. O Haddad é ótimo e deve até ser candidato, mas não tem o preparo do Jaques", afirmou um dirigente da legenda.
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Mas existe um problema: Wagner não deseja aceitar essa missão. Semana passada, em uma das visitas do ex-governador na sede da Polícia Federal, em Curitiba, o ex-presidente ouviu um claro e sonoro “não” de Wagner.
O político baiano até gostaria de ser presidente. Em meio ao impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, ele colocava-se como um nome que poderia assumir a dianteira de uma campanha petista neste ano. Mas agora não quer mais essa vaga. Prefere investir em uma candidatura ao Senado pela Bahia. Pesquisas feitas no estado mostram o ex-governador vitorioso em todos os cenários apresentados. Com mais chances de ser eleito senador do que presidente, Wagner não quer se arriscar trocando o certo pelo duvidoso.
O assunto plano B na corrida presidencial ainda é tabu no Partido dos Trabalhadores, principalmente depois que Lula voltou a ganhar os holofotes na última semana. Primeiro, ele por pouco não foi solto pela Justiça, graças a um habeas corpus que foi posteriormente cassado. Segundo, foi absolvido no processo por obstrução à Lava Jato que corria no Distrito Federal.
Os dois episódios deram novo fôlego ao discurso do PT de levar até as últimas consequências a candidatura Lula e registrá-la no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no dia 15 de agosto, conforme determina o calendário eleitoral.
O que mudou?
Eleito ao Senado, Jaques Wagner teria garantido, por oito anos, imunidade parlamentar. Embora o Supremo Tribunal Federal (STF) tenha decidido que só cabe foro privilegiado em casos de crimes cometidos durante o exercício do mandato, o petista sabe dos benefícios de ter um cargo político em detrimento de se manter somente às sombras do partido. E conta com isso.
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O ex-governador petista lida com problemas na Justiça. Em fevereiro, ele foi alvo de uma operação da Polícia Federal que investiga superfaturamento em contratos para a reforma da Arena Fonte Nova, em Salvador.
A acusação é de que ele tenha recebido R$ 82 milhões em propina e doações eleitorais da Odebrecht e da OAS, que formaram o consórcio responsável pela obra, em troca de apoio ao PT na campanha de 2014, quando ele era o chefe do Executivo na Bahia.
A PF realizou buscas e apreensões em vários endereços da capital baiana e, entre os objetos levados, apreenderam documentos, computadores e também 15 relógios de Wagner.
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Um pedido de prisão chegou a ser expedido contra o ex-governador, mas o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) negou a solicitação. Wagner foi indiciado e aguarda o momento de se defender no processo. Ele nega qualquer envolvimento em irregularidades.
Trabalho de convencimento
Claro que o martelo ainda não foi batido. Lula pode acabar convencendo Wagner a tomar a campanha presidencial para si até o momento final da definição. Pelas regras da Justiça Eleitoral, a substituição da candidatura pode ocorrer até 20 dias antes do pleito, ou seja, meados de setembro.
Enquanto isso, Fernando Haddad já tomou a frente de conversas, negociações e tenta se viabilizar internamente. Com um desempenho mal avaliado na prefeitura de São Paulo, único cargo elegível que teve até hoje, enfrenta resistências. Em um PT abatido e desgastado por sucessivos acontecimentos nos últimos anos, não restam muitas opções, contudo.
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