O senador Renan, o ex-presidente Lula e o governador de Alagoas Renan Filho: o “golpista” que votou a favor do impeachment de Dilma agora é aliado do petista.| Foto: Ricardo Stuckert/PT divulgação

A um ano das eleições, o PT ensaia uma redução na intensidade do discurso de que a ex-presidente Dilma Rousseff foi vítima de um golpe. E o motivo é bem pragmático. O partido quer se aliar em 2018 com siglas que apoiaram a deposição da petista, inclusive com o PMDB do presidente Michel Temer. Lula já tem o novo bordão para justificar a mudança de postura: é hora de perdoar os golpistas.

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“Toda as vezes em que a direita nesse país resolveu usurpar o poder, a primeira coisa que fez foi destruir moralmente seus adversários. Foi assim com Getúlio [Vargas], depois com Juscelino Kubitschek, depois com Jango [João Goulart]”, disse Lula na segunda-feira (30), em Belo Horizonte (MG). “Sou mais paciente que Getúlio e João Goulart e talvez mais que JK, que tentaram tirar três vezes e ele sempre perdoou. Estou perdoando os golpistas deste país.”

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Lula já havia se reaproximado em setembro do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que votou a favor do impeachment de Dilma em 2016. Na caravana pelo Nordeste, o ex-presidente trocou afagos com Renan e com o filho do senador, o governador Renan Filho (PMDB). Os dois têm a ganhar com a possível aliança. Lula ganha um palanque em Alagoas. E o senador, que busca a reeleição, se desvincula de Temer e liga sua imagem a Lula – que é popular entre os nordestinos.

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Petistas já admitem rever proibição de alianças com partidos “golpistas”

Presidente do PT no estado de São Paulo, o ex-ministro Luiz Marinho afirmou , em entrevista publicada nesta sexta-feira (3) pelo jornal O Estado de S. Paulo, que o partido tem de rever, para 2018, a proibição de alianças com os partidos que apoiaram o impeachment de Dilma.

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“Veja, nós temos que recuperar bases. A maioria do povo também apoiou o impeachment e nós queremos recuperar a maioria do povo”, disse Marinho. “Não vejo a necessidade de um grande arco de alianças para a candidatura do Lula [a presidente]. Vamos precisar de uma grande aliança para governar, no Congresso. Mas isso pode se dar no processo eleitoral ou pós-eleições. Agora vamos analisar no sentido de ganhar a eleição. Depois se tomam providências sobre composição da base no Congresso.”

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Questionado sobre a reaproximação do PT com peemedebistas, Marinho afirmou: “O PMDB nunca foi um partido nacional, sempre foi uma federação de caciques nos estados. Então vai depender do posicionamento do partido em cada estado. Mas não enxergo qualquer possibilidade de aliança com o PMDB em São Paulo porque o Michel Temer é de São Paulo. Agora, em alguns estados, eventualmente pode acontecer [a aliança]”. Marinho ainda afirmou que não vai ser um “liberou geral”. “Mas o PT deve permitir aliança com partidos que apoiaram o golpe.”

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Para o PMDB, está tudo bem: que venha o PT

Presidente nacional do PMDB, o senador Romero Jucá (RR) disse que as alianças regionais poderão ser feitas com qualquer legenda. “Não há nenhum tipo de proibição”, afirmou. “Cada estado tem uma realidade diferente.” Jucá votou a favor do impeachment, foi ministro de Temer e hoje é é líder do governo no Senado.

Presidente do Senado e tesoureiro do PMDB, Eunício Oliveira (CE) também votou votou a favor da cassação de Dilma. Mas ele próprio é um dos que devem se aliar a uma chapa petista para tentar se reeleger. O peemedebista deve fechar aliança com o governador Camilo Santana (PT) no Ceará. “O PMDB é plural”, disse Eunício. “Não tem essa história de não poder fazer aliança com A ou com B.”

Além do Ceará, há negociações entre PMDB e PT em estados como Minas Gerais, Paraná, Alagoas, Piauí, Sergipe, Tocantins e Goiás.

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